Num só golpe, e sem sentimentalismo, Alex é realinhado. Ele agora foi equipado com uma alma, até mesmo com uma suspeita de inocência. Burgess ventila a sugestão sinistra, mas não implausível, de que Beethoven e Birkenau não apenas coexistiram, mas se combinaram e conspiraram, inspirando sonhos loucos de supremacia e onipotência.
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A propósito, isto é para quem não resiste a uma lista, por mais questionável que ela seja: o site Popcrunch escolhe os 16 (estranha opção numérica) maiores romances distópicos de todos os tempos, por ordem decrescente de grandeza. Todos escritos em inglês, claro, em lógica semelhante àquela que transforma em World Series o campeonato americano de beisebol (embora seja preciso reconhecer que o gênero se confunde com a anglofonia, a inclusão de um “1Q84” de Haruki Murakami, por exemplo, faria maravilhas pela credibilidade da lista). “Laranja mecânica” pegou medalha de bronze, à frente de “Admirável mundo novo” e “1984” e atrás apenas de “A estrada”, de Cormac McCarthy”, e do campeão The Diamond Age, de Neal Stephenson, inédito no Brasil. Então tá.
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Como vivemos em admiráveis tempos digitais, e vêm aí dois dias de folga, deixo de presente a quem se interessar uma preciosa entrevista do grande Julio Cortázar a Joaquin Soler Serrano para o programa A fondo, da Radiotelevisión Española, em 1977 – um dos últimos anos em que foi possível ter aqueles dentes impunemente. (Gracias ao amigo Ernani Ssó.) São mais de duas horas de papo que fazem justiça ao nome do programa, um longa-metragem inteiro. Bom fim de semana a todos.
httpv://youtu.be/gmj2KvRVW1E
6 Comentários
Sobre a parte das distopias: gostei muito de ver vários comentários mencionando o escritor russo Yevgeny Zamyatin e sua ótima e influente ficção científica ‘Nós’ (http://www.guardian.co.uk/books/booksblog/2009/jun/08/george-orwell-1984-zamyatin-we). Existe uma edição em inglês cuja capa é uma das coisas mais criativas e geniais que já vi: http://4.bp.blogspot.com/-d_D7FHjCwys/TeiOIOsNNfI/AAAAAAAAC-A/21UYirjOhGc/s1600/we.jpg.
Acho que o texto não responde à questão levantada no título.
O artigo de Amis responde sim, sem dúvida. Concordar com a resposta dele é outra história.
Sergião:
Dá uma olhada nisto aqui: http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/libros/10-4783-2012-09-03.html
Abraços!
Sensacional a história, xará! Valeu, grande abraço.
Ah, mas isso tudo é maravilhoso até a última linha, Karam!
Um abraço a todos.