A Record, maior editora de livros de interesse geral (isto é, não didáticos) do país, desmentiu ontem oficialmente os rumores de que foi vendida para o grupo alemão Bertelsmann, um dos maiores do mundo na área de comunicação. Nao é a primeira vez que faz isso, o que reforça a suspeita de namoro entre as partes.
O mesmo boato circulou com força em agosto do ano passado. Tanta força que chegou a ser desmentido por Stuart Applebaum, vice-presidente executivo de comunicação da Random House, braço editorial da Bertelsmann e maior editora de interesse geral do mundo. Applebaum declarou ao “PublishNews”: “Nós não compramos nem investimos em nenhuma editora brasileira, nem estamos contemplando fazer isto no futuro”.
Mas a tendência do mercado é mesmo concentradora, e pelo menos uma editora portuguesa estava na mira do grupo. Terça-feira passada foi confirmada a compra, pela Bertelsmann, da editora e rede de livrarias portuguesa Bertrand, por um valor estimado entre 20 e 30 milhões de euros (entre 55 e 80 milhões de reais).
A compra da empresa d’além-mar pode estar na origem do ressurgimento dos rumores. Em 1997, a Record adquiriu dos portugueses a Bertrand Brasil. Desde então, não há mais relação alguma entre a Bertrand daqui e a de lá, mas o fato de serem homônimas pode ter contribuído para agitar o mercado outra vez.
Um comentário
A Record é uma espécie de CBS de Roberto Carlos, vive de pesos-pesados como Jorge Amado, Harold Robbins e assemelhados. Com o desaparecimento desses, o trabalho fica mais difícil. Prospectar, descobrir tendências, criá-las, criar públicos, essas coisas não são para blockbusters. Vai acabar sendo mesmo vendida para um Murdoch da vida.