Mais uma atração pinçada no programa do Festival de Hay, no País de Gales (veja nota sobre a outra abaixo, “Literatura é coisa de homem, diz feminista”). Esta é diferente porque o interesse que me despertou exclui por completo a ironia: o alucinado escritor inglês Will Self, um satirista atormentado que merece o meu respeito, está lançando um novo romance chamado ...
O que é a religiosidade? Aonde nos levará? O livro de Will Self citado na nota acima não é a única evidência de que os rumos do planeta nos últimos anos estão levando a literatura a atacar novamente a questão de Deus – uma questão que, pelo menos desde o século 19, parecia enterrada. Para a melhor literatura, com raríssimas exceções, D...
O editor de livros do “New York Times”, Sam Tanenhaus, fez uma enquete (acesso mediante cadastro gratuito) com centenas de escritores, editores e críticos americanos para descobrir “a melhor obra americana de ficção publicada nos últimos 25 anos”. Ganhou Beloved (“Amada”), de Toni Morrison. Publicado no Brasil ainda nos anos 80 pela Nova Cultural, com tradução...
O programa “Espaço Aberto Literatura”, da GloboNews, vai ao ar neste momento com uma novidade interessante. A repórter Sandra Moreyra conduz a entrevista (no caso, com José Castello, que fala de seu livro sobre João Cabral de Mello Neto) no lugar de Edney Silvestre. Sandra é de uma ilustre dinastia de letrados cariocas, neta de Álvaro e filha de Sandro, e fica bem naquela cadeira. N&...
O romance mais vendido hoje na livraria virtual Amazon, Bad twin, foi publicado na semana passada e logo deslocou o fenômeno “O código da Vinci” para o segundo lugar. A façanha é ainda mais respeitável porque o thriller de Dan Brown, além de ter sua própria história de sucesso, está turbinado no momento pela propaganda do filme nele baseado. Nada disso, poré...
Justo agora que a internet tinha nos convencido de que ninguém agüenta ler textos com mais de duas telas, uma blogueira mineira de 35 anos chamada Ana Maria Gonçalves está lançando o maior romance da literatura brasileira de todos os tempos: 952 páginas. Chama-se “Um defeito de cor” (Record, R$ 79,90) e é uma saga daquelas que, nos Estados Unidos, já chegariam às p...
Vem cá: o livro tinha mesmo que ser tão grande? Não dava para enxugar? – Ele foi bem cortado. Inicialmente, tinha mais de 1.400 páginas. Fiz pelo menos 19 versões do texto e fui tirando várias histórias boas que tinham aparecido na pesquisa, mas que não precisavam realmente entrar. Dava para fazer mais dois livros com o que ficou de fora. Foram dois anos de pesquisa e nove me...
Ana Maria Gonçalves Sentada sob o iroco, a minha avó fazia um tapete enquanto eu e a Taiwo brincávamos ao lado dela. Ouvimos o barulho das galinhas e logo depois o pio triste de um pássaro escondido entre a folhagem da Grande Árvore, e a minha avó disse que aquilo não era bom sinal. Vimos então cinco homens contornando a Grande Sombra e a minha avó disse que eram guerreiros ...
A história de Kaavya Viswanathan, estudante de Harvard de 19 anos que foi do paraíso ao inferno editorial em poucos dias por conta de uma série de acusações – todas fundadas – de plágio, não comoveu a imprensa brasileira. Normal: Kaavya, que até poucas semanas atrás era festejada por seu primeiro romance chick lit (de literatura para moças, no estilo de Br...
Talvez seja exagero atribuir ao caso de Kaavya Viswanathan qualquer importância maior do que a de uma história triste sobre uma moça sem caráter, mas pelo menos um subproduto brilhante a polêmica já gerou: o texto humorístico de Larry Doyle publicado no último número da revista “The New Yorker”, intitulado How Fred Flintstone got home, got wild, and got a Stone Age...
O romancista americano (filho de nigerianos) Uzodinma Iweala, de apenas 24 anos, mais recente atração internacional confirmada na Festa Literária Internacional de Parati, de 9 a 13 de agosto, é um autor inédito no Brasil. Não por muito tempo: a Nova Fronteira prevê lançar em julho, às vésperas da festa, o livro com o qual Iweala estreou há dois anos, “Fera...
Dando uma olhada na programação do festival de literatura de Hay, no País de Gales – aquele que serviu de inspiração para a nossa Flip –, não demoro a encontrar minha atração preferida: uma conferência da feminista australiana Germaine Greer. No próximo dia 27, sábado, ela examinará “a literatura como construção masculina, ...
“Escritores de ficção científica não sabem nada”, declarou certa vez Philip K. Dick. No entanto, sendo um escritor de ficção científica, é possível que ele não soubesse nada. Por via das dúvidas foi criado na Inglaterra o SciTalk, um inacreditável serviço online de aconselhamento científico gratuito a autores que queiram criar c...
Excelente notícia: Carlos Heitor Cony, um dos poucos escritores propriamente ditos da Academia Brasileira de Letras, comemora seus 80 anos (completados dia 14 de março) lançando romance novo, o primeiro desde 2003. Chama-se “O adiantado da hora” (Objetiva, R$ 32,90) e quando sair, no próximo dia 18, promete causar algum escândalo. Nada que se compare ao caso das caricaturas de Maomé &...
O caderno Prosa & Verso, do “Globo”, aproveita a proximidade da Copa do Mundo para pôr novamente na roda uma velha discussão: por que o futebol do Brasil nunca encontrou uma representação literária à altura de sua exuberância? (Re)lançada a questão, alguns craques consagrados foram convidados a comentá-la. E protagonizaram um festival de matadas na cane...
Impossível levar essa discussão sobre futebol x ficção a sério sem ampliar o quadro e tentar entender as relações entre os mundos esportivo e literário de forma mais geral. Não fiz nenhum estudo aprofundado – isso aqui é um blog, os estudos aprofundados ficam do outro lado da rua –, mas os dois universos parecem, com as exceções óbvias...