Sinais dos tempos.
No blog do “Guardian”, Stuart Walton escreve (em inglês, acesso livre) sobre uma contradição: nossa imagem preferida do escritor ainda é a do trabalhador solitário, muitas vezes recluso – JD Salinger e Dalton Trevisan são exageros que confirmam a regra. Enquanto isso, no mundo bicudo lá fora, profissionais das letras andam tão ocupados com o papel de pequenas celebridades que desempenham em excursões de lançamento de livros, maratonas de entrevistas e participações em festivais que não lhes sobra muito tempo para escrever. É claro que a tendência se manifesta de forma mais vigorosa em países de mercado leitor maduro, mas o Brasil já apresenta alguns sintomas da síndrome.
Enquanto isso, no “New York Times”, a reportagem de Julie Bosman (em inglês, cadastro gratuito) aborda, aí sim, uma novidade que ainda não chegou por aqui: a excursão promocional pré-lançamento do livro, destinada principalmente a fazer com que autores desconhecidos conquistem a simpatia e os favores daqueles profissionais na linha de frente do mercado livreiro – gerentes e vendedores de livrarias.
Nesse meio tempo, quem um dia achou que viver de escrever era uma boa pedida porque, entre outras coisas, não levava o menor jeito para showman, vendedor ou relações-públicas, descobre um tanto perplexo que perdeu, perdeu.
142 Comentários
Escritor escreve, mas tb é importante ir aonde o povo está, interagir com o público. Não como “estrelinha” (coisa de “sem-noção”), mas como indivíduo consciente de seu papel na sociedade.
Foi-se o tempo. Ficar em casa esperando que as coisas aconteçam? De jeito nenhum. Sou um salesman não só do produtos de outrém, mas atualmente de mim mesmo. Vendo a alma a quem pagar mais… hehehe, brincadeira.
Dou 99 centavos, Tibor.
então azar, babau. sair pra vender de porta em porta? nem morta. apesar de que sim, ando com atitudes e complexos de mendiga.
Não pensei que me achasse tão desvalorizado…
Sair vendendo de porta-em-porta? Complexo de Plínio Marcos? Tô fora também.
Trabalhar a própria imagem não significa dar uma de vendedor de enciclopédias. Mas sim se aproximar das pessoas que são valiosas para você enquanto produto. Sejam vendedores de livrarias, leitores eventuais, leitores especializados (em comunidades, grupos, associações), jornalistas, amigos de jornalistas, amigos de amigos de jornalistas… Vale quase tudo. Mas vender de porta-em-porta, não.
mas hum, bem, Sérgio, relendo o post com redobrada atenção: respaldada por editora faço até striptease, se for preciso.
No final do ano passado (por ocasião do lançamento do meu romance), realizei 2 bate-papos com o público em mega stores da Saraiva, aqui no Rio.
A experiência foi muito boa. A oportunidade de conversar com os lojistas tb (o meu livro foi até para a vitrine).
Conversando com um lojista aqui e com outro lá conseguimos colocar o livro em praticamente todas as grandes livrarias do país.
A editora trabalha a distribuição. Eu faço a minha parte conversando com o público, colaboro com sites, jornais, crio blog, clipe no youtube, etc. Não me custa muito.
Sério, pessoal: é uma forma legítima de nosso público “potencial” conhecer o nosso trabalho. Visito com frequências as livrarias, converso com as pessoas.
Claro que uma outra alternativa (de divulgação) é ter bons amigos jornalistas. Eu até os tenho, mas, infelizmente, são especializados em outros assuntos que não os dos cadernos literários. Paciência.
Conselho? Arregaçar as mangas e mãos a obra. No caderno, computador, seja lá onde for, (de preferência das 4 às 7 da manhã) escreva, escreva e escreva.
Depois, no horário comercial (com respeito, atenção e civilidade), divulgue (divulgue e divulgue) seu trabalho. Em geral, a recepção é muito boa. Eu pelo menos tenho dado sorte. 🙂
Se vc não divulgar seu trabalho, quem vc acha que o fará (por vc)?
então aí, Sérgio, não ligue pra minha insistência, rsrs.
Pior do que um escritor fazendo propaganda do seu próprio livro, é aquele que não sabe escrever e não tem vergonha nenhuma de fazer a mesma propaganda. Esses, normalmente, fazem até questão de aparecer.
Abre aspas: válido salientar que não sou contra alguém divulgar o seu próprio trabalho, apenas discordo do “estrelismo”.
Acho que escritor deve ter como primeiríssima preocupação escrever. Ou seja, sem pensar nas etapas subsequentes do processo. Depois de escrito, ai sim, ele deve ir à luta de acordo com sua consciência, jogo de cintura, estômago, etc.
Acho que o Claudio Soares ai em cima está certo.
O escritor deve ir à luta sim, mas bom senso e senso de ridículo devem nortear o processo. Aliás, bom senso e senso de ridículo devem ser a tônica em todo e qualquer lugar/atividade, não?
Acho que elegância também é tudo…
Tudo bem, vamos ver se eu entendi: então eu vou a festas, pré-estréias e coquetéis, conquisto a simpatia e, quiçá, a amizade dos empresários e vendedores. Aí meu livro vai pras lojas. E que mais? Realmente não vejo o que um artista pode oferecer à mão invisível do mercado. Que uma boa propaganda vende um monte de coisa ruim, todos sabemos. Mas tange-se a arte por boas investidas publicitárias? Ou quem sabe o contrário, e um leão em Cannes? E a quem isso tudo realmente importa, escritores, livreiros e vendedores?
Oi Cezar: É isso mesmo. Elegância (e sintonia tb) pode até não ser tudo, mas é 100%. 🙂
Oi João: Creio que você não tenha entendido. É importante não misturarmos “alhos com bugalhos”.
Friso: o que considero uma atividade complementar e legítima ao ato de escrever (ou seja, comunicar-se) é a participação em bate-papos com o público, palestras, mesas e atividades similares em livrarias, escolas, universidades, por exemplo.
Conversar e demonstrar atenção com os lojistas é muito importante. É lá no PDV que se sacramenta a venda do livro. Resenhas ajudam, claro. Mas, um vendedor informado tb estimula a venda.
Isso não é politicagem. É, na minha modesta opinião, obrigação do escritor. Escritor misantropo tem mais é que se tratar, procurar um analista.
Sobre o que é bom ou o que é ruim, deixemos isso a cargo das opiniões embasadas (às vezes embaçadas) da crítica. O que é arte ou não, só o tempo dirá.
Sugiro que em cidades como SP ou Rio seja criado o livro-delivery-special: você telefona e o próprio autor vem entregar o livro e bater um papo sobre a obra. De brinde, ele traz um daqueles vinhos brancos bem baratos de coquetel de lançamento.
Ahã… Deixe-me ver, R$ 35,00 do livro, R$ 50,00 da condução (ida e volta de táxi), R$ 12,00 do vinho (pensa que é brinde, mas tá tudo incluído) e R$ 40,00 de couvert (claro, escritor na casa do leitor é show!). A gente arredonda pra R$ 140,00. Tá, Marcos, eu topo. Manda o endereço.
Importante dizer, caro Tibor, que no livro-delivery-special o escritor/escritora vem de moto e diz no interfone “É o livro”. Nada de R$ 50 de condução e R$ 40,00, apenas uma gorjeta se o papo agradar…. Com todo o respeito…
Então é melhor você comprar aquelas revistas pornô nas bancas e se divertir com as excepcionais obras literárias que se escondem entre uma pelada e outra… rsrs.
Literatura mesmo não é a sua praia.
Sérgio, um pouco nostálgico e alarmista seu último parágrafo, não? A reclusão pode ela mesma ser uma estratégia de marketing (não dar entrevistas nunca atrapalhou o Pynchon), mas além disso o mais interessado no sucesso de um livro é seu autor. Nada mais lógico e justo que ele trabalhe para promovê-lo. Abraços.
Nem nostálgico nem alarmista, Lucas. Não tenho nada contra – não sou maluco – o escritor promover seu trabalho da forma que puder. Apenas me permito encarar com distanciamento irônico o processo que vai transformando, na literatura como em tudo mais, o circo promocional em atividade-fim.
Agora, eu admiro a atitude do Dalton Trevisan e dio Rubem Fonseca, que não ficam dando trela pra imprensa, metendo o bedelho em tudo, dando opinião sobre Big Brother e besteiras mil…
Os caras ficam na deles, escrevendo, e não tão nem aí pra mundanidade.
Perdi. Mas isso eu já sabia.
Em tempo, achei um livro empoeirado aqui na estante que lhe pode ser útil. Próxima vez que for pro Rio deixo com sua vizinha de redação.
Quando é que escritores vão aparecer na Caras?
No dia em que escreverem apenas sobre a vida de quem não faz mais nada na vida do que aparecer, Clarice.
por essas e outras cada vez é mais pobre a produção literária… já imaginou que lixo ia ser a obra de Kafka se ele precisasse ficar dando sorriso em sofãs da Hebe mundo pelo mundo? Ou Joyce deixando sua labuta diária contra as palavras para ir falar qualquer besteira ou obiviedade sobre a guerra do Iraque ou outra efêmeride da moda na imprensa numa feira literária qualquer? Sucesso de uma obra literária não é vendagem. Viver de escrever pode ser uma conseqüência de uma série de fatores, nada contra. Mas partir pra construir uma OBRA, com maiúsculas e tudo, pensando no mercado, no que o editor vai dizer, em agradar tal o qual segmento da sociedade… é o começo do fim de qualquer possibilidade de ser um escritor de verdade. Vai ser um Paulo Coelho da vida, feliz, cheio de grana, mulher, fama… até na Caras vai aparecer. Mas OBRA, aquele troço que realmente diz algo pros dias de hoje e – talvez – até para daqui 100, 500 anos… isso nunca.
Clarice, eu preferiria aparecer na G Magazine.
é por essas e outras que estou aqui a pensar em um bom pseudônimo.
Sem entrar no mérito da depreciação da arte literária, penso que vender livro de porta a porta é uma forma de levar cultura a uma parcela da população que está recebendo, no conforto de sua casa, todo tipo de lixo da indústria de consumo.
Tudo bem que a indústria literária também produz lixo, mas pelo menos, não engorda, ou engorda menos…
Escrever e comunicar com simplicidade não é para qq um. Fazer a “conexão” com indivíduos das mais diversas culturas, vender livros em todos os cantos do planeta faz de Paulo Coelho um dos maiores escritores do seu tempo.
Mas, infelizmente, nós brasileiros (que deveriamos entender a sua importância para que nossa Literatura finalmente saia do ostracismo) insistem em atacá-lo gratuitamente. Brasileiro só admite ser reconhecido por sua habilidade com a bola (Algo que tb observei recentemente escrevendo sobre Santos-Dumont). Parece que fazer sucesso (legítimo) faz mal ao brasileiro.
O sucesso de PC no mundo inteiro faz com que finalmente possam conhecer (tardiamente) o talento de nossos grandes mestres (ora, não foi Harold Bloom que descobriu Machado). E também ajuda a abrir o caminho para nossos escritores contemporâneos.
Como já comentei (acho que foi por aqui) é inadmissível que a Literatura Brasileira (e a argentina tb) ainda não tenha um Nobel. Estamos perto agora.
PC é, sem dúvidas, um escritor de seu tempo. Vivemos tempos difíceis. O mundo inteiro parece sem rumo. A época certa para nascerem sucessos editorais de bruxos adolescentes, simbologistas, hobbits, etc… (“The Secret”, me parece, será o próximo grande sucesso de vendas). As nossas novelas, recorrentemente, abordam temas ligados a paranormalidade (assim como diversas séries da TV americana). Queremos e precisamos do “mistério”. Estamos saturados de realidade.
Na última segunda vi a Lya Luft confessar que não entendia o sucesso do seu “Perdas e Ganhos”. Algo que, sinceramente (pelo já exposto), não me surpreende. Todos estão clamando por algum tipo de conselho, ajuda.
PC sabe, com sensibilidade, tocar em temas que são importantes em todos os lugares do planeta. Não é “lá fora” que encontraremos as respostas (no, “the truth is not out there”). A verdade está dentro de nós.
Escrever sobre o óbvio, com simplicidade, faz de PC o maior escritor brasileiro contemporâneo e um dos maiores do mundo (apesar das críticas dos próprios brasileiros).
Escritor não trabalha em “Santa Casa de Misericórdia”. Não é ajudador ou facilitador de nada. É um trabalhador como um pedreiro, um lavrador. Os pedreiros e lavradores nao ficam por aí, sob holofotes, fazendo conferências ou emitindo juízos de valor sobre guerras, novelas, governo ou desgoverno; violência social, etc.
Escritor não é “legal”, seja lá o que isso queira significar nesse nosso pais de 181 mil leis em vigor ( e com algumas em flagrande manifestação de preconceito e casuísmo).
O que se vê hoje é que há “muito barulho por nada”. Muita produção de lixo. E esta produção é vendida em embalagens bem preparadas por designers especializados em técnicas de persuasão, psicologia de massa, propaganda e marketing para vender. E não se importa se serão lidos ou não. A Revista seleções trouxe uma matéria certa vez dizendo que quando foi lançado no Brasil a obra: O Ser e o Nada de Sartre a editora constatou tempos depois que havia faltado uma seqüência de páginas que comprometeria o entendimento do conteúdo do livro. Entao meses depois solicitou que os compradores voltassem as livrarias para a troca por uma obra completa. Conta-se que ninguém retornou para fazer a troca.
“Apenas me permito encarar com distanciamento irônico o processo que vai transformando, na literatura como em tudo mais, o circo promocional em atividade-fim.”
Concordo com você prezado Sérgio…
O escritor deve sim vender o seu peixe como qualquer outro profissional, mas como disseram mais acima o “estrelismo” é uma droga… e transformar a parcições de escritores em festas ou seja lá o que for principalmente quando o cara é ruim, ai é apelação das piores possíveis… por isso que gosto de livro, não do escritor…
oi
Cláudio,
A discussão sobre gosto/preferência é vã… mas PC é ruim pra caramba, embora milhões gostem.
Eu não gosto, vc gosta, tudo bem.
Mas a verdade é que a literatura dele é rasa, sem elaboração. Ele mistura temas de suposta elevação espiritual (o que muita gente gosta – e não só o “povão”), comete plágios aos montes, embala isso numa linguagem pobre, tão eivada de erros que nem a revisão da editora consegue aplainar de todo!!!
E ele mesmo sabe que é ruim… ele mesmo sabe que escreve o que é fácil “vender”… PC é mau escritor, mas é muito inteligente (sempre foi, mesmo como letrista do Raul Seixas, lembra? com aquelas besteiras de novo aeon, etc.) Ele sabe como fazer o que a maioria das pessoas gosta de ler, o facilitário, a mensagem embalada numa certa elevação espiritual, etc.
Não é porque ele vende pra caramba que ele se torna bom escritor.
Mas acho que não deve ser discriminado. É melhor a pessoa ler PC do que não ler nada.
Cláudio,
Concordo com vc sobre o PC ser o mais importante escritor do Brasil, se o critério for vendas… E isso dá bem a mostra do nível cultural do Brasil em termos literários.
Claudio:
As críticas ao Paulo Coelho são consistentes: a literatura dele tem a profundidade de uma poça d’água. É óbvia, óbvia, óbvia até dizer chega. A qualidade de um texto literário aumenta na mesma proporção em que podemos tirar dele múltiplas interpretações, múltiplos significados. Que múltiplos significados há nos livros do Paulo Coelho? É tudo óbvio demais, literal demais, sem a possibilidade de múltiplas interpretações.
Me lembro que certa vez fiz a pergunta a uma francesa: “Por que, no país de Flaubert e Proust, há tanta gente loucamente apaixonada pelo Paulo Coelho? Pra mim isso é incompreensível, além de chocante”. E ela me respondeu: “Gosto de ler Paulo Coelho porque ele me dá esperanças”. Fiquei digerindo a resposta dele por várias semanas. Cheguei à conclusão de que, para a imensa maioria de leitores de Paulo Coelho, o que menos importa é o aspecto literário de sua obra – o que eles querem é ser reconfortados. Que alguém lhes diga que o mundo, apesar de malvado, guarda um final cor-de-rosa para cada um deles, basta acreditar em sua “lenda pessoal” e ser fiel a si mesmo. Aí coisas mágicas começarão a acontecer. Bobos somos nós que ficamos discutindo se Paulo Coelho é ou não é boa literatura. O buraco é outro, nós somos é ingênuos.
Ainda bem que o Veríssimo não precisou desse recurso…caso contrário, olha o que estaria perdido…
Concordo com o Saint. Nem todo livro é literatura, assim como nem todo filme é cinema. Outra história que eu ouvi sobre o sucesso de P Coelho na França foi que a tradução melhorou muito o texto. E um outro lecteur voraz do mago em Lyon me disse que quando lia PC, não estava nem aí para o fato de ser um brasileiro ou um croata que escrevera o livro.
Outra coisa, esse negócio de dizer que certos livros lidos foram ingenuidades da juventude eu também acho estranho. Os livros, bons e ruins (segundo cada qual) estão de certo modo associados uns aos outros. Em outras palavras, todos são importantes para que alcancemos aqueles que realmente nos são indispensáveis. Mas estou sem dúvida fugindo do assunto proposto pelo MC Sergio. Sorry.
Cézar e Saint-Clair:
PC, volto a frisar, é um escritor de seu tempo. É popular. Isso faz sua obra menor? Claro que não. Se consegue ser “compreendido” por muito mais pessoas do que a “meia dúzia” que lemos Faulkner, Borges, Flaubert, etc, isso é bom demais. Qt mais popular melhor.
Julio Verne morreu triste por não ter sido reconhecido pela academia francesa. Seus livros estão por aí até hoje, como Wells, SaintEx, entre outros.
Precisamos ter muito cuidado qnd afirmamos (apenas por gosto próprio) “isso é bom, isso é ruim”.
PC é literatura rasa? É plagiário? Não seria intertextualidade? Borges era plagiário? Machado era plagiário? Ecco é plagiário? Qual escritor não o é então?
Saint-Clair, quando sua amiga confessa “Gosto de ler Paulo Coelho porque ele me dá esperanças” nos demonstra que os franceses continuam (como sempre) “seres pensantes”, não o contrário.
É para isso mesmo (dar esperanças) que serve a Literatura. Seja ela engajada, “hard” ou “soft”. Para mostrar que as coisas podem ser diferentes. Que o que está por aí e nos incomoda pode ser diferente. Porém, nos dias de hoje, não existe mais escapatória, a mudança tem que ser a partir de nós mesmos.
E uma opinião feminina (como a de sua amiga) a respeito do assunto é ainda mais emblemática. O patriarcado está cada vez mais em declínio no mundo atual. Olhemos à nossa volta. Nas empresas, nos países, na literatura.
Nós homens, sempre gostamos de complicar as coisas (mais do que necessário). As mulheres, com simplicidade e eficiência, estão obtendo o seu (legítimo) espaço.
Paulo Coelho é um escritor que com simplicidade (não significa por isso que seja “raso”) atinge os corações, por que é disso que precisamos nos dias de hoje.
Saint-Clair: prefiro discutir PC (que certamente já tem o seu lugar na história) do que, por exemplo, (sem ofensa) “Los Expressos”. 🙂
Claudio, entendo alguns dos seus pontos, respeito todos, mas não concordo quando você diz que a Literatura funciona para dar esperanças. Acho que a Literatura funciona para incomodar, dar uma sacudida, fazer as pessoas acordarem. Mas nunca para dar esperanças. Aliás, é até o contrário: depois que virei um leitor, perdi todas as minhas ilusões e esperanças.
Será que os escritores são ou devem ser arautos da desesperança?
Não foi isso que quis dizer, Tibor. O que quis dizer é que não devem embalar o leitor, também contribuindo para que continuem dormindo (vocês já repararam que a maioria das pessoas está dormindo praticamente desde que nasceu?). O escritor tem de promover uma espécie de despertar. Ao menos, tentar.
E aí voltamos ao que eu disse: livros como o do Paulo Coelho só contribuem para embalar o leitor e mantê-lo adormecido.
Me dê um exemplo de autor que chacoalhe o leitor e o desperte, Saint. Só um.
Nem preciso ir muito longe: Céline.
Mas muita gente não o conhece. Vamos para alguém mais conhecido: Kafka.
Vamos por países?
França: Michel Houellebecq
EUA: Breat Easton Ellis
Canadá: Margareth Atwood
Escócia: Alasdair Gray
Brasil: Rubem Fonseca
E por aí vai.
P.s.: Antes que alguém me acuse de fazer uma lista de autores que gosto, tenho a esclarecer que nem todos os autores acima-mencionados são do meu agrado. Por exemplo: não gosto do Rubem Fonseca. Não gosto nem um pouco. Mas “dai a César o que é de César”.
Catzo, pedi um só!
Venhamos e convenhamos, Alasdair Gray
é ainda um emérito desconhecido.
Saint-Clair: só existe a ação (vc chama de despertar) com esperança. Veja essa frase de O diário de o mago: ‘o Extraordinário reside no Caminho das Pessoas Comuns.’ Simples, revolucionário (nem precisa ser original) e existencialista (no sentido sartreano). É isso, esperança no sentido de acreditar que somos agentes transformadores (inclusive de nós mesmos). Mais, uma vez lembrando a verdade não está lá fora, mas em nós mesmos.
E mais: a Literatura não despertará ninguém se já não houver (em nós mesmos) uma predisposição nossa de acordarmos. Nós lemos o que queremos não exatamente o que o escritor quis dizer. Quem escreve o livro é o leitor.
Ah e aproveitando: ótima lista Saint-Clair. Viu Tibor foi provocar o cara, olha aí 🙂
Sérgio,
também no blog do The Guardian, num artigo de Will Davis Why I’ve got to plug my book o autor comenta sobre autores e como a publicidade pode ser um jogo perigoso e que ninguém quer comprometer sua (deles) integridade e conta sobre um encontro numa livraria com uma possível compradora de um livro dele,
“I had to suppress the impulse to ambush her with shrieks of “I wrote that!” and a follow-up sales pitch.”
Raquel
Ah, Cláudio, eu sabia que o Saint-Clair ia falar Alasdair Gray, mas Lanark, livro escrito por ele, embora muito bem escrito, “não apaixona” (sic). Assim, não pode ser catapultado ao Olimpo dos que “despertam” os autores.
Claudio, isso que o Paulo Coelho falou, Buda já dizia 500 anos antes de Jesus nascer. Então, convenhamos: o Paulo Coelho tá oferecendo um prato requentado aos seus leitores. Se é pra procurar consolo, vamos às fontes originais.
Tibor, eu te disse aquilo sobre o Alasdair naquele dia. Era o meu momento. Mas, no balanço geral, Alasdair Gray é um autor apaixonante e “Lanark” é incrível.
Problema de fácil solução: ninguém sabe necessariamente a cara do escritor. Basta contratar um ator fracassado pra se passar por ele, e pronto… haha.
Claudio, Tibor:
“É com bons sentimentos que se faz literatura ruim” – André Gide.
“Eu não vim trazer a paz, mas a espada” – Jesus Cristo.
Saint-Clair: “a biblioteca é ilimitada e periódica” 🙂
Saint-Clair: “Então lhe disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E ele respondeu: Basta.” Lucas, 22, 38.
Aí é que está, as pessoas não vão às fontes originais. Quem quer ler as sutras? Quem quer ler a Bíblia (a não ser que seja religioso e esse leitura seja obrigatória), quem quer ler o Corão?
Paulo Coelho condensa tudo num tomo só, e brinda o leitor com o que ele precisa ouvir. Todavia, faço questão de afirmar que não sou um aficcionado por PC. Só li um livro dele (O Alquimista) e com extrema dificuldade. Mas aquele negócio de “Lenda pessoal” me pegou… acredito nisso.
Quem lê a Bíblia fora de vocês dois, eu quis dizer… hehehe
Literatura não serve para nada. É inútil. Ninguém se torna melhor porque lê. Estou com o Saint-Clair. Literatura faz mal, esta é a verdade. Eu, por exemplo, me tornei uma pessoa muito mais radical depois de me interessar pela literatura. Resumindo: bons livros fazem estragos. Kafka não ampara ninguém.
Saint-Clair, colocaria na lista de sacudidores de leitores, também: J.G. Noll; Marçal Aquino; todos os chamados “escritores e poetas malditos”; Stanislaw PontePreta.
Noll sem dúvida. Li Mínimos, Múltiplos, Comuns e esse livro sacudiu meus membros superiores. Atirei o livro pela janela. Foi cair no quintal do Saint-Clair. Noll me fez dormir.
Literatura pode servir para nos salvar da Matrix. Mas, o artigo em questão leva-nos a questionar os tentáculos da Matrix se estendendo para dentro a literatura. Essa é a verdade que incomoda os “despertos”, os iniciados, aqueles que estao observando as sombras na parede da caverna de Platão. E, naturalmente há aqueles que não conseguem ver a diferença entre o mundo real e a “projeção” elaborada pela máquina-mercado de consumo de massa.
Tibor, não conheco o “Mínimos, Múltiplos, Comuns, mas ele ganhou o Jabuti com este título. (consta que ganhou 3 vezes o jabuti) então ele deve ter seu mérito acima da média nacional. Lí: O Quieto Animal da Esquina ao qual me fez estremecer. e Depois fui em busca de outros. Como Canoas e Marolas que achei ser um livro com temática atual, inovadora tem um incômodo grande e muito denso.
Ganhou o Jabuti com Mínimos? Meus Deus, o mundo está perdido…
…sim o Livro de “Gênesis” declara isso, (indiretamente) duas vezes: no capítulo 3 e 6. Rs.rsrs.
Tibor:
O Paulo Coelho pode “condensar tudo num só volume” e “brindar o leitor com o que ele precisa ouvir”, mas será isso Literatura? Tenho lá as minhas dúvidas: pode ser muitas coisas, mas Literatura não é. Se eu encontrasse um escritor que estivesse a fim de me brindar com o que eu precisasse ouvir, eu acho que passava com o trator em cima dele, pra ele deixar de ser metido a besta! Tenho horror desses escritores que escrevem o que os outros precisam ouvir. O escritor tem que escrever o que ninguém quer ouvir, isso sim. Fazer entrar pelos ouvidos moucos, pelas bocas reticentes, justamente isso que ninguém mais a não ser os artistas têm a capacidade de falar, que não aparece em nenhum dos outros discursos mais.
Você está tão rabugento, Saint!
Tamara:
Raras vezes na vida eu me senti tão desconfortável como quando li Kafka. “O processo” me deixou numa agonia danada: eu não podia largar o livro, ao menos não antes da última linha, mas aquilo me fez sofrer pacas. Vou te contar: Kafka é maravilhoso, mas não é nem um pouco agradável.
Tibor,
Essa é pra curar a sua impressão de que estou rabugento:
“Tudo na vida é passageiro, menos o cobrador e o motorista”.
Hihihihi.
Ahora, me voy. Hasta la mañana.
joao gomes,
que bom que você está aqui.
Discutir PC… mais uma vez?
É melhor discutir sobre a função da arte. Eu acho que ele não se enquadra.
Brincadeira, pelo amor de Deus. Não recomecem.
Cláudio Soares,
O que que é isso companheiro?
Um leitor de Borges e Cortázar em defesa de literatura “Santa Casa da Misericórdia” (boa joao! toda vez que você vem aqui me dá uma expressão nova.)
Põe na lista aí o Cortázar como quem chacoalha o leitor.
Todo autor bom chacoalha o leitor. Estou falando de Literatura.
Desculpe Saint, mas agora não tem vez para a teoria dos contadores de história.
A gente não está lutando neste post em prol da Literatura e não ao circo?
E quanto à sua “Lenda Pessoal”, Clarice?
Eu cheguei e ele foi. Mas Kafka tem senso de humor tb.
Ainda bem que ele já foi.
Que Lenda Pessoal, Tibor?
Sei lá, essas coisas de PC, alma iluminada, caminhos a desbravar, entendeu mina?
Desistiu.
Não me faça rir. Ou melhor… hahahahahaha
Eu já nem sei se o PC foi um bem ou um mal para a literatura brasileira.
O cara é visto como um literato.
Ele deveria estar na lista de auto-ajuda.
Pelo amor de Deus. De novo?
Este asunot?
FUI>>>>>
Ah, Clarice, dê o braço a trocer. O PC é símbolo da literatura brasileira no mundo. O cara é Rei e não tem pra mais ninguém.
Ha ha ha. Clarice, logo agora que eu ia te catequizar? 🙂
Sou muito mais o PC do que o Mac. Tibor tlvz não concorde.
Nem sei usar Mac. Trabalhei a vida inteira em PC com Windows pirata. rsrsrs
Esse é para sensibilizar Clarice e Saint-Clair: http://h30091.www3.hp.com/pyme/coelho/index.html
Cliquem em “Assista o filme do Paulo Coelho”. E deixe PC falar ao seu coração. 🙂
Cliquem tb em “Entre no mundo de Paulo Coelho”…
De jeito nenhum, meu filho, nem morta.
“Brasil, país so samba, candomblé e alquimia.”
Buááááááá
Paulo Coelho é nosso Harry Potter, querida Clarice. Resistir a isso é tolice. deite a sua cabecinha no travesseiro, enxugue as suas lágrimas e se deixe levar pelo universo maravilhoso de PC.
hahaha Essa foi boa Tibor. Quer dizer que o Saint-Clair e a Clarice estão a serviço de Voldemort? hahahah
“so” não “do”
Meu Pai do Céu! Na próxima viagem vou ter que escutar mais essa!
Ah! Você é brasileira. Eu tenho toda a coleção do escritor(sic) Paulo Coelho.
“-Ele não é escritor minha filha. Deu é muita sorte em dizer na hora certa o que a classe média imbecilizada, a mesma que compra marcas Gucci, Louis Vitton para fingir que é rica, queria ouvir.
Os pobres lêem “Minutos de Sabedoria” que é pequenino e custa 1 real.
Nunca li nem vi Harry Porter. Mas que alegria se fosse brasileiro e o PC inglês. É inglesa a tal da mulher do HPorter?
Que decepção Cláudio Soares.
Olha eu nunca pensei que você fosse capaz de uma coisa destas.
Eu te proibo a ler Cortázar e Borges. Pode ir doando tudo para a biblioteca mais próxima. De preferência amanhã de manhã.
No mínimo você põe os três na mesma prateleira.
The Horror!!!!!!!!!!!!!
Oi Clarice,
É complicado esse negócio de auto-ajuda. Desconfio que já existe pessoas viciadas em livros e CD´s de auto-ajuda. São anabolizadas por um tempo (por um dia! uma hora!) e depois continua na mesmice.
joao,
que bom que você não me deixou entregue às feras. Auto-ajuda? Charlatanismo puro.
É isso aí, Cláudio, Saint-Clair e Clarice a serviço de Voldemort, PC é Harry Potter, eu sou Ron Wisley e você é Hermione Granger!!
Clarice: Coloco sim. Borges, Coelho, Cortázar. Ordenado por sobrenome. 🙂 Será que ainda tem salvação? Vou comprar o “The Secret”. 🙂
Agora eu vou mesmo.
Um abração joao gomes.
O post fala de promoção pré-lançamento. Não de PC nem de auto-ajuda.
Tibor: Hermione é sacanagem!
Só pra ele o abração. Tá bom, isso vai ter volta.
Clarice, me diz como vc fez pra negritar o joão gomes.
Claudio,
Estou desorientada. Não me provoque. Você não tem idéia da heresia que acabas de me confessar.
Isto é sacrilégio. Pecado capital.
Nunca mais falo com você. vira de costas sacode a cabeça e segue andando em passos firmes e cabeça erguida
Cláudio, vc que mexe com essas coisas, me diz como ela deixou o joao gomes preto.
Clarice: Um dia todos nós ainda nos encontraremos para um tarde (ou noite) de leitura de…. “o Zahir” 🙂
e não será o conto do Borges!
vamos testar…
Deixa eu ver se assim vai…
basta colocar as tags de negrito: b (entre os sinais de maior e menor) antes da palavra e /b (entre os sinais de maior e menor) depois
Deixa eu ver
Entendeu?
AHHHH…que legal. Brigadão Hermione.
Ótimo!
e pra itálico?
Não se pode mesmo dar confiança para o perebas…
troca o b pelo i
valeu.
Tibor Moricz aprendeu. que bom!
afinal eu mereço…
ok
Marisa Lajolo está nesse momento (ao vivo pela web) dando uma palestra na ABL sobre “O romance e a construção do imaginário brasileiro” . Começou agora. Assista aqui a transmissão ao vivo: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5357&sid=557#
Sensacional, Claudio! A Marisa Lajolo é o máximo! Obrigada pela dica!
Ana: Acompanhe ao vivo pela web às palestras da ABL. Toda terça, 17h30.
2º Ciclo de Conferências: “110 anos de Literatura Brasileira I”
Coordenação: Domício Proença Filho
3/4 – Marisa Lajolo: “O romance e a construção do imaginário brasileiro”
10/4 – Ivan Junqueira: “Tendências da poesia brasileira”
17/4 – Marco Lucchesi: “Tendências do conto brasileiro”
24/4 – Leticia Malard: “Percursos da crítica brasileira”
E em maio:
3º Ciclo de Conferências: “110 Anos de Literatura Brasileira II”
Coordenação: Domício Proença Filho
8/5 – José Castello: “A crônica: um gênero brasileiro?”
15/5 – Laura Sandroni: “A literatura infanto-juvenil no Brasil”
22/5 – João Roberto Faria: “O teatro na cena cultural brasileira – 1897/1950”
29/5 – Bárbara Heliodora: “O teatro na cena cultural brasileira – 1950/2007”
Cláudio, sempre antenado nas efemérides literárias.
Pois é Tibor: coisas boas e acessíveis acontecem… E dia 19/04 começa a exposição Manuel Bandeira.
Colher de chá pra todos:
“Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei.
Vou-me embora pra Pasárgada”
(Manuel Bandeira)
Voltando ao tema proposto por Sérgio Rodrigues, uma frase interessante de Monteiro Lobato (escritor e editor), citada por Marisa Lajolo, em sua palestra “O romance e a construção do imaginário brasileiro”, terminada há pouco na ABL.
Disse Monteiro Lobato: “O nosso sistema não é esperar que o leitor venha, vamos aonde ele está. Como caçador, perseguimos a caça.”
Me parece, tb nos dias de hoje, uma preocupação (legítima) de todo escritor (muitos dos quais tb acumulam a tarefa de editor, vendedor, etc…).
desamparar? alguém aí consegue ler hamlet sem achar que esses séculos todos de gente na terra valeram a pena?
Oh, graças a deus!!! Nem sabia que as tags de html funcionavam aqui. Confesso que me dava arrepios toda vez em que eu escrevi o título de um livro entre aspas. Quel horreur!!! Agora vou poder citar como se merece. E vou começar já: Dias estranhos.
Será que vai ficar bonitinho?
P.s.: Como vêem, já cheguei do trabalho.
Saint-Clair,
Fiquei em dúvida:
“quel horreur” où “quelle horreur”?
Cláudio,
Eu não conheço este restaurante “Zahir”.
Você é do Rio?
Pô Tibor,
Que poema mais manjado! em até música.
Só falta o pedra no meio do caminho…
Desperdiçar tempo com PC dá nisso. Comer em restaurantes duvidosos e citar poemas conhecidos demais.
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teadora.
Petrópolis, 25 de fevereiro de 1947
MB
Clarice: o certo é “quelle” porque horreur em francês é um substantivo feminino (aliás, milhões de palavras têm os gêneros inversos, entre o português e o francês: mer, pont, arbre, etc., etc., etc.)
Mas era pra ser uma piada – por isso, escrevi errado 🙂
Clarice: dúvidas do idioma francês podemos tirar com o Saint-Clair (vide a bela explicação acima). 🙂
Mas, dúvidas de português, poderão ser tiradas diretamente com a lexcografia da ABL que abre, na próxima segunda-feira (9/4), o serviço on line “ABL Responde”, para tirar dúvidas do público sobre a Língua Portuguesa. Coordenação do professor e acadêmico Evanildo Bechara. Mais informações no meu blog ou no site da própria ABL.
Saint-Clair,
Eu já tinha reparado que a língua francesa tem substantivos que mudam de “sexo” no francês.
Só pensei que você tivesse cochilado como é muito comum com o francês.
Eu já mostrei “La” pont Rio-Niterói uma vez do Morro da Urca e fui devidamente chamada atenção pelo francês, – nossa! ele já morreu. Era um Sr. muito bacana filósofo, Maurice de Gandillac.
Ele me corrigiu e eu queria me jogar lá de cima de vergonha.
Nem o Pont des Arts me fez desarraigar do “sexo materno” da palavra.
Ai, Sérgio que medo, Hein? Mas isso é perceptível no Brasil, sei lá…Essa visão romântica ainda é a que eu acredito, sai de quem o que o escritor escreve? De onde? Dele mesmo, eu acho. E do mundo em que ele está com a finalidade de observar. O escritor não participa do mundo, ele participa da vida dele. E é o suficiente, não?
A ementa ficou pior do que o soneto.
Aquele graça.
Aos interessados na língua francesa: há um livro escrito por um militar brasileiro (desconfio que já morto), que é assim uma espécie de dicionário francês/português português/francês sobre as palavras que mudam de gênero nas duas línguas. Chama-se Le piège du genre – As armadilhas do gênero. Foi escrito por Job Lorena de Sant’Anna. Que, se não me engano (eu não era ainda nascido), foi um dos militares envolvidos com a Ditadura (lembram? Aqueeeeela, da década de 60, que todo mundo no Brasil finge que nunca existiu. Pois é, ela mesma).
Concordo com tudo o que o Sérgio disse, menos com uma coisa: essa história de escritor ser escritor porque “não leva jeito para nada” é balela. Alguns tiveram escolha – eram até bem-falantes – mas preferiram dedicar-se a escrita. (Fitzgerald seria um exemplo disso, acho.)
Simone, desculpe, mas eu não disse nada disso. Primeiro, não generalizei – “O Escritor” não existe. Segundo, imaginei um escriba hipotético – mas facilmente encontrável por aí – que não leva jeito para “showman ou vendedor”. Só. Tenho certeza que, fora isso, ele daria se quisesse um excelente neurocirurgião, gênio das finanças ou físico nuclear. Um abraço.
eu sou um perdedor. separo a idéia do escritor da do salesman. queria ser o jd ou o trevisan, isolado desta humanidade nojenta num sítio apenas escrevendo textos ácidos e anarquistas sobre o mundo.
fera.
interesting
Nice…