A editora inglesa Penguin está comemorando os 60 anos da coleção Penguin Classics. A festa é justificada: a empresa criada por Allen Lane em 1935 fez tanto sucesso com sua estratégia editorial revolucionária que se tornou a maior responsável por trazer a literatura – um tanto tardiamente – para a era da comunicação de massa.
A idéia de publicar conteúdo de qualidade em brochuras industrialmente baratas – suporte reservado até então à subliteratura e a reedições sem cuidado de textos caídos em domínio público – estreou no mercado em 1935. Trazia textos de autores (então) contemporâneos, como Agatha Christie e Ernest Hemingway.
Só na década seguinte os clássicos entraram na dança, e o público, para surpresa de muita gente, continuou comparecendo. “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence, lançado em 1960, chegou a vender o número até então inconcebível de 3,5 milhões de exemplares.
Para comemorar a data, a Penguin preparou uma lista dos cem melhores títulos da história da coleção – leia a reportagem do “Times”, em inglês, aqui.
10 Comentários
Sérgio,
a Penguin é uma delícia.
Já pensou se tivéssemos uma similar em português, ou uma espécie de “filial brasileira” e ler clássicos com quase 500 páginas, novo em folha (note-se as letras pequenas e entrelinha mínima) por seis reais? como eu comprei na última bienal(a única coisa que valeu, que lugar medonho). A edição é barata, papel jornal, folhas soltas coladas, mas bem coladas e suportam o manuseio por muito tempo.
Os ingleses devem se orgulhar da Penguin, mesmo hoje pertencendo a um grupo internacional, que manteve o nome pela força e o significado do pequeno pingüim.
Para mim a Penguin é uma prova de civilização.
Bom domingo, Raquel
E aqui, quando tentam fazer alguma coisa parecida, pra sair barato, nos dão os horrorosos livros da Martin Claret, que poderiam entrar para uma outra lista: as capas mais feias da história.
É, Martina, aqui no BR se confunde pop com baixo custo de produção. É uma pena! Isso vale tanto pra Martin Claret quando para aqueles clássicos brasileiros que volta e meia saem atrelados a jornais.
Sérgio, conseguí entrar em contato com os Clássicos, através da Nova Cultural Ltda. Quando lançou as Obras-Primas, fiquei encantada. Livros magistralmente confeccionados ( papel de primeira, capas duras e artísticamente ornadas em ouro). Lançados, semanalmente, em banca de jornal.Eu nem acreditei; Cervantes, Victor Hugo, Dante, Dostoiéviski, Chordelos de Laclos, Raul Pompéia, Machado de Assis, Eça de Queirós e por aí vai….foram quarenta livros. Apesar do preço módico, não pude comprar alguns. Com todo seu prestígio, vc. poderia pedir para relançarem a coleção, uma fantástica coleção. Ainda brindava os leitores com fascículos falando da vida e obra de seus autores. Maravilha! Pena que fiquei sem alguns.
Ainda sobre a Coleção Obras – Primas, palavras do patrocinador:
O prazer de ler é resultado de estímulos constantes, que aos poucos se torna uma questão de gosto, de escolha pessoal, de atitude.
Para chegar a essa escolha é necessário ter acesso ao livro(…)Incentivar o hábito de leitura é traçar um futuro diferente e melhor para todos e cada um de nós.
” (…) É um orgulho patrocinar esta obra e torná-la acessível a um número cada vez maior de leitores brasileiros.(…)”
Murilo Passos- Diretor-Superintendente
SUZANO
Uma empresa que assume seu papel.
Parabéns para a Suzano e a Editora Nova Cultural Ltda.
Se não estou enganado, o Amante de Lady Chatterley vendeu muito porque a publicação estava proibida na Inglaterra até essa data.
Eu diria que é a melhor editora do mundo… talvez esteja exagerando, mas se tivéssemos algo parecido por aqui estaríamos muito bem. Tem a L&PM pocket, vá lá…
A L&PM tem umas coisas bem bacaninhas, mas é como a Raquel falou: você quer ler até o fim da linha e, ó, crec! Lá se foi a encadernação.
A coleção de 70 anos da Penguin é maravilhosa. E eu morro de medo das capas da Martin Claret.
Amo a Penguin. Pena que a nossa concepção da apresentação de um livro seja tão diferente da britânica. Ouvi de um livreiro que os leitores brasileiros não gostam de papel-jornal e dão preferencia aos livros branquinhos, com capa mais firme e orelhas, mesmo que custem mais caro.
Para mim, desde que seja livro bem feito, o que importa é o conteúdo.
Ainda temos de adquirir o hábito de ler, e não achar que o livro é supérfluo ou artigo de luxo. No que me toca, os filhos e a neta já estáo bem encaminhados, graças a Deus.
Uma filha que está no Chile escreveu apenas para dizer que tinha encontrado uma edição comemorativa do quarto centenário do “Don Quijote”, capa dura e preço acessível.
Isso não deixa qualquer pai ou mãe feliz, desde que gostem de ler?
Mas dá uma inveja…