A meia dúzia de contos abaixo – todos acessíveis a quem clicar sobre os títulos, sem necessidade de baixar arquivos – deixa claro que as relações entre a folia momesca e a literatura brasileira, com perdão do clichê, sempre deram samba.
Destaque absoluto para o aterrorizante O bebê de tarlatana rosa, obra-prima de João do Rio, imbatível na captação do lado negro de uma festa solar. De resto, tons sombrios se fazem presentes – o que, pensando bem, não chega a ser surpresa – em praticamente todas as histórias.
Pena que o conto Caprichosos da Tijuca, de Marques Rebelo, e a crônica A batalha do Largo do Machado, de Rubem Braga, não estejam online. Presenças obrigatórias em qualquer antologia analógica sobre o tema, espero que esta menção compense de alguma forma sua ausência. O conto de Rubem Fonseca tem apenas um trechinho disponível, mas sua qualidade me levou a incluí-lo na lista mesmo assim.
Por fim, peço desculpas ao leitor pelo atrevimento de me meter em tão ilustre companhia, mas, caramba, é carnaval. Não há quem se fantasie de Napoleão?
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1. João do Rio: O bebê de tarlatana rosa, incluído em “Os cem melhores contos brasileiros do século” (Objetiva).
2. Clarice Lispector: Restos do carnaval, de “Felicidade clandestina” (Rocco).
3. Aníbal Machado: A morte da porta-estandarte, do livro de mesmo nome (José Olympio).
4. Lygia Fagundes Telles: Antes do baile verde, do livro de mesmo nome (Companhia das Letras).
5. Rubem Fonseca: trecho de Fevereiro ou março, de “Os prisioneiros” (Agir).
6. Sérgio Rodrigues: A máscara, ainda inédito em livro.
9 Comentários
Adoro o tema. No meu primeiro livro (“Memória dos barcos”) tem um conto de carnaval. Em “Somos todos iguais nesta noite”, dois. E no que vem aí, mais uma história. Abraço!
Um conto ótimo sobre o carnaval de Recife é Catana, que foi publicado no livro Retratos Imorais de Ronaldo Correia de Brito. A história é reveladora, usa o ponto de vista de um hospital público pra descrever um dos lados do carnaval daqui.
Prezado Sérgio,
obrigado, em especial, pelo conto de Clarice Lispector.
Eu não o conhecia. Uma pequena maravilha.
Sérgio,
Parabéns pelo seu conto. Não deve nada aos outros. E olha que a comparação é pesada.
Obrigado, Humberto. Um abraço.
Tentando não por no meu blog o mesmo de sempre e procurando por conto de carnaval, ví sua informação de inexistência (até o ano passado) de A Batalha do Largo do Machado,R.Braga achei por bem postá-lo.(http://www.livroerrante.blogspot.com/2012/02/conto-de-carnavalbatalha-do-largo-do.html) Lá também já consta O Poço da Panela de Olegário Mariano, poema completo e com grafia original. http://livroerrante.blogspot.com/2011/10/segunda-feira-poetica-o-poco-da-panela.html)abraço.
Um folião chamado Rubem Braga | Sobre Palavras - VEJA.com
Caro Sérgio,
Acabo de disponibilizar “Caprichosos da Tijuca” de Marques Rebelo. Não conhecie e adorei.
http://www.livroerrante.blogspot.com/2012/03/quarta-feira-e-dia-de-caprichosos-da.html
Que cena! O horror carnavalesco de João do Rio | Todoprosa - VEJA.com