Clique para visitar a página do escritor.

Quando o Portugal Telecom encontra o Jabuti

03/09/2008

A lista dos dez finalistas do Prêmio Portugal Telecom, o mais importante da literatura no país, divulgada ontem à noite, inspira um exercício meio besta, mas quem sabe interessante: cruzá-la com a lista dos dez romances finalistas do Jabuti, também publicada recentemente. Se a convergência dos juízos críticos ainda tem algum valor nesses tempos de pulverização, talvez não seja descabido ver na – magra – área de interseção dos dois conjuntos o território de um certo favoritismo.

Apenas três romances lançados no Brasil em 2007 constam das duas relações: “O filho eterno”, de Cristovão Tezza; “O sol se põe em São Paulo”, de Bernardo Carvalho; e “Antonio”, de Beatriz Bracher. Só o último, que não li, traz alguma dose de surpresa. Os outros dois, sobretudo o magnífico romance de Tezza, são obrigatórios em todas as listas formais ou informais que tenho visto.

Como eu disse, o exercício é meio besta, inclusive por comparar coisas que não são inteiramente comparáveis. O Portugal Telecom se pretende um prêmio da lusofonia (embora apenas os gatos pingados Lobo Antunes, português, e Ondjaki, angolano, estejam lá para confirmar a tese) e joga no mesmo balaio poesia, contos e romances.

O Jabuti se multiplica – ou se divide? – em numerosíssimas categorias. Se formos investigar suas listas em outros gêneros, o número de títulos que concorrem aos dois prêmios cresce um pouco, com a inclusão dos poemas de “Tarde”, de Paulo Henriques Britto, e dos contos de “Histórias de literatura e cegueira”, de Julián Fuks.

Eis a lista completa dos finalistas do Portugal Telecom:

“20 poemas para o seu walkman”, de Marília Garcia (Cosac Naif/7 letras);
“Antonio”, de Beatriz Bracher (Editora 34);
“Eu hei-de amar uma pedra”, de António Lobo Antunes (Objetiva);
“Histórias da literatura e cegueira”, de Julián Fuks (Record);
“Laranja seleta”, de Nicolas Behr (Língua Geral);
“O amor não tem bons sentimentos”, de Raimundo Carrero (Iluminuras);
“O filho eterno”, de Cristovão Tezza (Record);
“O sol se põe em São Paulo”, de Bernardo Carvalho (Companhia das Letras);
“Os da minha rua”, de Ondjaki (Língua Geral);
“Tarde”, de Paulo Henriques Britto (Companhia das Letras).

19 Comentários

  • Raul 03/09/2008em15:01

    Afinal como funciona esse Prêmio Portugal Telecom?
    O romance do Lobo Antunes não é de 2004? Tudo bem que foi lançado aqui no Brasil só no ano passado, mas isso quer dizer que se lançarem um livro do José Cardoso Pires, por exemplo, inédito aqui no Brasil ele pode ganhar o prêmio?

  • Sérgio Rodrigues 03/09/2008em15:10

    Vale a data de publicação no Brasil, Raul. Se for inédito aqui, acredito que possa concorrer até Camilo Castelo Branco. Esse pé na lusofonia foi instituído ano passado, mas ficou um pé meio envergonhado, nem lá nem cá.

  • clelio 03/09/2008em15:16

    “20 poemas para o seu walkman”…Credo…Esses prêmios estão a cada dia mais cansativos…tomara que ganhe o Tezza.

  • Rafael 03/09/2008em15:34

    Clelio,

    O pior é que o livro já nasce ultrapassado. Antes fosse “20 poemas para o seu iPod”.

  • Eric Novello 03/09/2008em16:12

    Parece a lista de editoras que não quiseram me publicar! :))
    Poxa, não li o do Tezza, vou correr atrás!

    Abss!

  • Luis Eduardo Matta 03/09/2008em17:11

    Sérgio,
    O “Histórias de literatura e cegueira” foi lançado pela Record.
    Abração!

  • Sérgio Rodrigues 03/09/2008em17:53

    Obrigado pela correção, Lematta. E o do Carrero é da Iluminuras – as bolas estavam trocadas. Um abraço.

  • Isabel Pinheiro 03/09/2008em23:11

    Fiquei muito curiosa pelo Julián Fuks, um cara bem novo, de quem eu nunca tinha ouvido falar, e que só de não fazer parte daquela irritante turminha blogueira especialista em auto-promoção já ganha um ponto comigo. Você leu, Sérgio?

  • Jonas 03/09/2008em23:18

    Isabel, eu achei o livro do Julián bem interessante.

  • Luis Eduardo Matta 03/09/2008em23:35

    Isabel,
    Eu gostei bastante desse livro do Julián e também do anterior, “Fragmentos de Alberto, Ulisses, Carolina e eu”, outra coletânea de contos, que cheguei a comentar num artigo no Digestivo Cultural, há pouco menos de três anos. O link direto para ele é http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1775.
    Repare que a coluna é dividida em duas partes: a primeira fala sobre a abertura de um sebo carioca e é na segunda que está o livro.
    Abraços!

  • Sérgio Rodrigues 04/09/2008em00:02

    Isabel: não li, mas as recomendações do Jonas e do Lematta têm peso.

  • Marcelo Moutinho 04/09/2008em00:45

    O livro do Julián foi recomendado tbm pelo Alberto Mussa, já há algum tempo, lá no meu blog.

  • Jonas 04/09/2008em01:12

    Eu cheguei a fazer uma entrevista curta com o Julián sobre o livro: http://gymnopedies.blogspot.com/2008/03/quatro-perguntas-para-julin-fuks.html

  • Isabel Pinheiro 04/09/2008em09:30

    Obrigada, pessoal! Será minha próxima aquisição. Abraços

  • Felipe 04/09/2008em10:56

    Voto no Tezza, para os dois prêmios.

  • Hélio Jorge Cordeiro 04/09/2008em14:40

    Sérgio, tomei a liberdade de inserir o link Todoprosa no meu blog. Encontrei-o no site da Rascunho. Me parece ser este um lugar dos mais sérios, – quis dizer, equilibrado -, que fala sobre literatura na net. Parabéns.

    A propósito do tópico, foi bom ver o meu conterrâneo Raimundo Carrero entre os dez finalistas do Portugal Telecom.

  • Sérgio Rodrigues 04/09/2008em15:29

    Hélio, obrigado pelo link e pela mensagem. Um abraço.

  • Andre 14/09/2008em21:32

    Rafael,

    20 poemas para o seu walkman não tem nada de ultrapassado… a injustiça foi não ter sido finalista no jabuti também!