O grande filme “Capote”, que tem como uma de suas melhores subtramas a relação complexa dos dois, ajudou a reavivar o interesse por algumas velhas questões. E se Truman Capote for o verdadeiro autor de “O sol é para todos” (To kill a mockingbird), de sua amiga Harper Lee? Ou num caminho inverso – e se a participação de Harper Lee em “A sangue frio” (In cold blood) tiver sido maior do que seu vaidoso autor era capaz de admitir?
Aparentemente, nem uma coisa nem outra. Mas não admira que rumores como esses tenham ganhado corpo diante da absurda improbabilidade que Truman Capote e Harper Lee representavam: a de dois amigos interioranos de infância, vizinhos, que na adolescância dividiam a mesma máquina de escrever, se tornarem, cada um na sua praia, clássicos indiscutíveis da literatura americana. E para deixar tudo mais estranho – ele, absurdamente afeminado, sendo o negativo dela.
Essas e outras histórias estão na boa resenha (em inglês) de Thomas Mallon na última “The New Yorker”, sobre uma nova biografia de Harper Lee, Mockingbird, de Charles J. Shields.
5 Comentários
Independentemente da autoria e questões paralelas, achei o livro extraordinário pela maneira como foi escrito e de como o(a) autor(a) narrou essa história. De uma maneira sutil, ele mostrou tantas condicionantes que me fizeram refletir sobre uma condenação inarredável de qualquer pessoa. Incrível. Os demais pontos são detalhes, creio eu, como um simples leitor.
PS. Parabéns pelo blog e pelas informações, tornei-me um leitor habitual. Abraços.
Me parece, com todo o respeito, gastar bala com chimango, como dizer aqui onde moro. Eu teria que ler “To kill a Mockingbird” para então ler a biografia “Mokingbird”. Para uma autora que escreveu apenas um romance, se é que escreveu.
Mas interessante o post. Estou lendo (devorando) “In cold blood” agora e é simplesmente extraordinário.
Peter, reconheço que ler a biografia de Harper Lee é coisa para fãs – o que recomendo é só a resenha. Mas “To kill a mockingbird”, que ela sem dúvida escreveu, é um livro respeitável. Em março deste ano, fizeram uma pesquisa com bibliotecários de toda a Inglaterra (não dos EUA, repare), perguntando o seguinte: qual é o livro que todo mundo deveria ler antes de morrer? O da Harper Lee ficou em primeiro lugar, seguido pela Bíblia e pelo Senhor dos Anéis. Trata-se, como se vê, de uma opinião conservadora – e não poderia ser diferente com bibliotecários. Mesmo assim, não é para qualquer um.
Abraços.
E, sim, “A sangue frio” é uma obra-prima.
Tá na lista, Sérgio. Aproveitando os últimos dias de dólar barato na Amazon. Obrigado.