Um dos editores do jornal literário “Rascunho”, Luís Henrique Pellanda, me envia uma mensagem cordial para defender a publicação – sem a menor pinta, digamos, internética – do folhetim de Fernando Monteiro, que critiquei na nota abaixo. “O projeto que nos foi apresentado pelo Fernando não era o de um romance online, mas o de um folhetim a ser publicado em papel”, explica Pellanda. “A publicação do material no site do jornal é uma conseqüência do que é publicado mensalmente no ‘Rascunho’, e serve como registro e consulta aos leitores que perderam capítulos anteriores. Ou seja, o Fernando não buscava desenvolver, para este projeto, uma linguagem específica para a sua publicação na internet.”
Muito bem. Imaginei mesmo que fosse o caso, sendo o “Rascunho” eletrônico um mero espelho do jornal de papel, mas vale usar o clichezão – caiu na rede, é peixe. A crítica continua de pé e pode até ser reforçada, estendendo-se à internet brasileira como um todo: com exceções raras, ainda nem chegamos à fase de tentar tornar a rede algo mais do que um depósito de textos. Temos cabeça de papel.
Um comentário
Tá tudo muito bem, tá tudo muito bom … mas não custava nada o webmaster, ao menos, ter dado um trato nas notas de pé de página e fazer um link para conduzir até elas. Desconsiderar as características da tela – que não faz divisões por página automaticamente – e se limitar a oferecer um tripão de texto ao leitor é falta de cuidado e de visão editorial. Afinal das contas, quem publica um site deveria ter algum tipo de reflexão editorial a respeito da mídia que produz – e essa reflexão se traduziria, necessariamente, pela criação de recursos que facilitassem a leitura do internauta, a exemplo do que sempre se fez com o livro em papel. A mídia é relativamente nova? É. Mas já existe bibliografia e massa crítica suficiente para que não se joguem textos de qualquer jeito sobre a tela.