Num bom momento da Flip, Salman Rushdie disse que Jorge Luis Borges foi uma “má influência” em sua juventude. Apaixonado por “Ficções”, passou a tentar escrever daquele jeito, embora sua “inclinação natural como escritor não fosse borgiana”. Deu trabalho, segundo ele, aprender a não escrever como Borges. O Todoprosa aproveitou a deixa para perguntar por e-mail a dez escritores brasileiros quais foram suas “más inf...
Um programa desenvolvido pela The Open University britânica é o espécime mais recente – e um dos mais elaborados, além de visualmente atraente – de um novo animal na floresta das conversas sobre literatura. Trata-se de uma espécie ainda sem nome, até onde sei, mas a falta não parece ser um problema, uma vez que quase todo dia nasce uma criatura nova. Enquanto não vem o batismo, poderíamos chamar o bicho de Brinquedo Literá...
Os rumores sobre a substituição do diretor de programação da Flip dominaram as últimas horas do domingo em Parati, aquelas em que a cidade esvaziada ganha um ar meio deprimente de quarta-feira de cinzas, mas deixaram no ar uma falsa questão. Flávio Moura, com três edições no currículo, já é o mais longevo dos quatro curadores da Flip. Permanecendo ou não no cargo – e ontem à noite o diretor geral do evento, Mauro Munhoz...
Nada de debates de ideias. Nada de perguntas difíceis de responder. Tradicionalmente leve, a mesa final da Flip reuniu alguns dos escritores do evento para a leitura de trechos de seus autores preferidos. Confira abaixo uma relação com alguns dos convidados da mesa, hegemonicamente estrangeira, seus livros favoritos e as justificativas de suas escolhas. Beatriz Bracher . Leitura: trecho do romance Angústia, de Graciliano Ramos . Jus...
O alemão Berthold Zilly, tradutor de Euclides da Cunha e Machado de Assis, e o americano Benjamin Moser, de recente sucesso com sua biografia de Clarice Lispector, chamada “Clarice,”, discutiram por que a literatura brasileira tem presença relativamente discreta no cenário internacional. O penúltimo encontro da Flip, numa Tenda dos Autores esvaziada pela debandada de domingo, foi simpático, com os dois falando um português mai...
Teve um público modesto a mesa “Cartas, Diários e outras Subversões”, que reuniu as escritoras Carola Saavedra, chilena naturalizada brasileira, e Wendy Guerra, cubana nunca editada em seu país. Com mediação do também escritor João Paulo Cuenca, elas conversaram sobre como a figura paterna – ou a figura masculina forte – está presente em seus livros (Nunca Fui Primeira-Dama, de Wendy, e Flores Azuis e Paisagem com Drome...
Na mesa “Gilberto Freyre e o século 21”, a última da série de homenagens ao autor de “Casa grande & senzala”, o historiador Peter Burke, o sociólogo José de Souza Martins e o antropólogo Hermano Vianna confessaram sentimentos ambivalentes diante das ações afirmativas, como a política de cotas para estudantes negros: se por um lado há a evidente necessidade de corrigir desigualdades, por outro criam-se novos problem...
Uma edição especial de José e Pilar, com 40 minutos de imagens que foram incluídas e de outras que ficaram fora do documentário sobre a intimidade do escritor português José Saramago e sua mulher, a jornalista espanhola Pilar Del Rio, fechou a programação da Flip neste sábado. Um sábado sem grandes acontecimentos. A mesa dos cartunistas underground Robert Crumb e Gilbert Shelton, que era uma das mais aguardadas da festa, dece...
Os cartunistas americanos Robert Crumb e Gilbert Shelton foram os protagonistas da página mais constrangedora da história da Flip, na mesa “A origem do universo”, que terminou há pouco, com mediação do jornalista Sérgio Dávila. Conversa mole e entrecortada de dois hippies velhos, pontuada de fracas e recorrentes piadas sobre o tamanho dos glúteos das mulheres brasileiras, bastaram dez minutos para deixar claro que a escalaç...
Teve tom biográfico a mesa “Gullar, 80”, protagonizada pelo maranhense Ferreira Gullar no fim da tarde deste sábado, em Paraty. Numa conversa com o especialista em teoria literária Samuel Titan Jr., Gullar relembrou o início da carreira, com o livro Um Pouco Acima do Chão, que não reedita por considerar muito parnasiano, sua contribuição para o surgimento do movimento de poesia concreta, com que romperia depois, seu ...
O processo criativo da escrita foi o tema proeminente da mesa “Albany, Nova York e outras Aldeias”, que pôs cara a cara o americano William Kennedy e o irlandês Colum McCann, neste sábado, na Flip. Jornalistas de formação, ambos fazem da investigação – da reportagem – o caminho para criar personagens e histórias. “Uma das minhas personagens era uma prostituta do Bronx, e minha mãe ficou curiosa par...
O crítico literário inglês Terry Eagleton não fugiu da polêmica com Salman Rushdie (veja o texto abaixo), mas minimizou o papel do autor de “Os versos satânicos” no time de intelectuais liberais que, segundo ele, teve reação de “pânico” ao desafio imposto pelos radicais islâmicos e vem descambando para a islamofobia. Um time que ele escala com Christopher Hitchens e Martin Amis no ataque, reservando a Ian McEwan e Salm...
E a Flip teve sua primeira mesa propriamente flípica. Ao fim da entrevista concedida por Salman Rushdie ao jornalista Silio Boccanera, agora há pouco, o público que lotou a Tenda dos Autores estava cheio de sorrisos. Ali estava, enfim, um peso-pesado da literatura mundial, o homem que ganhou recentemente o Booker dos Bookers por seu livro de estreia, “Os filhos da meia-noite”. Ali estava também um personagem político importante...
Eles evitam o rótulo de escritores politicos – ela diz que sua literatura é “existencial” e ele, que seu foco é a moral humana –, mas a verdade é que a política foi tema quase onipresente na mesa “Promessas de um Velho Mundo”, que reuniu a iraniana Azar Nafisi e o israelense Abraham B. Yehoshua, sob a mediação de Moacyr Scliar. A política e o presidente Lula, alvejado de ambos os lados com críticas e ironias. “O c...
A mesa “Chá pós-colonial” reuniu hoje à tarde dois escritores britânicos assumidamente desenraizados: Pauline Melville, nascida na Guiana, e William Boyd, nascido na África (no que mais tarde seria Gana), concordaram sobre o valor que tem para quem faz literatura a sensação de não pertencer a lugar nenhum. “Quando me perguntam de onde eu sou, dá vontade de responder: ‘Bem, de quanto tempo você dispõe’?”, disse Boy...
O homem que defendeu a miscigenação brasileira, dando a ela um valor positivo, foi também o homem que elogiou Salazar, ditador que impôs um regime autoritário de mais de 30 anos a Portugal. Essa e outras controvérsias foram relembradas na mesa “Além da casa grande”, que reuniu, na Flip, o africanista Alberto da Costa e Silva, a historiadora Maria Lucia Burke e socióloga Angela Alonso, sob a mediação da antropóloga...
A ideia de dividir a participação do historiador Robert Darnton na Flip em duas – nas mesas “O livro: capítulo 1”, ontem à noite, e “O livro: capítulo 2”, hoje de manhã – parecia boa, não só como forma de organizar a grande massa de informação trazida pelo convidado mas também como espelho de uma linha histórica que a presente revolução tecnológica quebra inevitavelmente em pré e pós: a primeira conversa foi...