No terreno cada vez mais batido da interatividade internética, o pessoal do Papeles Perdidos (em espanhol), blog do “Babelia”, encontrou um cantinho original: perguntar aos leitores que livro eles memorizariam para salvar do fogo, como se fossem aqueles heróis da resistência de “Farenheit 451”, de Ray Bradbury.
Cerca de oitenta livros ganharam menção. O título mais citado, com oito votos, foi “Cem anos de solidão”. Em seguida vieram “O apanhador no campo de centeio”, “Dom Quixote” e “O jogo da amarelinha”, com quatro votos cada um. A turma dos três votos teve “A Divina Comédia”, “A ilha do tesouro”, “A origem das espécies”, a “Ilíada”, “Os miseráveis” e, sim, “O pequeno príncipe” – este, disparado, o mais fácil de decorar.
Será que daria no mesmo perguntar simplesmente ao leitor qual é a sua obra literária preferida de todos os tempos? Talvez sim, mas tenho minhas dúvidas. O peso absurdo de eleger um único livro para aprender de cor – ou seja, de coração – e salvar do aniquilamento completo parece fazer com que a escolha seja no mínimo mais ponderada. Eu, por exemplo, ainda não consegui decidir o meu. E você?
84 Comentários
O terrível dessa escolha é pensar que eu só poderia salvar UM; o quê seria dos demais?
Nossa, que Escolha de Sofia…
Mas há um livro que eu gostaria de salvar: Não Verás País Nenhum, do Ignácio Loyola Brandão.
não tenho dúvida: a bíblia, claro. o difícil seria decorar ela todinha.
Eu memorizaria “O Doador” de Lois Lory
Tweets that mention Que livro você aprenderia de cor? | Todoprosa -- Topsy.com
em tempo: não sou católica. sou historiadora 😉
e se a bíblia inteira for grande demais, pelo menos o AT eu decoraria. gente… qualé, né?
Por motivos que dizem respeito menos ao pseudônimo que uso e mais à paixão que tenho pelo livro, tentaria decorar a “Ilíada” – fechando um ciclo e devolvendo o livro às suas origens, pensando bem.
Pode ser Orgulho e Preconceito? Seria uma tragédia ver mr. Darcy consumido pelo fogo…
Eu também salvaria Orgulho e Preconceito. Jane Austen merece ser lida e relida…
Só decorei um: “Caminho Suave”; gostaria de ter na cabeça todos os livros da boneca Emilia.
Ah, “Dom Casmurro”, ainda não decorei, mas estou me esforçando; já li várias vezes. O problema é que é sempre um livro diferente da leitura anterior…
o retrato de dorian gray, claro!
Supondo que todos os livros seriam consumidos pelo fogo, decoraria alguns da coleção “Gato e Rato”, como “As Pintas do Preá” e “O Jogo e a Bola”.
Mais curtos e mais eficientes para realfabetizar um mundo sem livros.
Isso é o que se chama futucar leão com vara curta. Digo Leão porque é o Leão mesmo. Olha, Sérgio, estes pesquisadores não tiveram acesso aos discípulos de Jesus e por isso a Bíblia não foi mencionada. Pois eu DECLARO: A Bíblia! Meu livro preferido e ÚNICO que salva. Quer dizer, se decorar a Bíblia mas não amar Jesus que é a própria Palavra de Deus, não adianta nada.
Sem a Bíblia, vão continuar carregando imagens para aqui e ali, e a CEGUEIRA carregando todos para o buraco. Esta é a menagem principal da Bíblia: Não farás para ti nenhuma imagem de escultura e só adorarás a Teu Deus.
..mas um só?.. ..e não dá pra ser um poema..? seria mais produtivo….! ..vá lá.. “O Coração das Trevas”..
Se valer poesia, fica fácil: A Rosa do Povo, de Drummond!
Eu decoraria Farenheit 451 do Ray Bradbury
Salvaria da fogueira, não só pelo apelo afetivo mas também pelo papel que ocupa em nossa literatura, a “Grande Sertão: Veredas”.
Putz, um só é dificil. Mas, para não ficar de fora da consulta, indico On the road, do Kerouac.
Dom Casmurro
O Processo, de Kafka.
A Metamorfose! Que já quase sei de cor…rs
Bom, o meu livro predileto é o Dom Casmurro e, por isso, já decorei a história de trás pra frente, da frente pra trás, de todas as formas.
O amor nos tempos do cólera, de Gabriel Garcia Marquez
A biblia, mesmo sabendo que daria um baita trabalho…rs
O livro que eu apenderia de cor seria a Bíblia Sagrada, por reconhecê-la como o Livro dos Livros.
Todos do Murilo Rubião
Um livro que jamais poderia ser perdido é “Grande Sertão: Veredas”. Fácil de decorar, não?
A lei do Triunfo de Napoleon Hill. simplesmente a bíblia do sucesso.
Sem dúvida, “O DECAMERÃO”!!!!!!!
Eu salvaria Machado. Como Dom Casmurro já foi citado, salvo Memorial de Aires.
“As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano.
Historia do Bruxo de Benjamin Constant
Que tem um retorno dos tempos primitivos anexado, a confissão dos três que voltaram depois da morte para se confessar
Estou com a Telma, Dom Casmurro tem uma história fácil, dá prá contar com detalhes.
A Ilha do Tesouro
Ah, como esse povo gosta de uma enquete!
Pra ficar só naqueles escritos por gente nossa, “O Coronel e o Lobisomem”, do José Cândido de Carvalho, o conto “O Cobrador”, de Rubem Fonseca, “O Encontro Marcado”, do Fernando Sabino, “O Sorriso do Lagarto”, do João Ubaldo.
Ih! São tantos, tantos! – que o melhor é simplesmente não ter que tomar este tipo de decisão.
E, claro, todos os do mestre Mário Quintana!
começaria “sendo “os irmãos karamazov”, Dostoievski, também tentaria ser algum livro do Pessoa, ou ficaria perto de alguem que o fosse, rs, também acho que teria uma baita inveja de quem pegasse para si o “sobre herois e tumbas” do Sabato e tantos outros… e ficaria longe das “pessoas-biblia”, ou melhor dizendo, das pessoas que pensam “carregar” uma única verdade, seja ela qual for.
“A Origem das Espécies” para salvar a Humanidade das baboseiras criacionistas e fundamentalistas…
Decorar um livro não implica em ser o melhor…sei o início de Iracema de cor, mas nem por isso considero o melhor livro…será q existe um q pode ser considerado o “the best”?
com disseram acima, Machado é sempre bom, mas não posso dizer q é o melhor, tem tanta coisa boa…q duvida cruel essa!!!
O homem e sua hora – Mário Faustino
“Como Fazer Amigos e Influenciar as Pessoas” – Indispensável para se dar bem numa nova ordem social…
Sete histórias góticas, de Isac Dinesen. Ou qualquer livro de Marguerite Yourcenar (de preferência Alexis ou Memórias de Adriano ou Novelas orientais, mas é muito cruel pensar na possibilidade de não-salvação seja lá de que livro for de Marguerite Yourcenar). Ou Mistérios, de Lygia Fagundes Telles. Ou Pedras de Calcutá, de Caio Fernando Abreu. Ou O amante, de Marguerite Duras. Ou O coração é um caçador solitário, de Carson McCullers. Ou Assassinato no Expresso do Oriente ou O caso dos dez negrinhos ou O assassinato de Roger Ackroyd ou O misterioso Sr. Quin. Ou toda a série do Sandman, do Neil Gaiman. Ou O fio da navalha, de Somerset Maugham. Ou Demian, de Heman Hesse. Ou O perfume, de Patrick Suskind, ou…
Meu Deus, são tantas e tão importantes as possibilidades, que sinto uma vertigem!
(Esqueci de dar a autoria de alguns dos livros mencionados: a querida Agatha Christie, eterna)
Difícil esta. Não sei se conseguiria decorar Cem anos de Solidão, mas com certeza, iria tentar!
Olá Sérgio!
Acho que tentaria decorar “A Vida Breve” do Onetti.
Algumas partes já decorei…
Abraço!
Um bom dicionário…
Acho uma bobagem; literatura não tem a ver com oralidade, muito menos a decoreba absurda que demandaria. As histórias que se passam oralmente podem ser lindas, mas não são literatura. abraço
mas que bobagem sem fim, mdv! É claro que literatura tem a ver com oralidade, sempre teve. Algo que se escreve e que se declama depois deixa, por isso, de ser literatura? Onde ficam, ademais, as sonoridades, os ritmos, que, na pior das hipóteses, repetimos mentalmente? Quanto ao decoreba, concordo.
Fiquei surpreso em saber que o livro mais citado foi o Cem Anos de Solidão, pois essa seria a obra que eu também memorizaria, mesmo não estando entre os melhores livros que já li.
Eu decoraria Cem Anos de Solidão. Já sei o começo de cor!
Engraçado, né, gente? Parece que “de cor” é “de mente”. Mas na verdade é “de coração”. “De coração…”
vejam:
http://agloriadosenhorsobrecampos.blogspot.com/2010/05/nao-tao-prosa-mas-tambem-com-comecos.html
Se algum amigo meu aparecesse na minha frente e começasse a recitar, palavra por palavra, os Cem Anos de Solidão, eu, tocado por essa demonstração de indizível esforço intelectual, evitaria manter contato com o indivíduo para todo o sempre. Diante dessa prova cabal de sério distúrbio mental, seria uma grande tolice expor-me a sabe-se lá que rompantes de loucura uma mente doentia é capaz de se entregar.
Pôxa, Sérgio, não consigo guardar na cabeça nem o que almocei ontem… rs
Se houvesse a possibilidade de escolher apenas 1 livro para decorar (ñ sei se conseguiria decorar-lo), o livro escolhido por mim sem duvidas seria a Biblia. Pois é um livro atemporal e sempre atual e sua propositura.
Impressiona a incapacidade de abstração de alguns, tratando a brincadeira como se fosse um sério problema da literatura. E o humor Sérgio? O humor? Todo mundo decorando o sobrescritos para aprender alguma coisa.
Bom de saber de cor é poesia. Vou de Divina Comédia. Mas o primeiro que me veio à cabeça foi o Grande Sertão: Veredas, que sempre gosto de ler em voz alta.
Nikos Kazantzakis. Todos.
“Funes, el memorioso” – por razões óbvias.
óbvia ululante e perfeita a escolha
Ronaldo, mesmo sendo um conto e não um livro, o prêmio de melhor resposta já é seu.
Depois de ler sua resposta, desisti de dar a minha.
o morro dos ventos uivantes.
e nunca haveria tédio, porque são tantas vozes e há tanto drama… e o vento gemendo pela frestas nas paredes e envergando as árvores… as folhas suspensas…
o morro dos ventos uivantes.
Os sofrimentos do jovem Werther – Goethe
Orlando, Virginia Woolf. Já li tantas vezes que não estou tão longe assim de decorá-lo.
Sem dúvida, Grandes Esperanças, de Charles Dickens. 😉
“A Montanha Mágica”.
Na verdade, fico meio assustado que ninguém tenha falado sobre ele ainda (sendo, enfim, o grande romance do século XX e tal).
O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Eu tentaria decorar Ulysses, do James Joyce..
Aí a certa altura desistiria e decoraria então “V.” do Thomas Pynchon
Eu penso que é muito dificil escolher apenas um livro que vamos guardar na memória. Mas acho que poderia sim, dizer que guardaria Gabriel Garcia Marques…li Cem Anos…acho que umas tres vezes…sim, ficaria com ele.
meridiano de Sangue- Cormac Mcarthy
Assim como disse Richelieudisse, eu endosso:
O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Aliás, decoraria todos os cinco! Isso se já não os tenho decorados. E viva Douglas Adams (em nossos corações, pelo menos)!
Boa enquete, Sérgio. Lembro de ter ficado impressionada (e com uma pontinha de inveja) do ator Guilherme Leme em seu monólogo O Estrangeiro – o cara decorou de cabo a rabo o livro do Camus. Sei partes inteiras de Rayuela, mas não saberia qual livro escolher para salvar do fogo. (Gracias por el fuego, do Benedetti, parece piada pronta, né?)
Apenas um? Não é a minha obra predileta do meu autor predileto, mas justamente por ser a mais completa dele, onde praticamente condensou todos os temas que o inquietaram por quase toda a vida (influência intelectual, filosófica e emocional determinante dos estudos de vários outros pensadores), salvaria Os Irmãos Karamázov, do Dostô.
Eu decoraria um livro inteiro, LAVOURA ARCAICA, do Raduan Nassar, e um conto, ORGULHO, do Rubem Fonseca, ambos reinventam o termo “magistral”.
Todos os poemas de Celso Luiz Paulini.
O poema Amor/Humor do Oswald de Andrade.
O Senhor do Anéis, JRR Tolkien. Definitivamente! Mas concordo que apenas um livro é complicado de escolher.
A MONTANHA MÁGICA – T.MANN
Eu salvaria “Vanity Fair” de William Thackeray. Acho esta obra de uma perfeição quase absurda.Os personagens parecem literalmente saltar das páginas. Em segundo lugar viria “Judas, o Obscuro”, um livro comovente, sofrido, lindo em sua melancolia .
Quando eu voltar a ser criança. Autor Janusz Korczak.
http://www.anacarolinabrasil.blogspot.com
Fácil, fácil: eu decoraria Farenheit 451