E enquanto os smartphones se tornam mais disseminados, em parte graças à popularidade do iPhone da Apple, também se espalham as ferramentas que facilitam para o usuário a tarefa de baixar um livro por uma fração do custo de adquiri-lo de outra forma. Usuários do iPhone e de seu primo, o iPod touch, baixaram as obras reunidas de William Shakespeare mais de 300 mil vezes da loja virtual iTunes, de acordo com a Readdle, a empresa novata baseada na Ucrânia que criou o aplicativo gratuito que torna isso possível. A seção de livros conta com cerca de setecentos títulos; sozinha, a Apple oferece também 72 audiolivros.
Na guerra dos leitores eletrônicos, a tela pequena do iPhone não parece ter munição para enfrentar a do Kindle ou similares, mas há quem acredite que a multifuncionalidade do aparelho vai compensar tudo isso – como andamos comentando aqui em julho do ano passado. O artigo recente (em inglês, acesso livre) de Olga Kharif, da “BusinessWeek”, de onde foi extraído o trecho acima, reforça essa tese. Não deve ser por outra razão que editoras graúdas como Random House e Simon & Schuster estão entrando na onda.
Não, eu não tenho um iPhone (ainda?) nem consigo me imaginar lendo naquela linda mas escassa telinha nada que tenha mais de dois parágrafos. Mas Shakespeare baixado 300 mil vezes é algo difícil de negligenciar.
23 Comentários
Sérgio, li e registrei. Ultimamente essa coisa de ebook e seu reader correpondente não me sai da cabeça, até tentei comprar o kindle, que não é enviado para o Brasil como os demais produtos plebeus da Amazon.
Às vésperas de lançar meu novo livro me (te) pergunto: será que vai pegar em breve no Brasil? Há iphonicos suficientes pra isso?
Noga, acho que dificilmente seria algo para já. Mas se pegar mundialmente, vai acabar pegando também aqui, não acha?
Sérgio, quando você descolar um Kindle, vai ser uma pessoa bastante feliz, certo?
Bic Cristal.Caderno Tilibra, espiral. Máquina de escrever. O teclado cinza do computador velho, com seus tons residuais mutantes. O teclado preto, do computador novo. Está bem, vou parando por aí, já é avanço suficiente para dar conta de minha inspiração chinfrim.
Estou desenformada… e se meus livros forem baixados no iphone-serão lidos em edição gratuita?acho que não entendi, sou novata em aparelhos ultra mega modernos…alguém se aplica a me explicar. Estou querendo publicar meu livro agora e ai como fica…é uma questão de querer ou não este serviço?certo?
Sérgio, eu me pergunto quantos desses 300 mil terão lido o que baixaram. Eu mesma, há algum tempo, já baixei alguns livros do http://www.dominiopublico.com.br. Nunca, nunquinha sequer abri os arquivos. Dei uma olhada agora na loja do iTunes e vi que a maioria dos livros custa US$ 0,99, no máximo US$ 4,99. Também tem uma infinidade de títulos grátis. Fico pensando se não existe uma boa parcela desse povo que compra pra mostrar que tem: Shakespeare sempre dá um certo status… Bjs
(ai, o fuso…)
Um dado curioso que pesquei da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil [mas pouco comentado] foi que a internet aparece em primeiro lugar no quesito tempo dedicado por semana ao suporte preferido [quando o leitor lê em mais de um tipo de suporte, por exemplo, livro, internet, jornal, revista etc].
Noga, Sérgio e demais: é difícil comprovar com números, no Brasil, o quanto já deixamos de comprar lirvos de papel por causa dos digitais, simplesmente porque ainda não temos no mercado brasileiro esta opção. Para quem ler em outro idioma, é inegável os benefícios da segunda opção. Eu costumo a comprar no ebooks.com. Além de poder baixar os livros em diversos formatos, ainda posso ler o seu conteúdo na internet [através do recurso chamado eb20]. Outro mercado que não possui no Brasil números é o de livros de negócios, informática, etc. Na empresa em que trabalho, por exemplo, temos disponível na internet o ebooks24x7, que disponibiliza o conteúdo completo de milhares de livros de diversas editoras. E todos os recursos de anotação, sublinhar etc também estão disponíveis em livros digitais. O mais importante, como canso de dizer por aí, creiam, não é o dispositivo físico leitor, mas o software leitor, no caso temos o browser, o leitor universal, e os seus plugins. Esse é o ponto central. Além do mais, livros digitais acrescidos de software que os processe, não são muito diferentes de software. Isso abre, se pensarmos bem, diversas alternativas e pode mudar para sempre a nossa relação com os livros. Livros como software, e como software é serviço, livros como serviços. Pagaremos por uma assinatura e leremos quantos livros quisermos, acessando dados extras sobre eles, a custos bem mais reduzidos [vejam no site do kindle]. Todos poderemos acessar com mais democracia a informação.
Se até a Nintendo resolveu entrar no mercado dos e-books, não me admira que o IPhone também seja usado para esse fim.
Eu baixei alguns livros no iphone. Não é tão ruim assim de ler e como tenho que ficar viajando todos os dias, moro em uma cidade e trabalho em outra, eu fico lendo ou ouvindo podcast. Vivo procurando livros para baixar e lamento que em português haja tão poucos.
Ontem eu descobri que podemos baixar o Ulysses de James Joyce. Quem sabe agora eu consiga terminar de ler esse livro…
abs.
Juliano
Eu praticamente só leio no notebook. Peguei o hábita na faculdade, quando passava horas procurando artigos científicos em sites de universidades e afins, a agora me habituei ao ebook.
Não vejo a hora de ter um sony reader mas, até lá, me viro com o celular mesmo (e nem é iPhone). Não é a melhor das telas, mas quebra o galho no metrô ou consultório de dentista, por exemplo. Ao menos não pesa na bolsa, como o livro comum.
Não lembro que já deixei esse blablabla por aqui. Se me repetir, me desculpem. Minha opinião é a seguinte: a Internet e os “torpedos” de celulares deslocaram a força da comunicação da linguagem falada (q se destacou na era do rádio e muito mais com a TV) para a linguagem escrita. Mesmo que em ‘internetês’, as pessoas se viram escrevendo em blogs, em sms, lendo texto corrido na tela, dando atenção à escrita novamente. Trabalho com tradução de textos de informática, geralmente. Muito do que passa aqui de projetos para o ‘futuro’ é devolver essa força da comunicação para a palavra falada. Tanto na parte do ‘chega de teclar, quero falar os comandos e textos’, coisa q até hoje não deu muito certo, quanto na parte de leitura. E nessa linha de apostas, com o sucesso estrondoso do iTunes, abriu-se a porta do audiobook novamente. Ao invés de comprar um cd lá na loja, você baixa o arquivo e escuta o livro enquanto está empacotado no metrô. E isso vem depois do lançamento em capa dura, depois do lançamento em paperback. Então, onde o iTunes faz sucesso, os audiobooks estão decolando… como aqui a gente não tem nenhuma política ou iniciativa pública nem privada de adaptação ao mercado de mp3, tem aí uma lentidão do processo…
Agora o livro pdf-virtual…
PDFs… nessa parte de mídias digitais, o celular é considerado o grande “descarregador” rs de material. Eu terminei essa semana de fechar (de novo) o projeto de um seriado online. 12 episódios para baixarem no celular. Uma das maiores forças de vendas hoje em dia para mp3 no Brasil é o celular. As lojas online ainda são insignificantes. O mercado de joguinhos, idem. O celular tem esse apelo. Seja qual for a classe social, o pessoal baixa treco nele. Quando for possível ver novela em celular, é isso o que vai acontecer. Vão baixar o beijo do último capítulo para guardar para sempre, porque nem todo mundo tem um bom computador, nem todo mundo tem Internet de alta velocidade, mas celular que toca vídeo tem até de 50 reais, que foi quanto custou o meu. rs, é acessível. Então, o celular como ferramenta já tem força comprovada no mercado.
O PDF, porque não?, entra nessa também. É um produto muito mais barato. O que não concordo é: por que ter um aparelho relativamente grande que só lê texto? Será que PDF é isso mesmo? Será que o livro do futuro é um treco sem graça que nem capa tem. O que eu vejo de potencial, tem muito a ver com esse link aqui: http://www.sonypictures.net/movies/terminatorsalvation/poster.html É o poster animado em flash do próximo Exterminador do Futuro. Cara! Já existem jogos que se apropriaram de muitas manhas narrativas da literatura, com verdadeiras histórias. Tem outros que passam de uma fase para outra verdadeiros filmes, com atores reais. A indústria do livro precisa entender a convergência. Imaginem um livro com uma capa animada, qualquer coisa não estática. Imaginem poder ver ilustrações que não triplicam o preço da publicação. Ou então um livro infantil em que o herói pula de uma página para a outra, de vez em quando uma serpente desce enroscada do topo da folha até a base, que de um capítulo para outro tenha algum movimento. Não precisa ser um desenho animado, não precisa ser colorido, só precisa ser algo que deixe o livro vivo, que encha os olhos de uma geração que está se acostumando com tecnologia IMAX, cinema e em breve terá dentro de casa TV 3D.
Será que o Kindle que realmente vai emplacar só conseguirá ler um arquivo “pdf”?? Texto corrido até o fim?? Isso sem pensar na junção de livro e tecnologia 3D, algo que ainda me foge.
Eu não leria texto na tela do meu celular, acho desconfortável pelo tamanho. Mas tem celulares com uma tela mais confortável. Eu gosto de capa, gosto do papel. Mas já não me incomodo lendo no computador. Eu passo o dia em frente a ele. A geraçãozinha que vem aí vai se incomodar é lendo no papel. rs. A literatura precisa ocupar todos os nichos. É um papo capitalista, mas é um papo que preserva a disseminação da cultura e faz com que ela se adapte ao avanço tecnológico. Os bardos do futuro como serão?
I just dont give a damn…. Kindle, IPhon,e IPod, Idont care
Nao largo um livro, com papel e tinta (e cheiro de livro) por nenhumpor nenhum apetrecho tecnológico do mundo. Não quero ser neófobo nem retrógrado, tenho penas 24 anos, talvez nem tenha o direito de ser conservador. Mas o livro, mais do que centenário, satisfaz plenamente a mim… Se dependerem de mim, todas essas empresas que anunciam maravilhas podem se preparar para a falência…
O que nunca acontecerá, na certa
Juliano: não sei se vc conhece o Stanza, da empresa Lexclycle, um software leitor de eBooks com versão iPhone e desktop. O download é grátis. Com ele você poderá ler eBooks em diversos formatos [incluindo PDF, ePub, HTML etc] em seu iPhone.
Esse é o ponto primordial: Sony, iPhone, Kindle, whatever… o que importa é o software e os recursos que ele disponibiliza.
Vamos agora um passo além: Sérgio, como escritor, que tal trazermos à baila as ferramentas disponíveis para escritores? Penso que em breve também usaremos para escritores aquela máxima [a qualidade do profissional está fortemente baseada nas ferramentas que ele usa]…
Scrivener, Dramatica, entre outros, são verdadeiras suites de software inteiramente voltadas para o escritor profissional. Acredito piamente que, seguindo a tendência sugerida pela Web, a ferramenta usada pelo escritor influenciará fortemente a sua criação.
Eric: outro dia conversava com o professor Brian Boyd sobre o “Center for Future Storytelling”, do MIT [Brian é o grande biógrafo de Nabokov, estréia no Pontolit este mês e lançará em maio, pela Harvard Press, “ON THE ORIGIN OF STORIES”, onde mostra, à luz de “Origem das Espécies”, de Darwin, porque contamos histórias e como a mente está formatada para entendê-las].
Eu particularmente acredito que o futuro da literatura [não sei se ainda a chamaremos assim] passa por uma grande interação realística entre leitor e história, que deverá ser experimentada em ambientes de realidade virtual, como os virtual worlds dos Kanevas e Second Lifes.
O escritor criará um tema, diversas possibilidades de trama, e o leitor “configurará” a história, ou antes, as realizações [poderão ser várias] da história.
Não é muito diferente do que o leitor faz hoje em dia dentro de sua cabeça com a história, afinal, ler Dom Casmurro aos 15 não é o mesmo que lê-lo aos 40.
Hoje, como no recente “Beowulf”, assistimos atores gráficos representando uma história. É um recurso ainda à disposição de poucos. Logo, com o avanço da tecnologia [e consequente barateamento] teremos à nossa disposição a possibilidade de, como leitores, criamos as nossas histórias baseadas em alguns componentes básicos. Uma história será configurada como um software.
O escritor será um “facilitador” de histórias [porque fabular ainda é uma necessidade básica do ser humano].
O escritor será um desenvolvedor de software.
Roberto, há qs 30 anos, eu costumava escutar música em vinil, hoje, sequer tenho CDs [ok, confesso, uns poucos ainda restaram]… As músicas estão no HD ou, ainda melhor, na web. Com os livros acontecerá o mesmo. Vc ainda acredita em livros de papel? Ok, não discutiremos, mas faça o seguinte, busque no Youtube uma apresentação do Steve Ballmer e da Janet Galore, da Microsoft [semana passada, na CES 2009]: um protótipo [já funcional] de leitura/escrita cuja tela é qs uma folha de papel de tão flexível onde o conteúdo interage, dinamicamente, wireless, com o que estiver acontecendo em outros dispositivos ao redor do leitor…
Adoro livros. Escrevi uns dez, e tenho uns 3.000 nas minhas estantes. Mas também gosto de ler na tela do notebook. Agora mesmo estou lendo “Os Maias”, de Eça de Queiroz, que nunca havia lido, Baixo constantemente livros, revistas e artigos, uso o Google Books com frequência e estou disponibilizando em breve em formato PDF para download gratuito o meu último livro “Coração Parahybano”, lançada em agosto/2008. Adoro essa época em que vivemos, cheia de tecnologias novas, sem que precisemos abrir mão das velhas.
Puxa…quanta informação. Fiquei impressionada de saber que sei pouco, e que tenho preguiça de saber mais. Os objetos aparecerão na minha frente, sem que eu peça. Uma vez ganhei uma biografia do Bob Dylan traduzida pelo Eduardo Bueno, porque na noite de lançamento/rock eu disse que merecia o livro, pois pulava de cima de um boliche para virar o vinil (coisa de fã) na era do CD. Hoje sinto que não importa como ou onde. Importa é o desejo de continuar tendo as mesmas sensações de loucura e excitação por aquilo que se gosta.
Eu não tenho iPhone. Meu celular é um Nokia 5310, cuja tela é muitíssimo menor que a do aparelho da Apple e ainda assim, atualmente, a minha grande paixão é ler livros nele!
Nunca gostei muito de ler em .pdf na tela o computador (mas consegui ler dois livros inteiros, mesmo assim), mas ler no celular é outro papo! Mesmo em telinha pequena, é muito boa experiência. No momento estou com seis ou sete livros no celular, entre eles As travessuras da menina má e Dom Casmurro. Não quero outra vida! Carregar livros pra cima e pra baixo é muito desconfortável!
Meu Nokia, além de biblioteca, também é audioteca. Estou com vários audiobooks nele. Desde Eckhart Tolle até Balzac. Quando me canso de ler, ouço.
Eu gostaria muito de comprar o leitor de e-books da Sony, mas ainda acho caro demais pagar $400 pra ter um. Vou esperar esse tipo de produto se popularizar mais pra que os preços baixem, então vai ser a festa!
Acho que quem torce o nariz pra isso é porque ainda não experimentou. Sugiro a todos fazerem a experiência e depois dizerem o que acharam. O que muda é o suporte, a experiência de leitura continua a mesma. Não se precisa ter um smartphone, basta que seu celular lide com Java que você consegue. Existem programinhas (uso o BookMaker) pra você “fazer” um livro pra celular, sem contar os sites onde você já os encontra prontinhos pra download.
Meus amigos ficam surpresos e chocados quando me vêem lendo na telinha do celular, mas acho que não exagero quando digo que essa experiência mudou minha vida de leitor.
Sérgio, vc vai gostar deste [acabei de postar no Twitter do Pontolit]: Um mapa das tendencias do mercado editorial – http://ow.ly/3XL
Vejam o curioso caso que Mark Hurst relata em um divertido post para o blog “Good Experience”: o autor Ken Follett, em seu romance “The Pillar of the Earth”, usa nada mais nada menos do que 17 vezes a metáfora “his heart in his mouth”. Trata-se de um truque novo [antes, quase impossível em livros de papel], extremamente simples no mundo digital. Mark realizou a contagem através do seu Amazon Kindle.