O escritor angolano José Luandino Vieira, 71 anos, recusou o Prêmio Camões, o maior da língua portuguesa, no valor de 100 mil euros (quase R$ 300 mil), informou hoje o Ministério da Cultura de Portugal. Luandino alegou “razões pessoais, íntimas”, o que é esquisito. Se a recusa fosse uma atitude política contra a ex-metrópole, seria uma coisa – e não surpreenderia ninguém que conhece a obra ou a vida do angolano, que foi preso pelo regime salazarista e passou oito anos num campo de concentração. Nesse caso, o gesto viria acompanhado de um belo discurso. Mas enjeitar uma grana dessas na moita, alegando razões íntimas, em vez de, digamos, aceitar o prêmio e doá-lo a alguma instituição séria de seu país miserável, é mais difícil de entender.
65 Comentários
a arte, meu caro, é muitas vezes difícil de entender. especialmente nesse nosso mundo mercantilizado. Luandino é um fora de série.
Caro Ricardo: ah, bom, agora entendi tudo. Um abraço.
Eu achei elegante: uma recusa e uma desculpa esfarrapada, sem libelos, nem índios recebendo estatuetas. Não sei se a literatura dele presta, mas o gajo tem caráter.
well…já pensou na romaria de pedintes,ongs,instituições de caridade e movimentos sociais (sem falar “naqueles” parentes) batendo na porta do rapaz atrás de uns trocados?
Dá prá viver sem isso,sim….
Lindo, correto, excepcional. EU não recusaria e, creio, nenhum de vocês.
Mas…
E ele não tem o direito de recusar? Contudo, eu também não recusaria…
Mas criticá-lo desta forma por considerar que ele deveria aceitar a grana obrigatoriamente porque o seu país de origem é pobre, aí já é demais!
Vamos ter mais respeito com um escritor que acaba de ser premiado, independentemente de ele ter recusado o prêmio!
E estonteante diante da dificuldade de se achar uma explicação plausível sobre o fato dele nao querer o money mas aqui venho com uma bem convincente e que o dito cujo faz parte da máfia dos sangue-sugas agora me diga pra que 300,00 agora na conta para que a PF venha ainda mais em cima do rapaz senhores rsr!!!!
Essa decisão pode ter um que de extraordinária… mas vejo nela, por outro lado, uma espécie de egoísmo às avessas, de insensível desprendimento, ou mesmo, noutras palavras, uma humildade arrogante, inclusive ofensiva…
Para mostrar ao mundo que nem só de dinheiro vive o homem, existem valores mais importantes e o dinheiro ou não compra ou os afasta. Um exemplo difícil de ser seguido em um mundo coq
nsumista e capitalista. Possivelmente no momento de vida dele ele seja mais feliz
De fudê…
Para mostrar ao mundo que nem só de dinheiro vive o homem, existem valores mais importantes e o dinheiro ou não compra ou os afasta. Um exemplo difícil de ser seguido em um mundo consumista e capitalista. Possivelmente no momento de vida dele ele seja mais feliz sem esse dinheiro do que com os problemas que teria lá com tanto dinheiro assim.
Vocês não se lembram do taxista, porteiro, ascensorista,…, que encontrou 10 mil dolares perdidos e buscou o dono até devolver?
Quantos fariam isso?
Pois eu achei de um desprendimento, de uma firmeza e de uma elegância (pelas razões alegadas) fora do comum. Parabéns pra ele!
Uai, será que o escritor, pelo mero fato de se tratar de uma boa bolada, tem qualquer obrigação de vir a público e abrir o livro de sua vida (para os abutres da mídia, ainda, aliás…)? Não está no direito de recusar? Acho estranho o julgamento, aqui, sobretudo por estar acompanhado da receita: fazer caridade. Deixemos o homem em paz.
Realmente trata-se de um gesto diferenciado (e incomum) negar um prêmio deste quilate, mas discordo da colocação de que Angola seria um pais miserável. Está, sim, em frangalhos por conta da guerra civil, mas o processo de recontrução se dá com petrodólares próprios, sem endividamento.
Só pra endossar o Zé…Lula…. e eu que jamais imaginei ser capaz de endossar qq coisa vinda dele (s)……rs…
O Luandino Vieira recusou o prémio porque ele vive para escrever e não para se imolar no altar da fama. É um dos maiores (re)criadores da língua portuguesa muito antes das modas Mia Couto e Saramago. Escritor adulto, sábio imune às sereias do poder cultural e ao narcisismo requentado de tantos que para aí andam, Luandino Vieira foi, é e será o exemplo do respeito e da dignidade que não se vendem.
Um gesto bastante nobre, e certamente incompreensível para quase todos. Por isso o homem é especial. Não escreve apenas por dinheiro.
Se tivesse recebido o prêmio e doado para alguma instituição que ajude aos pobres famintos de seus país. Aí, sim, eu lhe condecorraria com uma salva de palmas. Porém…
Quanta bobagem. Quem foi que disse que foi um ato nobre? Não foi ele, com certeza, que teve o cuidado de não alegar nada além de problemas particulares. Pode ter sido porque ele não gosta de viajar de avião, por exemplo. Ou porque tem flatulência. Ou porque está gagá. Deve existir um milhão de outros possíveis motivos mesquinhos, rampeiros, fúteis, alienados.
Esse pobrismo infantil e goiaba dos que acham bonito (o outro) viver sem dinheiro é, como diz o tal do Zé Lulla aí em cima, ducaraco. Rico não presta, pobre é que é bom. Vão crescer um pouco, vão.
Peter Brake, e desde quando R$ 300 mil fazem do cara rico?! Que miséria a sua!
Alyne Dória (é parente do Pedro?), você é bem tolinha, né? Acredita em ONGs e aposto que doa para o Criança Esperança. Bunitinho, mas ordinário de sua parte.
Pelo menos, não deve gostar nada de dinheiro… num mundo como o de hoje, isso é coisa de alguém com muita atitude ou com sérios problemas psicológicos…rs.
Feliz dele, afinal, o prêmio já foi dado… esse negócio de recusar o prêmio é sem sentido, afinal já está feito. Quando anunciam que será dado, já está dado… A pessoa pode recusar o dinheiro, a cerimônia, etc., mas para a história vai como alguém premiado (talvez os que “recusam” até são os mais lembrados…rs.).
Aos 71 anos ninguem necessita de tanto dinheiro, ja que chegou até esta idade sem te-lo, só no Brasil tem esta cultura de quanto mais melhor, este quanto mais melhor explica um monte de problemas sociais aqui!
Tens razão, Luis Antonio, vai ver que foi este o motivo, torpe e vil, e não belo e nobre, para a recusa do prêmio: achou que era uma merreca.
Puta que o pariu que eu já falo um palavrão! Caraca, clovisdani, protofilósofo do pobrismo, quer dizer que aos 71 anos não precisa mais de dinheiro? Vai ser burro e simplório assim lá na casa do lalau.
Gostaria de saber qual é a prosa/poesia/conto…. talvez isso explique o pq da recusa…
O cara está gagá, galera!
Poderia ter sido assertivo, renegar , para si, o dinheiro mas doá-lo para alguma instituição que tenha apreço….só que tem uma coisinha…vai ver que as ONGs lá sejam todas repletas de maracutaias e ele não confie em nenhuma! Muito provável que seja assim. Mas sei lá ainda teria o Medicin Sen Frontier que provavelmente está em Angola, Cruz Vermelha ou diabo que seja.
Foi muito egoísmo do cara, não importa que seja grande na literatura. Foi mesquinho!
Abs.
Médecins Sans Frontières, eu quis dizer!
Abs.
Luandino … vive no mundo da Lua.
Caro Sérgio: como você escreve besteiras. Todos os seus textos, sem exceção, são vazios, carregados de opniões incoerentes e preconceituosas. Difícil de entender.
Ora Bolas! O prêmio foi dele, o sucesso é dele, as razões são as dele. Se uma pessoa competente, merecedora de um prêmio destes, aos 71 anos não pode recusar um prêmio, alegando razões íntimas dele, não seremos nós que vamos sugerir qual ONG que ele deve enviar o fabuloso prêmio. Parabéns aos poucos que ainda tem “razões íntimas”
O cara simplesmente recusou o dinheiro porque lá no país dele isso não é de tanta importância. Como disse o colunista que o país aonde ele vive é miserável, e é mesmo miserável, mas em relação ao nosso mundo capitalista cruel, então o que ele faria com tanto dinheiro lá naquele país? Nada. Sair de lá? Pode até ser mas esses R$300.000,00 serviria somente pra ele sair para umas férias com a família e vivenciar a podridão do nosso mundo capitalista doente, E acho que ele não aceitou porque ele já conhece bem…
Que isso quanto mais se vive sem dinheiro mais se cultua o laço família, amizade, amor, patriotismo, tolerância, paciência, fraternidade… Isso não é desesperança da parte dele, pelo contrário deve ser muita satisfação pessoal!
Cada Um, Cada Um.
E Pronto,Sem Comentários.
Comeu merda. Só pode.
Bom, é surpreendente a notícia. Entretanto, se ele disse que tinha suas razões para não receber o prêmio, então devemos aceitar. E as razões devem ser pra lá de fortes.
Bom, parabéns para ele pelo reconhecimento do seu trabalho. Recebendo o dinheiro ou não, seu trabalho não tem preço.
Que mundo esse! onde recusar dinheiro causa tanta estranheza!
“Esquisito” … Foi isto que li ??? O redator do comentário considerou a recusa do premiado como “esquesita” ??? Achou suas “razões pessoais íntimas” esquisitas ??? Conhece-as … certamente !!! Ao menos, verborrage como se as conhece. Só não nos revela quais são. E, ainda assim, preconiza melhor procedimento diverso. Quem é o grande executivo que mantém este boçal como redator comentarista da página?
Parabéns a ele pela premiação! Caso ele possa voltar atrás e aceitar o prêmio, estou disposta em aceitá-lo como doação. Quer o n da cta?
Cláudia mercenária !!!
Tens algo de bom para ofertar e merecer a benesse?
Não vamos criticá-lo; cada um é cada um, ou seja: ele tem o direito de fazer o que bem entende com a escolha do seu nome, o resto é papo furado; por isso devemos respeitar a sua decisão, não importa não que ele a tomou; já temos censores demais no mundo.
Caro Sergio,
Esse texto, sobre a redução da longevidade dos best-sellers, é bem interessante:
http://www.lulu.com/static/pr/05_19_06.php
NO MUNDO ONDE MERCENARIOS SÃO PAGOS PARA MATAR , ONDE TAMBÉM MULHER CASADA POSA NUA EM REVISTA, ONDE CRIANÇAS DESFILAM EM PASSARELA SEXY, POLITICOS , JORNALISTAS SÃO PAGOS PARA SERVIÇOS EXCUSOS , PADRES E PASTORES NO CONGRESSO BRASILEIRO ROUBAM DINHEIRO DO POVO …… É MESMO ESQUISITO. MAS TALVES O ESCRITOR ANGOLANO SEJA UMA DAQUELAS PESSOAS QUASE EXTINTAS, PESSOAS QUE TEM CARATER , MORAL , E CONSCIENCIA . TALVEZ SEJA ISTO .
Eu acho que ele recusou para ganhar um tópico no Ibest falando dele
Vai ver ele não concorda com os 20% da caixinha…
A melhor resposta pode ser encontrada lendo um pouco da sua obra. Foi o que fiz. Não há incoerência – ignorância talvez:
Sons
A guitarra
é som antepassado
Partiram-se as cordas
esticadas pela vida.
Chorei fado.
Que importa hoje
se o recuso:
o ngoma é o som adivinhado
Não conheço a obra do sr. Luandino. Será que os comentaristas mencionados conhecem? O que tem a ver premio aceito ou não com riqueza de um pais, que talvez eles não conhecem, e que não é tão pobre assim, como eles dizem, pois ali existe petroleo, ouro, diamantes, minérios variados, e outras riquezas, que eles não conhecem e que no futuro será um grande pais, pois que pais grande, já é . Se ele não recebeu o prémio é porque talvez não necessite, e se não doou para ongs ou outros ditos sem fins lucrativos, talvez soubesse de antemão que tal valor não iria chegar à barriga de tais necessitados, mas sim engordar a conta de algum bem-feitor desonesto.
O que me estranhou é que materia no UOL afirma que este premio foi criado pelos governos do Brasil e Portugal em 1988 (salvo engano). E, me intriga, de onde vem este dinheiro?
Neste caso, para onde vai?
Seria um gesto belo se ele fosse utilizado para um concurso para os literatos pobres que ainda nao conseguiram, por falta de verba, divulgar o seu PROPRIO VERBO. o que acham?
Luandino, em minha humilde opiniao esnobou o premio. Talvez, pelo fato de que o premio tem a inscricao de Camoes. O nome de Camoes. Luzitano. Poeta maior ou nao, nao vem ao caso.
Luandino, 71 anos tem direito a dizer nao. Afinal, isso nao é prerrogativa basica de nacoes ditas democraticas?
Quanto a justificativa, penso que ele deveria aproveitar o ensejo para descrever suas laudas de protesto. Seja por qualquer motivo. Eu protestaria (caso tivesse essa tentacao de nao aceitar. rsrsss.) contra mil coisas horrorosas que persistem no século XXI.
Luandino tem TODO o diretito de se Gagá!!
:o)
Ôôpa….”de seR Gagá!
Desculpem.
Luandino Vieira, grande artista e escritor. Autor de maravilhas como “Luanda”, livro premiado pela Sociedade Portuguesa de Escritores nos anos 60. Em represália, a ditadura fascista de Salazar fechou essa entidade.
Luandino é auto-reconhecidamente muito influenciado pela literatura brasileira, em particular o romance nordestino dos anos 30. Tem também especial predileção por Guimarães Rosa, influência visível.
Luandino Vieira, além de grande escritor da nossa língua portuguesa, deste mais uma lição de dignidade.
Como teu admirador, agradeço a atitude agora tomada, própria de um grande escritor e humanista.
Desculpem, mas não é nada de tudo que foi dito acima. Ocorre que a notícia veio escrita em “novo jornalismo”. Ou seja, aquele que apura errado,omite informações, distorce o pouco de verdade que existe e é escrito com muitos erros. É só isso, não se espantem.
Não custa relembrar …
w w w . v a g a l u m e . c o m . b r
Milton Nascimento – Guardanapos De Papel
by Léo Masliah
Guardanapos de Papel
Na minha cidade tem poetas, poetas,
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas,
E sempre aparecem quando menos aguardados, guardados,
guardados,
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados.
Saem de recônditos lugares no ares, nos ares,
Onde vivem com seus pares seus pares, seus pares,
Seus pares e convivem com fantasmas multicores, de cores, de
cores,
Que te pintam as olheiras e te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas partidas, partidas,
Entre mortos e feridas, feridas, feridas,
Mas rexistem com palavras, confundidas, fundidas, fundidas,
Ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas.
Não desejam glorias nem medalhas, medalhas, medalhas,
Se contentam com migalhas, migalhas
Migalhas de canções e brincadeiras com seus versos dispersos,
dispersos,
Obcecados pela busca de tesouros submersos.
Fazem quatrocentos mil projetos, projetos, projetos,
Que jamais são alcançados cansados, cansados,
Nada disso importa enquanto eles escrevem, escrevem, escrevem,
O que sabem que não sabem e o que dizem que não devem.
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas,
Como se fossem cometas, cometas, cometas,
Num estranho céu de estrelas idiotas e outras, e outras,
Cujo brilho sem barulho veste suas caldas tortas.
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas,
Esvaindo-se em milhares, milhares,
Milhares de palavras retorcidas e confusas, confusas, confusas,
Em delgados guardanapos, feito moscas inconclusas.
Andam pelas ruas escrevendo e vendo, e vendo,
Que eles vêm nos vão dizendo, dizendo,
E sempre eles poetas de verdade enquanto espião e piram, e
piram,
Não se cansam de falar do que eles juram que não viram.
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas,
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas,
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro, inteiro, inteiro,
Fossem vendo pra depois voltar pro Rio de Janeiro.
zzz…
Pelo jeito, todo mundo já notou que você é jumento… Fico satisfeito com isso.
Em 1965, Luandino Vieira não pôde aceitar ou recusar o grande prêmio de novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores: estava preso em Tarrafal, dizem que com água até o joelho. Mas toda a mídia portuguesa, sob controle salazarista, nos insultos diários com que o “premiava”, se recusava até a dizer-lhe o nome (no caso, pseudônimo, já que seu nome verdadeiro é outro), classificando-o apenas como “terrorista”. Para que então, agora, aceitar este prêmio que parece apenas ser um tardio remorso institucional? É o próprio Luandino que parece falar, na epígrafe em quimbundo que antece seu livro “Nós, os do Makulusu”: “Porque de onde vimos já nada há a ver. O que procuramos está para onde vamos.” Caráter e inteireza são coisas raras hoje em dia…
Ah! Agora o escritor de beato passou a santo.
Entao vamos preparar um jingle, uma escultura e procissao…
Luandino Vieira não tem nada de “santo”. Por sinal, ele é comunista de primeira hora, ainda do tempo do Stalin e sua literatura é toda ela marcada por um estoicismo muito grande. Hoje em dia, parece que ele mora num convento e sua atitude, ao recusar o prêmio, tem muito a ver com isto. Neste momento em que todo mundo quer é participar do “Big Brother” o homem representa realmente um caso raro. Será que não se pode mais ter certos valores morais sem se tornar alvo de chacota?
Luandino não pode ser adepto do arcaísmo comunista… Se o fosse, pegaria o dinheiro e pensaria em como usá-lo para destruir o capitalismo.
Em minha opinião ele é apenas um pobre diabo.
Só uma pergunta: os que estão criticando tanto a decisão absolutamente PRIVADA e desinteressada de Luandino Vieira já leram algum de seus livros? Tempos atrás, a Editora Ática, de São paulo, publicou aquele que é o mais simples de todos, “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, que correu mundo também por ter servido de original para o primeiro filme angolano, “Sambizanga”. Internacionalmente, Luandino Vieira é o mais respeitado escritor afriano lusófono e se não o conhecemos mais no Brasil podem ter certeza que a perda é nossa…
Pedro Curiango também é um pobre diabo -é natural que defenda Luandino.
Em tempo: Sérgio Rodrigues também é um pobre diabo – é natural que ataque Luandino.
Acreditem ou não: Zurf NÃO é um pobre diabo!
Não. Sou um diabo pobre.
O que lhes parece mais promocional — aceitar um prêmio ou recusá-lo?
Aceitar ou recusar prêmio – qual será melhor promoção? A pergunta é interessante. O único outro caso famoso que conheço é o de Sartre, recusando ANTECIPADAMENTE, o Nobel de Literatura. Na verdade, não creio que tenha aumentado ou diminuído em nada sua fama. Mas fica claro, em ambos os casos, que havia princípios mais importantes que a falsa notoriedade e fortuna oferecidas pela tentativa de cooptação institucional. Por outro lado, ironicamente, receber notoriedade por um ato como estes lembra-me um personagem antigo, Eróstrato, que pôs fogo num edifício importante para ficar famoso. Sartre, por sinal, tratou dele num conto em “O Muro”. Recentemente um autor de língua inglesa, Martin Amis, escreveu um conto intitulado “The Last Day of Muhammad Atta” [The New Yorker, 24-abril-06], no qual o líder terrorista, querendo terminar sua própria vida, acaba por fazer que seu último dia seja a eternidade. A ironia disto tudo é que Luandino Vieira será sempre lembrado enquanto durar a história deste prêmio como aquele que foi o primeiro a recusá-lo. Por respeitá-lo como escritor e à sua experiência de vida, prefiro acreditar que tenha sido por princípios que preferiu, modestamente, não tornar explícitos e não por busca de promoção, coisa de que ele realmente não precisa.