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Picaretagem indômita, ou como forjar um best-seller

11/02/2011

Advertência: esta história é um conto amoral que diz mais sobre os mecanismos do sucesso editorial do que o estudo aprofundado das obras completas de Paulo Coelho.

No fim do ano passado, aparentemente julgando prescrito seu crime, o veterano produtor de Hollywood Bob Rehme recordou um episódio pitoresco que vivera em 1969 como executivo da Paramount. Rehme estava encarregado de promover o filme “Bravura indômita” (True grit) – o primeiro, que valeu o Oscar a John Wayne e que não deve ser confundido com a obra dos irmãos Coen que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

Ocorre que a Paramount havia comprado os direitos do livro homônimo, de autoria de Charles Portis (no qual se baseiam os dois filmes e que está sendo lançado aqui pela Alfaguara), antes mesmo de sua publicação. Apostava num sucesso de vendas, sobre o qual erguera toda a estratégia comercial do filme: “baseado no best-seller” era uma frase fundamental nos cartazes. Mas, embora o livro tivesse colhido boas resenhas, o aguardado sucesso se recusava a vir. E agora?

Fácil: aproveitando-se do fato significativo de que uma pequena fração da verba promocional à sua disposição era suficiente para comprar milhares de exemplares de qualquer livro do mundo (cinema não é literatura, buster!), o indômito Bob Rehme mandou fazer exatamente isso. Não sem antes, competente, levantar a relação das livrarias que o “New York Times” monitorava para apurar sua prestigiosa lista de mais vendidos. O resto é história.

Nunca um lugar no alto do rol de best-sellers foi tão garantido. O que é um golpe de marketing e tanto, mas, pensando bem, de uma simplicidade tão desconcertante que admira não ter sido empregado muitas outras vezes – inclusive no Brasil, onde o preço do ingresso nesse Olimpo é bem mais baixo.

Mas, pensando um pouco mais, quem disse que não foi?

13 Comentários

  • Tomás 11/02/2011em16:36

    Realmente, segundo o Publishnews, na última semana foram comercializados 2.355 exemplares de “A Cabana”, o mais vendido da vez. O livro custa em média R$20. Por R$47 mil, portanto, está feito o best seller. Um investimento considerável, mas talvez pequeno diante do retorno midiático que garante.

  • Sudário de Jesus 11/02/2011em20:14

    É por isso que não leio best-sellers.

  • evandro luiz 12/02/2011em17:23

    KKKKAAAAARRRRRAAAAA,,,,EU ERA PARA TADDDDDDDDDDDDDDDDDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOIIIIIIIIIIIIDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDOOOOOOOOOOOOOOOO DE INVEJA QUANDO DESCOBRI SEU TRABALHO,SURPRESA INCONTESTAVEL<<<<<FORÇA,SAUDE E SERENIDADE

    • sergiorodrigues 14/02/2011em14:31

      Valeu, Evandro. Um abraço.

  • Noah Mera 19/02/2011em22:28

    Mas essa é veeeeelha, utilizada em toda indústria cultural e já foi mostrada até no cinema nacional, no “Dois Filhos de Francisco” quando o tal do Francisco compra fichas de telefone pra todo mundo pedir música dos filhos na rádio. A mãe dos irmãos Baptista dos Mutantes também inflava as vendas dos filhos no começo da carreira da banda. Nada de mais nesse expediente. Quem acredita em Best Sellers, afinal?

  • Kars J. 24/02/2011em00:34

    Interessante isso! Vou fazer o mesmo com o meu livro.

  • Miguel Hermógenes 09/04/2011em21:37

    Pois é: Por isso ficamos sem bons escritores. Os leitores que se dispõem a visitar as livrarias encontram nos locais privilegiados os livros dos escritores estrangeiros. Por quais motivos eles ganham tanta visibilidade nestas nossas terras? Falo dos “famosos” todos em regra geral best-seller, com visibilidade e preços “baixos”. Eles sempre estão na mídia e nas melhores posições nas listas dos melhores e mais vendidos. Enquanto isso, como ficam os nossos escritores, os nacionais é claro?
    O meu livro já começa a ser distribuído para algumas livrarias. É vendido e bem vendido em meu site. Os meus amigos das redes sociais, compram comentam, recomendam e curtem. E minha pergunta/questão:
    Onde estão os meios de comunicação que não se preocupam em ajudar a cultura nacional? Afinal de contas, elas não servem para divulgar, entreter, educar e por ai em diante? Pois é: assim seguem os escritores como eu, “anônimos” e “descamisados” do apoio dos grandes formadores de opinião. Os veículos vão falar dos “famosos” os ditos Best Seller.
    Outro dia eu andava no Shopping Itaipu Multcenter em Itaipu Niteroi, rio de janeiro. Neste Shopping a tem a livraria Labyrintho e ela havia recebido o meu livro: Guíllaume a voz do silêncio. Mesmo sem apoio da mídia, o livro segue, devagar, e está vendendo servindo e seguindo seu caminho. Para meu espanto, duas pessoas me pararam, uma no supermercado Extra no interior do Shopping, outra quando comprava chocolates. Elas estavam com o meu livro e me reconheceram, por causa foto na contra capa do livro e do meu costumeiro chapéu. Eu estava ali, com os leitores e seus acrescentamentos. Eu o jornalista vivia ali o encontro com a minha “noticia” pessoal. Mas isso não é noticia que se publique. Um autor “anônimo” andando por um shopping ser parado e reconhecido. Fico a imaginar se os meios de comunicação começassem a verificar nas redes sociais os nossos autores que vão sobrevivendo a todo custo. Pois é: mas isso não interessa, falar de anônimos. Falar dos autores que não compram espaços e se prestam a outras “coisitas” mais. Miguel Hermógenes

  • Miguel Hermógenes 17/05/2011em08:45

    Meu Convite: Estou convidando a todos os amigos para o
    Lançamento livro: Guíllaume a Voz do Silêncio.
    Anote na sua agenda. Quando: dia 22/05/2011 Horário: às 18:00 horas. Local: Shopping Itaipu Multicenter – Na livraria Labyrintho Estr. Francisco da Cruz Nunez 6501 – lojas 171/172 Rio de janeiro – Niteroí
    Você é nosso convidado especial para o lançamento do Livro: Guíllaume a voz do silêncio.
    A Editora Livre Expressão, a Livraria Labyrintho e o escritor M. Hermógenes
    Têm o prazer de convidá-lo (a) para o lançamento do Livro:
    Guíllaume a voz do Silêncio.
    http://www.mhermogenes.com.br

  • Raquel Sallaberry 26/03/2013em14:04

    Sergio,
    e agora também temos as estatísticas falsificada em sites e blogs que gritam “Olha só! Temos um quaquilhão de pageviews por segundo.”

    • sergiorodrigues 26/03/2013em21:51

      É verdade, Raquel. E essa fraude digital é mais baratinha que a do best-seller. Um abraço.

  • Robert 29/03/2013em15:32

    [Mas, pensando um pouco mais, quem disse que não foi?]
    O Chalita pode escrever um best-seller sobre o assunto.

  • guilhermino 12/04/2013em14:10

    Não foi isso que o Chalita fez? A C.O.C. comprou seus livros …