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Vai-se a Flip, fica o toque: falar sobre escrever não é escrever

13/07/2011

Estou ciente de que há escritores que evitam com sucesso jamais ter que escrever uma linha. Qualquer energia criativa que eles possam ter foi completamente absorvida por atividades substitutas. Tais atividades costumam incluir vestir-se, soar e posar (quando não beber – na verdade, normalmente beber) como um autor, de modo que esses indivíduos conseguem ser muito mais convincentes como artistas da frase bem torneada do que muita gente que de fato já publicou. Quando eu estava começando a escrever, esses tipos me deixavam bastante confusa. Em casa, eu (…) não sabia o que queria dizer, ou se realmente gostaria de dizê-lo, ou se alguém queria que o dissesse. No mundo lá fora, havia todas essas fantásticas desculpas para nunca mais me preocupar com tais coisas. Eram tentações. Mas consegui compreender que eram também um horrível beco sem saída.

Terminada a Flip, vistoso buquê de “becos sem saída”, é hora de sentar e escrever. Mas talvez valha a pena ler primeiro esse artigo (em inglês, acesso gratuito) da escritora escocesa AL Kennedy no blog do “Guardian” sobre a eterna tentação do adiamento, disfarce da covardia, que me lembrou aquele toque lapidar do americano E.L. Doctorow:

Planejar escrever não é escrever. Traçar o projeto de um livro não é escrever. Pesquisar não é escrever. Falar com as pessoas sobre o que você está fazendo, nada disso é escrever. Escrever é escrever.

4 Comentários

  • Vàrio do Andaraí 13/07/2011em13:07

    Vc manda bem, batuta.

  • clarisse 14/07/2011em00:46

    Cansa.E é tão duro, que as vezes dá febre.Processo difícil de conciliar com a vida real. Só mesmo a perseverança salva.

  • Nilton Resende 16/07/2011em16:18

    arretado.
    por isso, estou saindo e vou escrever.