“Conhecimento do Inferno” (Alfaguara, 248 páginas, R$ 37,90), o terceiro romance lançado pelo escritor António Lobo Antunes, em 1980, fecha uma trilogia que começou a chegar ao Brasil com a publicação, pela Objetiva, de “Memória de elefante” e “Os cus de Judas”. Como a dos outros dois, a narrativa de “Conhecimento do Inferno” é conduz...
E já que estamos no labiríntico assunto de Borges (nota abaixo), uma notícia sensacional: está prestes a chegar às livrarias o que o jornal “Clarín” apresenta como o acontecimento literário do ano na Argentina. E não só na Argentina, observa Jean-François Flogel em seu blog no site Boomeran(g). Trata-se do minucioso e, parece, indiscretíssimo di&aac...
Devo à conjunção de um espelho e uma enciclopédia o descobrimento de Uqbar. A primeira frase de ?Tlön, Uqbar, Orbis Tertius?, o primeiro conto da coletânea ?O jardim de caminhos que se bifurcam?, lançada em 1941, resume Jorge Luis Borges. Ou pelo menos o Borges dos labirintos, da erudição absurda, lúdica e ardilosa, dos tempos paralelos ? tudo aquilo que daria origem ao ...
…a muitas outras pessoas, as possibilidades de se tornarem leitoras foram decididamente vedadas por nosso mundo volúvel e cínico – um mundo aturdido pelo botão de fast-forward, um mundo que iguala o estar quieto no seu canto com o não-ser, um mundo cujos habitantes sentem uma raiva lancinante de alguma coisa sem nome que lhes falta. “Eu não leio ficção”, as pessoas...
Esse premiado anúncio (via Gawker) da agência de publicidade milanesa Saatchi & Saatchi para uma liquidação da rede de livrarias Mondadori – tudo com 30% de desconto, claro – é a prova de que as campanhas de “incentivo à leitura” não precisariam ser a chatice que são....
Como Drummond mirando com perplexidade as pernas dos transeuntes, qualquer um que acompanhe de perto o volume de lançamentos editoriais tem vontade de gritar de vez em quando: “Para que tanto livro, meu Deus?”. Às vezes – nem sempre – é possível surfar a avalanche no contrafluxo e recuperar novidades de ontem ou anteontem. Nos últimos meses, dois lançamentos nacionais que...
Metade da Turquia comemorou o Nobel de Orhan Pamuk, enquanto a outra metade ficou arrasada com a consagração internacional de um sujeito que é considerado traidor da pátria – leia mais sobre as reações, em inglês, aqui. Parece saído de um livro de Pamuk esse embate de consciências irreconciliáveis num país que, até por razões geográfica...
O Nobel conquistado hoje pelo escritor turco Orhan Pamuk será comemorado no Brasil com o lançamento, dentro de duas semanas, de “Neve” (Companhia das Letras, tradução de Luciano Machado, 488 páginas, preço a definir). Trata-se do oitavo romance de Pamuk e, em suas palavras, “o primeiro e último político”. A história é realmente política ...
O prêmio Nobel de literatura para o romancista turco Orhan Pamuk só é surpreendente porque não foi surpresa alguma. Pamuk, de 54 anos, era o favorito este ano e vinha aparecendo entre os principais candidatos há algumas edições do prêmio, mas o Nobel, que gosta de uma surpresa, raramente premia favoritos. Embora o presidente da Academia Sueca tenha negado o caráter polí...
Hoje faz dois anos que morreu Fernando Sabino. Amanhã faz 83 anos que Fernando Sabino nasceu. Tudo isso e mais o carnaval feito pelo caderno “Prosa e verso” do “Globo” com o romance “O encontro marcado” – tratado, a meu ver com exagero, como se fosse um “Grande sertão” ou um “Dom Casmurro” – me motivaram a entrar no debate republicando um artigo que es...
O Nobel de Literatura, que será divulgado nesta quinta-feira, está movimentando as casas de aposta inglesas – o que não é novidade nenhuma num país que aposta até na cor do vestido que a Rainha vai usar amanhã. O romancista turco Orhan Pamuk está disparado em primeiro lugar nas preferências, mas isso não quer dizer muita coisa: Pamuk já era o favorito ano ...
Um belíssimo presente dado pelo “Estadão” de ontem aos seus leitores tem textos disponíveis também a não-assinantes na internet: quatro páginas com uma seleção de artigos do “Suplemento Literário”, lançado em 6 de outubro de 1956 (a primeira versão desta nota dizia, repetindo informação equivocada do jornal, tratar-se de um...
D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente, tem a madre seca, insinuação muito resguardada de orelhas e bocas delat...
No 120o aniversário de nascimento de Manuel Bandeira (1886-1968), sua obra em prosa começa a ser relançada com método em edições caprichadas – e pelo começo. “Crônicas da província do Brasil”, de 1937 (Cosac Naify, posfácio e notas de Júlio Castañon Guimarães, 320 páginas, R$ 48), abre a fila com o requinte típico da...
O Brasil, nariz enfiado no umbigo, finge que não é com ele. Mas continua mundo afora o quebra-pau sobre o futuro do livro e da leitura na era digital, assunto que o Todoprosa – embora seja tão cerimonioso com engenhocas de alta tecnologia que até hoje tem um celular sem câmera, imagine só – acompanha com interesse entre o perplexo e o entusiasmado. O último capítulo &eac...
O último burburinho nos meios literários anglófonos é o conto-do-vigário em que caíram duas editoras de respeito – a Duckworth na Inglaterra e a Overlook nos Estados Unidos – ao comprar como uma legítima obra de não-ficção um livro chamado An incomplete history of the art of the funerary violin (Uma história incompleta da arte do violino funer&aacut...
O que ainda pode haver de tão impressionante num fenômeno que todos sabemos que marca o nosso tempo – o do encontro de atenções cada vez mais dispersas com fluxos de informação cada vez mais acelerados? É uma obviedade que, por alguma razão, nunca nos ocorre quando somos jovens: há livros demais, cada vez mais, e tempo de menos, cada vez menos. Solução n&a...