Conheceram-se na oficina de ficção coordenada por um escritor de barba espessa e fama rala. O que primeiro chamou a atenção dela foi a qualidade do diálogo que ele conseguia escrever, vozes se cruzando com uma espontaneidade e um fio inacessíveis a ela, aos outros alunos e talvez até, quem sabe, ao professor. Já a atenção dele foi despertada primeiro por aquele olhar, o olhar morno e lento que ela ficava revezando entre ele e seus próprios pés, como se seu pudor viesse em ondas, enquanto o ouvia ler em voz alta o diálogo habilmente plagiado do Sabino. Foi depois desse dia, a princípio num espírito de retribuição mas logo com curiosidade genuína, que ele expandiu sua atenção dos olhos para o texto, e não demorou a se impressionar com a força dos adjetivos luxuriantes que ela espalhava aqui e ali numa narrativa de resto seca, feito plantas carnívoras de estufa em vasos perdidos no deserto. Não é incomum, especialmente em ambientes artificiais como o de uma oficina de ficção, que metáforas ganhem vida: ele logo descobriu que estava projetando no corpo dela, sardento e quebradiço nos trechos que o decote e a saia deixavam entrever, a expectativa de uma vegetação sumosa escondida em dobras propícias. O diálogo, quando chegou a hora do diálogo, foi banalíssimo, vamos jantar, vamos, vamos para minha casa, vamos, o que a decepcionou um pouco, mas a essa altura seus olhares já tinham se cruzado tantas vezes, enquanto o professor dissecava algum conto mal-ajambrado e reduzia a pó mais um aluno infeliz, que a narrativa tinha que se desenrolar até aquele final, um final sem adjetivo luxuriante nenhum, apenas este: previsível, um final previsível. Na semana seguinte ele abandonou a oficina de ficção sem nem se despedir. Poucos dias depois ela começou a namorar o escritor de barba espessa e fama rala, com quem acabou se casando.
32 Comentários
E eis que ele volta triunfante!
Abraços
Nada como férias!
Gostaria de saber como é um “corpo quebradiço”. Eu só conheço cabelos quebradiços (nada que um dos milhares de xampus da Unilever não resolva).
Ué….é a continuação de “Uma ilha, um livro”?
Na verdade, Cezar, para usar o jargão da música, são variações sobre o mesmo tema.
Saint,
osteoporose. 😉
HAHAHAHAHA, Eric, você é um fanfarrão!
O grau de cretinice desse comentário do Saint Clair é impressionante, mesmo para um aluno de pós de Letras.
Bem, Sr. ou Sra. Ausbois, pelo menos eu não preciso me esconder por trás de um pseudonimozinho sem-vergonha. Minha cretinice tem nome, sobrenome, CPF e lugar de fácil acesso para ser encontrada. O que é bem mais do que muita gente pobre de espírito – vista a carapuça, eu vos peço – tem pra oferecer por aqui, não concorda?
Só me darei ao trabalho de prestar atenção seriamente a esse tipo de comentário se você tiver a coragem de assumir quem é. Sem máscaras, sem apelidinhos pretensamente inteligentes, sem ironiazinhas tão excitantes quanto o pau de um defunto. Convoco-o(a) a mostrar quem é, e, é claro, isso é algo que você não fará. Conheço os tipinhos como você de longe: pobres almas perdidas que não têm luz própria e adoram tentar apagar a daqueles que têm.
Aliás, por que você não aproveita para nos dar as suas credenciais?
Eu começo, caso você se sinta tímido ou tímida demais: Saint-Clair Stockler, prestes a concluir o seu mestrado em literatura brasileira na Uerj, já aprovado no doutorado em literatura comparada da mesma reputada instituição (um dos únicos 6 alunos a ser aprovado no rigoroso processo de seleção do referido programa de pós-graduação), escritor com um livro ainda não publicado mas que recebeu meia página de uma elogiosa resenha no caderno Prosa & Verso d’O Globo, tradutor de francês & professor da mesma língua.
Eu poderia acrescentar “amante dos bons”, mas tenho certeza de que uma pessoínha como você não sabe o que é uma foda há muito e muito tempo – então, esquece.
Está bom pra você?
Você esqueceu de dizer que é meu amigo também, Saint. Isso é para poucos e foi imperdoável de sua parte… 🙁
Pois é, Tibor: ainda tenho a sorte de ter a amizade de pessoas tão legais, inteligentes, irônicas, bem-humoradas e criativas quanto você! 🙂
Puxa! 🙂
Nooossa Santão, você é tãããão macho!!! Aqui no meu canto, covardezinha, mal-amada e sem credenciais, eu quase lamento que vc seja gay. Digo quase porque se tem uma coisa que eu não suporto é gente cretina.
Cri…cri…cri… textos ruins, boquistas piores…
haha, uma briga de bichas loucas!
Bem, pelo menos ficamos sabendo que “aparentemente” Ausbois é mulher. Embora, nunca se saiba.
Fique tranquila: eu jamais comeria uma mulher deselegante como você (ou um homem, caso você esteja fingindo ser o que não é, hahaha)
Note-se que você foi incapaz de dar nome aos bois, ou, no caso, a si mesmo(a). Dei-lhe a chance de mostrar as suas credenciais e você se calou. Bem, a partir de agora considero o nosso breve contato encerrado. Acho ridículo e lamentável esse tipo de postura. É muito fácil se esconder por trás de um nomezinho pretensamente engraçado. Sabe, eu posso ser tudo, mas não gosto de bater palmas pra maluco dançar…
Obrigado por visitar o meu blog. Gostaria só de alertá-lo de que eu tenho habilitado uma ferramenta que verifica o IP adress. Não seria complicado, embora demandasse tempo, descobrir quem é a pessoa por trás desse ridículo “Nomiz Dusbois”. Nada que um advogado recém-saído da universidade não conseguisse descobrir, com uma ordem judicial, em dois ou três dias. Só pra você ver que não estou mentindo, o IP que você deixou no seu comentário é o seguinte:
200.18.53.207
Será que ele é de uma lan house?
Saint-Clair dando nome aos bois:
Olha só o que eu consegui, em 3 minutos de pesquisa:
inetnum: 200.18.53/24
asn: AS1251
ID abusos: JMA135
entidade: INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLOGICAS DO EST. DE S.
documento: 060.633.674/0001-55
responsável: Vahan Agopyan
ID entidade: MNJ
ID técnico: MNJ
inetrev: 200.18.53/24
servidor DNS: dce01.ipt.br
status DNS: 11/02/2008 AA
último AA: 11/02/2008
servidor DNS: gracco.ipt.br
status DNS: 11/02/2008 AA
último AA: 11/02/2008
criado: 26/11/1999
alterado: 26/11/1999
inetnum-up: 200.18.48/20
ID: JMA135
nome: Jorge Marcos de Almeida
e-mail: jrgmrcs@ansp.br
criado: 26/02/2002
alterado: 11/12/2007
ID: MNJ
nome: Gilson Bozolan
e-mail: bozolan@ipt.br
criado: 19/01/1998
alterado: 05/02/2003
Acho que vou entrar em contato com esse Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo e comunicar a eles que um de seus funcionários está doidinho para ser processado… Sem contar que anda usando a conexão do Instituto para assuntos particulares durante o horário de trabalho… Será que eles vão achar a mesma graça que eu?
Saint Clair de cachimbo, monóculo e uma lente de aumento…rsrsrs.
Eu posso ser bicha louca, mas o que não sou é idiota. Uso a internet desde 1997, alguma coisa eu tinha de ter aprendido, né Tibor?
Por isso, quando quero atacar alguém “anonimamente” tomo muito cuidado… Não dou um moles desses, não.
Nossa!!! isso aqui tá fervendo… eu, hein!
Mas afinal – desculpe a leiguice –, quem foi o comentarista desairoso, Saint-Clair? O Jorge Marcos de Almeida ou o Gilson Bozolan?
Não que faça diferença pra mim, posto que não os conheço nem eles a mim…rssss….
Está uma zorra, isso sim. E off topic faz tempo. Senhores (e senhoras?), peço ponderação.
Isso me lembra dos bons e velhos momentos em que nós, incluíndo aí mais uma pá de gente, fazíamos do Todoprosa uma feira, um mercado de pulgas… extremamente divertido. Cadê a Clarice?
Cezar,
Imagino que nenhum dos dois, que são apenas administradores de sistema, gerentes de rede ou algo que o valha. Mas é alguém subordinado a eles, ou que usa a rede que está sob a responsabilidade de um deles. Como eu falei, nada muito complicado de se descobrir, basta verificar os dados na rede. Pra isso, uma ordem judicial resolve.
Sérgio,
Eu apenas me defendi de agressões gratuitas, mais nada. Não estou aqui pra fazer do seu espaço um carnaval, não. Respeito seu site e o seu trabalho o suficiente pra não querer isso… Mas não vou ficar quieto ouvindo gente me chamando de “cretino” à toa, né?
É chato isso, muita gente boa deixou de contribuir com comentários aqui neste site, ou simplesmente parou de ler por causa dessas almas penadas. Gente que só contribuiu para o aumento de bites & bytes mas que não acrescenta nada, não troca nada, em suma, é um zero à esquerda.
Que saudades do Bemveja… A gente até podia ficar irritado com o pedantismo do cara, mas ele pelo menos tinha algo a acrescentar, tinha inteligência, sabia defender seus pontos de vista com elegância… Volta, Bemveja! rsrsrs
Saint-Clair, mas chega a tanto? ordem judicial? Meu Deus….
Foi simplesmente um comentário dasairoso, como tantos…
Achas mesmo que mereceu a virulência da tua resposta? Não é melhor dar um chega pra lá verbal no sujeito(a) e tocar em frente?
Bem, cada um sabe onde o calo dói mais, né?
E parece que o cara pisou bem em cima de seu calo dolorido …rss…
Cezar,
Não foi tanto o ataque, mas o fato de que ele pretendeu se esconder por trás de um fake pra me atacar. Não foi homem o suficiente pra mostrar a própria cara, que nem eu faço (tem gente que acha que “Saint-Clair Stockler” é um pseudônimo, mas não é). Eu admito (e respeito) qualquer pessoa que me ataque de cara limpa, usando seu nome e sobrenome ao menos. Mas se esconder por trás de um pseudônimo ridículo? Isso, de fato, me tira do sério.
Tudo bem Saint-Clair, não sou homem e me escondo atrás de um fake. O caso não foi para tirar-lhe tanto do sério, queria umas discussões mais acalouradas. Bem, erro meu. Medirei melhor da próxima vez as bobagens que escrevo. Desculpe-me, realmente, devo ter-lhe colocado numa situação de estresse desagradável. Abraços e felicidades, já não estará aqui quem causou o bafafá.
Acho que devo isso para todos: quis brincar com o jeito meio “estressado” de alguns, para depois revelar uma brincadeira. Não deu certo, ofendi demais e causei o que não desejava. Bem, desculpe-me Sérgio e todos os leitores do todoprosa. Não mais incomodarei-lhes. Abraços!
Inclusive lhe mandei um email, Saint-Clair, explicando a vc. até
Kafka iria adorar a internet… e suas irrealidades surreais para sintéticas auto-reflexivas ortonticas miméticas…(que é isso?)