“Acordei, fui ao banheiro…”
E eu com isso, meu amigo, você diria, ai na sua moita existencial, nem aí para o que se passa na vida de seu ninguém.
“Dei a descarga…”
E daí, colega, não fez mais que o recomendável pela boa educação materna.
“Bebi um copo d´água…”
(…) E por aí segue a narração, tintim por tintim, de tudo que se passa na vida da tal criatura. Só não comunica das suas humaníssimas ventosidades intestinais e traques do gênero. O resto vale na miudeza cotidiana.
Eis o espírito da mais nova modinha da Internet, meu jovem, o tal do twitter, que você, novidadeiro por excelência, já deve ter enfadado de ouvir falar.
Xico Sá, em seu blog, entre pasmo e irritado com o Twitter, a nova doença infantil da internet. Sei não, estou pensando em seguir esse cara.
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Bem, Sérgio, o Twitter não é, nem de perto, uma “doença infantil”, mas um verdadeiro fenômeno social.
O Xico, certamente, assistiu o vídeo “Twouble with Twitters”, do SuperNews. Mas, para além da crítica fácil, existe sim um belo potencial de comunicação no Twitter, até para os escritores.
No inicio da semana passada, na minha coluna do iMasters, site de tecnologia do UOL, anunciei que começaria um experimento: a “twitterização” do meu romance de 2006, o “Santos Dumont Número 8”. E ele está começado, siga-o em @sd8.
A abordagem é um pouco diferente [mais detalhes no Pontolit] das já usadas no exterior, tanto que já nos rende algumas boas notas em alguns sites [brasileiros e americanos], entre eles, o Publishnews [Brasil], o Institute for the Future of the Book e o Teleread, um dos principais veiculos que discute os novos suportes para a leitura que hoje publicou este artigo: http://ow.ly/2mCE .
É uma pena que, ao nos depararmos com o novo, muitos ainda prefiram [por desconhecimento, medo ou preguiça] a crítica desqualificadora, à analise mais aprofundada e responsável.
Mas, isso, deixa para lá, acaba parecendo coisa de criança.
quando algumas pessoas dizem que a internet vai destruir a linguagem e a literatura, elas estão certas, não?
ALELUIA! Alguém que pensa como eu! Vou seguir o Xico Sá – mas bem longe do twitter. Abraço, Sérgio
O Twitter é a maior perda de tempo que um ser humano, do mais imbecil ao mais idiota, poderia fazer uso. Nem acredito que inventam essas coisas e tantas pessoas que julgava sensatas e inteligentes passam lá seus dias, contando minúcias que não interessam a ninguém, nem a elas mesmas. E são aplaudidas e respondidas com outras minúcias. Estou pasmo em ver até onde vai a idiotice humana.
Oi, século XXI?
http://info.abril.com.br/noticias/internet/um-protesto-politico-gerado-por-twitter-08042009-15.shl
Caro Tibor, imagine, se pudéssemos narrar nossa vida enquanto vivemos? Ou registrar nossos pensamentos, ações, situações, intercâmbios. Montello, como Sartre, sabia da importância de se manter um diário. Uma “ficção” on going. Eis o Twitter.
Registros tomados no calor do momento. Exageros existem claro. Mas, o Twitter não é necessariamente nem bom, nem mau. E é possível que do ponto de vista do narrador nenhuma das invenções humanas tenha sido tão literária quanto o Twitter.
Ficção e realidade em um único meio. O que é a ficção senão personagens, costumes e situações? Sim, talvez a realidade das pessoas, seja menos interessante [qs sempre o é] que uma boa ficção.
Além disso, penso, que do ponto de vista do escritor [essa questão eu discuti em mais detalhes com o Mark Coker, do artigo que comentei anteriormente] tentar contar uma história através de uma rede social é um exercício e tanto.
O professor Stephen Koch, em seu livro Oficina de Escritores, levanta uma questão importante: o leitor conseguiria seguir pontos de vista múltiplos e mutáveis? Para ele a resposta é sim, consegue.
Agora imagine uma história que se deixa ser contada através de múltiplos pontos de vista, ou melhor, através de múltiplos profiles no Twitter. Melhor ainda, esse profiles interagem com pessoas reais, leitores reais, e assim a história vai sendo contada.
É E. M. Forster que diz que o romance tem um paralelo em nossa percepção da vida. Pois, nas redes sociais, o que é a vida real e o que é ficção? É difícil saber.
O nosso projeto no Twitter, o @sd8, não se concentra no Twitter, mas integra diversas outras ferramentas on-line.
Uma apresentação [beta] do que estamos fazendo pode ser vista em http://prezi.com/25890/view/#104
Forte abraço.
Caro Claudio, para que vou querer narrar minha vida enquanto vivo? E para quem? Tuita quem não tem mais o que fazer. Prefiro escrever romances contando a vida de personagens que invento, do que esmiuçar a minha vida insignificante e desinteressante para um monte de curiosos.
Aplausos para quem consegue tirar desse brinquedo burrificante algum proveito digno de nota.
É uma visão simplista, Tibor, vai por mim, com base no que vc escutou na imprensa generalista. É claro que tem coisas dispensáveis lá, mas também tem tweets do NYT, Guardian, Teleread, Buzzmachine, Globo, JB e Pontolit. Dê uma olhada nesses. Um que você provavelmente seguiria é o scifiwire.
O Cuenca e o Polzonoff estão no Twitter. Isso combina bem com a personalidade e talento dos dois.
Serve pelo menos pra avisar do pão quente na padaria, taí um uso inteligente do Twitter. Gosto sim de escrever, como o Claudio diz, no calor da hora, mas não sei porque, a mídia social instantânea – Twitters, Facebooks e correlatos -, tende a um acúmulo de abobrinhas por linha: até mesmo os intelectuais “sérios” tentam se mostrar engraçadinhos, argh.
E Joyce, Noga, provavelmente, se sentiria bem ‘a vontade no Twitter, não? [como o Dmitri Nabokov me comentou que o pai, se vivo, provavelmente, teria um blog].
Vejam, senhore[a]s, é dito popular que o bom profissional conhece-se pelas ferramentas que usa. Os escritores dos nossos tempos, claro, continuarão contando histórias, levantando questões, provocando assombro, estranhamento [todo mundo usa essa palavra para se referir ‘a literatura, a usarei tb].
Independentemente de nossas desimportantes opiniões, tudo nessa vida passa, o rio passa, os anos passam, as gerações passam, a nossa vai passar. As mais novas, os digital natives, adoram ler na tela dos computadores.
E, como o Windows [ou Linux, ou iPhone, que vocês devem usar], essa garotada, os “próximos leitores” preferiram [pelos mais diversos motivos] a leitura on-line.
Proponho um estudo de caso: o Brian Boyd, grande estudioso da obra de Vladimir Nabokov, há alguns anos, colocou no ar o livro Ada or Ardor, que VN lançou em 1969, com seus comentários, na internet. Vejam e me digam o que acham: http://www.ada.auckland.ac.nz/
Acho que o twitter é uma forma que alguns frustrados têm de serem lidos ou “vistos”. Frases curtas, “engraçadinhas” e completamente destituídas de conteúdo. Na verdade o Twitter acaba realizando um importante papel social: o de diminuir o desgastante trabalho do CVV.
Potencial para escritores? Onde? Desculpe Claudio, as pessoas precisam escrever mais, não menos. Existe um site (se alguem quiser testar me escrevam) para exercitar a escrita, começãndo com uma palavra, depois 5, 10. 50, 10… até 500.
As pessoas, cada vez mais, confundem o público e o privado, e o twitter é um sintoma disto.
Eu uso twitter. Na lista de twitteiros que eu sigo, nenhum faz comentários do tipo ‘fui ao banheiro’. Inclusive temos um twitter do Aguarrás, com links para sites e notícias relevantes ao conteúdo do site. Acho patético repetir o mesmo papo que rolou com blogues (afe, essa ferramenta inútil que só serve para criar pseudo-escritores) e com o orkut (colocar fotos na Internet? tem que ser muito otário para isso!). Uma coisa ninguém pode negar: usa quem quiser. Quem não quiser, que olhe de longe. Mas discutir o papel das redes de relacionamento dentro da atual estrutura da sociedade da informação… é coisa de quem nunca teve BBS na vida. Abs!
” [como o Dmitri Nabokov me comentou que o pai, se vivo, provavelmente, teria um blog.]”
mas ai reside diferença. um grande escritor é um grande escritor em qualquer ferramenta. e o blog é apenas uma ferramenta. o problema é que qualquer guri ou guria hoje em dia tem um blog.
Fernando, tente olhar a questão de uma forma mais abrangente.
Um história contada em ambiente on-line — e vc deve estar acompanhando o movimento crescente nos EUA — pode e deve ser contada de diversas formas [no final de semana, por exemplo, foi matéria no NYT o vook.tv].
O livro na web, é uma obra aberta e admite várias versões, como de fato algumas editoras já tentam fazerl: versão ilustrada, readaptações para crianças, audiobook, etc… Cada leitor escolherá a forma como quer interagir com a obra.
Vou usar o exemplo do meu @sd8.
O objetivo no twitter, claro, não é simular uma experiência de leitura que se tenha com um livro de papel. Isso é perda de tempo. Cada tecnologia influenciará a forma de se contar e interagir com uma história.
Mas, é possível, por exemplo, iniciar um diálogo. A versão twitterizada do SD8 diz respeito a isso: diálogo.
A história em si, que é sobre livros e leitores [apesar dos desavisados associarem, pelo título, apenas a Dumont], faz referência a diversos autores [principalmente os da Belle Epoque] e dialoga com a cultura popular.
Isso me dá uma liberdade imensa no meio on-line [o que era impossível no papel].
Cito um exemplo: o capítulo 2 inicia-se com uma citação ‘a Mr. Postman [gravada pelos Beatles em 1963]. Na web, além do post no Twitter, essa e todas as outras músicas lembradas no livro [incluindo a “Santos Dumont Número 8”, poderão ser acessadas na rádio que criei em //blip.fm/sd8.
Pessoal, que fique bem claro, isso é um experimento. Mas saibam tb que é bastante sério. Trata-se de uma desconstrução do romance, buscando outras formas de reconstituí-lo, sofrendo influência, claro, do meio através do qual ele é redistribuído.
Por isso está sendo matéria lá fora.
O livro completo, da forma tradicional, está sendo publicado on-line para leitura e comentários em //www.pontolit.com.br/sd8 .
Usamos a ferramenta CommentPress, do The Institute for the future of the book [que inclusive nos deu notinha em seu blog esta semana], que é a mesma ferramenta usada pelo projeto inglês de leitura atentiva The Golden Notebook, sobre a obra de Doris Lesssing.
Além disso, todas as ferramentas que usamos, estão sendo relacionadas e comentadas em meu twitter pessoal @cssoares.
O nosso objetivo, Fernando, é compreender o nosso tempo.
Com relação às discussões sobre público e privado, sim são preocupantes, precisamos sim discutir, entender, e não negar a existência dos problemas.
Mas, pense, também no outro lado da moeda. E se as gerações que estão chegando, realmente, forem mais abertas à interação do que a nossa e as anteriores?
Bem, todos estão convidados a participarem com comentários, críticas e sugestões. Basta, para isso, seguirem, no Twitter, claro, o @sd8.
Novello, assino em baixo o seu comentário.
Issac: segue quem quer. Viva a diferença e a liberdade de expressão.
[já respondi também ao comentário do Fernando, mas me aparece aqui como “aguardando moderação”… aguardemos…]
Estou com o Novello. Tento seguir aqueles usuários mais ‘objetivos’.
mas é claro, claudio. não estou normatizando a coisa toda. só estou lamentando que não existem escritores de fato utilizando um ferramenta tão fabulosa quanto o blog. é isso.
um abraço.
Posso estar bancando um velho burro, empacado e reacionário, mas o pouco de bom que se faz com o twitter ainda não compensa o muito de lixo. Veremos mais para frente. Dias vindouros podem me fazer mudar de opinião.
Tibor, o muito de lixo que se faz com literatura compensa o pouco que se faz de bom?
Você sabe que sou um cara que investe em veículos virtuais. Até na parte de audiovisual ralo a veras pra ver se acho espaço para fazer algo além de “meu gato toca piano” ou “meu filho drogado no banco de trás”. Então, lá estarei eu experimentando.
Fora isso, devo muitos dos meus grandes amigos ao mundinho internético. Desde os 14 anos de idade com as BBS e pouco depois com a Internet. Gente de carne e osso. Só isso já vale meu tempo e investimento.
Essa semana vi proposta de emprego no Twitter. “To precisando de tal coisa, alguém sabe fazer? Entrem em contato”. Coisas assim. Acho bacana. Que venham outros. Mas é de cada um, Myspace e FAcebook, p.ex, não curti.
Abss!
Acho que o Xico Sá está ficando velho…
As redes de relacionamento, assim como todos os veículos, têm coisas boas e merdas imensuráveis. Vai de cada um fazer uso da maneira que melhor lhe aprouver ou nem fazer uso se for o caso.
Pois é, Isaac, os “escritores de verdade”, seja lá quem você os considere, talvez, é apenas uma suposição, não estejam preparados para essa transição…
Eis nesse twitter mais uma dessas ferramentas completamente dispensáveis que todo mudo, ou a maioria que usa, quer fazer parecer extremamente importante…
Dispenso.
Fique bem claro que não devemos nos ater a nomes [twitter, facebook, myspace, orkut etc]. O conceito aqui que realmente muda tudo é o que atende pelo nome de redes sociais.
Lembro que em algum lugar um grande imbecil disse que Neil Gaiman tinha twitter.
Grandes merda… o que Neil Gaiman tem de bom escrito para se ler é encontrado impresso em muitas HQs e em muitos livros.
Disseram que a MTV tem twitter. E daí? Se na Tv a MTV já é um lixo total há pelo menos 10 anos.
Disseram que Trent Rezno do Nine inch Nail tem twitter. É mesmo é? Eu não quero saber da vidinha dele, eu quero ouvir música…
Será que as pessoas não se cansam dessa evasão de suas privacidades? Será que essa gente não cansa de querer se expor como se suas vidas fosse melhores que as de outrem?
Não, não são melhores… nem as vidas das pessoas “comuns”, nem as vidas da pessoas “especiais”. Só porque um cara escreve bem, canta bem, pinta bem isso não torna a vida dele interessante como são interessantes suas obras.
A vida dessas pessoas não interessa em nada. Nem as “especiais” e nem as “comuns”. Pra mim são todas vidas e como tal, cheias de chatices em quantidade maior do que qualquer outra coisa.
Vai da cada um, Mr.
O Neil Gaiman não fica twitando a vida dele.
O Lynch, só twita as condições climáticas de Hollywood.
Outros twitam o que bem querem, e cabe a cada um seguir ou não essas pessoas. Vc pode escolher quem vc vai seguir, não é obrigado a nada.
Um mundo telegráfico, né? aqui a pouco as pessoas não vão articular
mais duas frases. Tudo telegrafado. Eu te amo. Eu também te amo. Eu vou
na padaria. Eu vou na aula. Peguei o ônibus. Comprei um chocolate. Tomei
água. Tudo telegrafado. Não sei, mas sinto falta (talvez já existam) de
análises que englobem muito mais que adeptos ou não das novas
tecnologias. Sinto tudo isso como parte de uma espécie de mal-estar
generalizado. As pessoas precisam se expor a todo momento, precisam ter
alguém para quem se mostrar, precisam desperadamente serem vigiadas.
Isso é mais que aceitar ou não uma nova tecnologia, isso é psiquê, é
questão de carência, de vaidade, de ser legitimado, de ser aceito, etc.
Cara, eu quero ser seguido pela minha namorada (nemp or ela às vezes).
Em muitos momentos euq uero ser esquecido, isso sim. É possível ser
esquecido no mundo de hoje? Existe ainda esse direito? Um abraço!
Concordo com o Cláudio Soares: o conceito de redes sociais é bom; aliás, é excelente.
O único porém é que a humanidade é constituída, sobretudo, por pessoas idiotas e desinteressantes; e, por alguma patologia que a Ciência ainda haverá de explicar, essas pessoas idiotas e desinteressantes são justamente as que mais gostam de aderir a esse tipo de brincadeira, para a qual acorrem feito moscas em torno do estrume.
Eis aí a fatalidade: por melhor que seja o conceito, a coisa acaba se tornando invariavelmente idiota e desinteressante.
Vale
Sabe, Juliano, mesmo nesse cenário “telegráfico” nada é novo. A história [como digo no SD8] é mesmo uma leminiscata. Lá noi romance, um certo segredo a respeito do 14-Bis é revelado quando os personagens principais têm um insight e começam a análise de uma msg baseada em código binário muito popular na época: o código morse [traços e pontos].
Lemniscata, claro, como aquela de Bernoulli, o símbolo infinito de John Wallis, Tira de Mobius, o número 8 deitado, etc e etc, vocês sabem… 🙂
Nem tão ao Sul, nem tão ao Norte. Como diria quem não me recordo o nome:
“Tudo que puder ser usado por 1 idiota, será usado de forma idiota”
O Twiiter é interessante sim, se bem usado e seguindo pessoas que agregam algo. Tem vários twiteiros q colocam até os passos até a sala. Legal pra ele.Eu não sigo e ponto.
A idéia é usar de forma produtiva, extraindo algo interessante de quem TE interessa. Os retratadores da vida passo a passo via twitter, a própria natureza trata de excluí-los. Questão de tempo, e bem pouco.
Ao Cardoso: brigas de torcidas são agendadas vir Orkut. Mas tanto as brigas quanto os movimentos políticos existem muito antes da internet. Então, Twitter e Orkut, no fim das contas, não fazem tanta diferença assim…
Por que cometi twittercídio | Entretantos
Putz, colocasse Trackback aqui, Sérgio? Assim você me quebra! hahaha Abraço!
Uma pena, Rafael, que você e outros ainda não consigam enxergar que o Twitter também pode ser um novo espaço para a narrativa.
Reproduzo aqui o que escrevi lá no café literário do Cronópios [e por causa da subjetividade do tempo, penso que não esteja só nessa opinião]:
Em [novos] tempos de Literatura [Subjetividad del tiempo]
Todo es distante y diferente y parece inconciliable, y a la vez todo se da simultáneamente en este momento, disse Cortazar [e o SD8 tb é Cortázar, como é Nabokov e Borges, Machado e Rosa, entre tantos outros].
A internet [Twitter et al.] é um novo espaço para a narrativa. Tem as suas idiossincrasias. O twitter é mais um aspecto da narrativa do @sd8 e muda [necessariamente] o romance que foi lançado em papel.
São duas coisas diferentes e ao mesmo tempo tão iguais…
Por pura casualidade [assistam esse vídeo de Cortázar: http://ow.ly/2wCi ], da sobreposição de mensagens da internet também poderá, dos fragmentos, que seja, ainda assim, emergir a literatura, que é onipresente, onisciente, onifluente, um hoje circular [como deseja da vida, o verso de Abgar Renault]. Omnia mutantur, omnia fluunt…
claudio, rapaz . você quer defender uma ferramenta de publicação citando possíveis gênios da literatura que a usariam caso estivessem vivos e fizessem literatura nessa época de internet. mas o problema que essa sua defesa não se sustenta por que a maioria dos escritores da atualidade( e não todos, vale repetir isso sempre, não todos) são escritores fracos ou nem são escritores, são espalhadores de textos e publicitários. ou seja: escrevem merda, mas sabem espalhar a merda com força e beleza, e milhares de pessoas burras, asnos totais, engolem isso como se fosse uma hóstia.
poxa vida, o que uma ferramenta nova de publicação pode oferecer caso não exista pessoas fortes e inteligentes( e quando digo fortes e inteligentes eu estou falando de escritores de fato: com peso, com trabalho, com dedicação ao seu ofício, um ofício que requer requer inteligência e força de vontade, e não simplesmente fazer por fazer) utilizando essas ferramentas? tudo acaba onde começou, em nada. em literatura ruim e que se propaga até o infinito.
Caro Isaac: não citei Nabokov e Cortázar em vão [acrescentaria Borges e Machado] apenas por serem gênios, mas porquê vislumbraram há décadas [no caso do Machado até mais de século] esses nossos “tempos modernos”, senão vejamos:
Machado, citando Chateaubriand, em 1858, antecipa a internet. Nabokov [com Pale Fire, 1962] e Cortázar [Rayuela, 1963] criaram romances hipertextuais. É verdade que as idéias de Ted Nelson são da época e Vannevar Bush sugeriu o Memex [uma antevisão da internet] em 1945, logo, eles poderiam estar contaminados pelas ideias.
Por falar do Ted Nelson, saiba que atualmente ele trabalha em um projeto chamado “transliteratura” e diz que transportar o conceito de papel para as telas prejudica a evolução do meio. Concordo. Papel é papel, tela é tela.
Inclusive, vou viajar um pouco, cada vez mais acredito que o visionário Borges, em seu conto ‘O livro de areia’ [um número infinito de volumes etc], naquele ‘impossível objeto’ , vislumbrou os livros lidos nas telas [que também, sem grande maioria, são feitas de vidro, logo de areia].
Mas, voltando ao tema, não penso que os escritores tal e qual o conheçamos hoje estejam preparados para escreverem para a internet da forma que considero ser o modo apropriado, ou seja, considerando que a internet seja um espaço de criação narrativa com suas próprias características, muitas difetentes da escrita em papel.
“Mas, voltando ao tema, não penso que os escritores tal e qual o conheçamos hoje estejam preparados para escreverem para a internet da forma que considero ser o modo apropriado, ou seja, considerando que a internet seja um espaço de criação narrativa com suas próprias características, muitas difetentes da escrita em papel.”
claudio, como seria esse modo? fiquei intrigado agora. qual é a mudança que ocorre do papel para um ferramenta de publicação na internet?
abraço.
Concordo veementemente com o isaac, no comentário das 18:50. Sobre o comentário do mesmo isaac às 21:04, arrisco um palpite: tem gente que quer mudar a literatura, criando um gênero novo oriundo da internet, quando, no fundo, a literatura não muda, o que muda é a plataforma de publicação e leitura. Todo dia alguém sensato fala isso, mas os ultra-modernos querem inventar um gênero cibernético. As maiores histórias de ficção científica foram escritas em máquinas de escrever. Será que isso não diz alguma coisa? A internet só fez duas coisas boas pela literatura: 1) aumentar o campo de divulgação dela; 2) facilitar o acesso a ela. Só isso.
Como será o Twitter depois de sua POP-larização?
– Sua mãe terá uma conta no Twitter
– Adolescentes marcarão briga usando o Twitter
– O Jornal Hoje, da Globo, fará uma reportagem sobre a importância dos pais supervisionarem seus filhos enquanto eles usam o Twitter
– Empresas premiarão internautas influentes para falar bem de seus produtos. Chamarão isso de “twit pago”
– O Google vai comprar o Twitter
– O excesso de usuários vai sobrecarregar os servidores, deixando o site lento e chato. Quando o problema finalmente for resolvido, ninguém mais vai dar bola para o Twitter
– Vão roubar a senha e a conta do seu colega
– Redes de pedofilia e o crime organizado crescerão usando o Twitter
– Estrangeiros vão discriminar brasileiros
– Usuários metidos a besta cometerão “twittercídio”
– MOito mlk vaI iScreVE axim UHahau ahAa ahUhAua aHuAh ^^
– O acesso ao site do Twitter será bloqueado nas empresas
– Uma enxurrada de perfis de gatos, cachorros e bebês serão criados
– Você ouvirá duvidosas histórias de sequestradores que usam o Twitter para escolher suas vítimas
– Garotas gostosas divulgando sites pornográficos aparecerão entre os seus seguidores
– Cópias baratas do Twitter pipocarão pela internet
– Inventarão toda sorte de softwares aplicados ao Twitter, como geradores de twitts automático, textos coloridos e bonequinhos que batem a bundinha
– Você receberá propagandas do tipo “enlarge your penis”, mesmo que você seja mulher
– Jogos bestas serão a maior parte dos twits que você receberá
– Outros sites de relacionamento gastarão uma fortuna para incorporar as funções do Twitter, mas ninguém vai usar
– Casais de namorados brigarão por coisas que foram escritas no Twitter dos outros
– O governo americano vai monitorar os usuários brasileiros suspeitos de atividade terrorista
– Programas de TV metidos a modernos lerão twits ao vivo
– A Daniella Cicarelli vai processar o Twitter
– Uma nova “ferramenta revolucionária da internet” surgirá e os usuários do Twitter vão acessá-lo uma vez por mês, só para pegar os recados.
dizer que twitter “é bobagem” é a mesma coisa que dizer que “blog é bobagem” ou “livro é bom” ou “televisão é ruim”. ou seja, não quer dizer rigorosamente nada além de testemunhar, aí sim inequivocamente, a bobagem de quem fala por falar – sempre sem o humor do Xico Sá, que antes denão levar o twitter a sério não se leva a sério (diferentemnte da grande maioria dos comentaristas aqui, todos anacrônicos defensores de alguma pureza cultural ou comportamental que tiraram do próprio ego)
vão navegar e ler, pois tenho certeza que muitos leitores deste blog já disseram, há um ano, que “blog era coisa de adolescente contando a própria vida”. o que TAMBÉM é verdade, a julgar por estas pataquadas pretensiosas postadas aqui.
ô tuíto, o que que dá pra ler no twitter? deixa disso, ninguém falou em blog, livro ou tevê, o assunto aqui é o twitter. a questão, a meu ver, é a diferença que o twitter faz. na minha opinião, e acredito que é também a do xico sá, todos passaríamos muito bem sem o twitter. essa é a questão. e a pretensão, pelo que li nos comentários, é maior em quem defende o twitter…
Rafael,
Q diferença fazem os blogs na sua vida, que diferença faz a televisão na sua vida… Se formos pensar dessa forma, veremos que só a penicilina faz alguma diferença.
Isaac, vai no Google e pesquise por “twitterization of santos dumont numero 8”, estará lá a resposta. Mas, tb passe, sempre que puder, no Pontolit ou no iMasters.
Outro assunto: diziam que o Santos-Dumont era supersticioso [por isso, como uma forma de questionar a própria superstição que nos cerca, escrevi o SD8], mas observo, pelos comentários, que muitos aqui são mais supersticiosos ainda, pois não admitem que a literatura possa evoluir.
Maurice Blanchot [sempre!] diz que a literatura só existe na não-literatura, no que a nega, pois a literatura caminhando para si mesma representaria o seu fim.
Agora, pensem em como vocês assistem televisão, se comunicam, como usam o banco, ainda usam cheque? Tudo, cada vez mais, torna-se interativo [e digital]. Por que não livro?
Pensem diferente. Mais, entendam que a publicação on-line é, antes de tudo, libertadora.
rafael,
se você não tem nada contra informação, no twitter vc pode ter muita e de alta qualdiade desde que selecione quem seguir. como vc escolhe os blogs em que comenta ou o jornal que vai ler. é rigorosamente a mesma coisa. se o cara quer descrever o dia-a-dia dele, acho que a patologia maior é de quem segue.
e não tem nada a ver com o twitter.
e tem mais: este raciocínio “vivíamos muito bem sem isso”, tem até um livro com esse nome, é obscurantista, já que vivíamo muito bem sem internet também.
Putz…esse Soares não perde uma oportunidade de propagandear esse SD8… meu deus!
Simancol tá fazendo falta ai….
Sabe, sibilino, sibilante, Cezar Santos, eu falo de outras coisas aqui, não apenas do “Você-sabe-o-quê”. Trago, sempre que posso, informações sobre história, literatura, tecnologia, não apenas do “Você-sabe-o-quê”. Mas, falo do “Você-sabe-o-quê” porquê não é proibido falar do “Você-sabe-o-quê”, mais, porque ele serve para ilustrar minhas opiniões sobre romances e internet, tudo isso que conversamos por aqui: neste blog. Sei que meu pecado não é o oitavo pecado capital pois o “Você-sabe-o-quê” não toma muito espaço do conjunto de páginas da internet, muito menos dos cadernos literários, tranquilize-se, pois o “Você-sabe-o-quê”, estou certo disso ….
Ah, só para esclarecer um aspecto do texto on-line: aqui, o texto é o texto e o metatexto. A ideia não está truncada, mas linkada. Basta seguir as reticências [as daí de cima, em quatro pontos mesmo, ou as daqui de baixo] …
Vocês misturam as coisas, distorcem as palavras, os argumentos… A televisão e os blogs foram revoluções. Revolucionaram a maneira de termos contato com a informação, mudaram nossos estilos de vida e nossas rotinas. Ao menos dos que têm acesso a elas – não me refiro aqui a tribos em lugares ermos da África… Mas o Twitter? Que fez o Twitter? Nada! Tá fazendo uns e outros ganharem uma grana e iludindo meio mundo de gente, que propaga ele como sendo algo revolucionário. E não é! Se quero informação, tem site pra dar e vender por aí. Tem banca de jornal em todo canto, além de tevê e rádio. Não preciso do Twitter pra me informar. Que é isso, gente? Blog é diferente. Vê um blog como este, do Sérgio. Caramba, é útil demais. Quantos e quantos livros já não comprei depois de o Sérgio citar um trecho ou falar bem… No Twitter, até pelas limitações de espaço, uma influência dessas não é possível. Mas, enfim, é a minha opinião, entendo e respeito a de vocês. Só não concordo.
Resumindo,
Têm os que acham que é modismo;
Têm os que acreditam que é uma revolucção midiática;
Têm, tbm, os que acham que server para divertir;
Mas, têm os que investem meia hr do dia por acreditar no futuro;
Assim como, têm os que acreditam que vai mudar todo o mecanismos de informação;
E, lá no fundo, têm os como eu, que acham que é mais uma faceta bem bolada dessa bagunça que é a WWW.
Caro Rafael, repare em suas próprias palavras: “A televisão e os blogs foram revoluções.”
O que lhe assegura que as tais “revoluções” interromperam suas aparições com o ocaso do séc XX? Lembro, como exemplo, que o Ray Bradbury escreveu Fahrenheit 451 para denunciar que a televisão “destruiria o interesse pela leitura”, entretanto, pouco mais de uma década depois, o livro virou filme, o que possivelmente angariou-lhe novos leitores.
A série Great Books produzida pelo Learning Channel na década de 90 que apresentava um grande livro do mundo ocidental por episódio[escolhidos da lista compilada por Mortimer Adler, escritor e filósofo americano tema da minha coluna desta semana, terça, no iMaster, me levou a ler The Red Badge of Courage, de Stephen Crane.
E hoje existe até uma BookTV.
Esse tipo de discussão é perda de tempo, acredite. O mundo evolui e, acredito, devemos evoluir juntos.
Sou do tempo [em 1994 ainda era assim] em que os weblogs, ou blogs, eram apenas um log dos acessos a um servidor web. Acessávamos uma páginas web [com o Mosaic ou Netscape 1] e o acessa ficava registrado no tal weblog.
Era de bom tom naquela época que para lermos bem uma página web, esta não deveria rolar telas. Aí, por volta de 1997, alguém teve a ideia de relembrar os rolos. Interessante transição:
do rolo ao códice de papiro, da tela representando códice à tela representando rolo. Não temos sido muito criativos.
E hoje, você diz que blog é ótimo, mas Twitter é perda de tempo.
Twitter [o que aparece na tela, lembremos, é apenas uma representação baseada em software] e qq outros que venham pela frente indicam que a literatura precisa e deve se reinventar sempre.
Blogs, como este do Sérgio [um dos meus preferidos, principalmente porque me ajuda a chegar às minhas próprias conclusões do que será ou não literatura no ambiente on-line ], são importantes.
Mas, um twitter do Sérgio [fica a sugestão] também seria.
O meu do Pontolit [modesto, com apenas 1000 e poucos followers] serve para atualizar os seus seguidores com o que acontece neste momento no mercado de digital publishing e para me inspirar os temas para os meus artigos.
Muitos escritores, editores estão no Twitter indicando livros, discutindo temas ligados à literatura e ao mercado literário e, penso, são muito importantes [aos interessados, basta dar uma olhada no meu próprio twitter @cssoares].
Acho que o twitter também serve para capturar leitores de forma rápida e direta para os livros. Em SD8 [*** ATENÇÂO CEZAR SANTOS NÃO LEIA O QUE VEM A SEGUIR 🙂 ***], um leitor [não muito diferente da gente] ao ler livros faz com que as histórias que esses livros contam aconteçam novamente. Um dos livros que lê é ‘O que eu vi, o que nós veremos’ [1918], autobiografia de Dumont, que era um compulsivo leitor de J. Verne. Então, contextualizando, cada capítulo inicia-se com a citação de um livro que tenha passado pela minha mão durante minha vida e especificamente durante a escrita do romance.
Esmiuçando e muitas vezes reescrevendo o romance original [que pode ser lido e comentado aqui], as citações em específico, que muitas vezes contextualizam o capítulo, serão publicada em tweets a parte por cada um dos 8 perfis que estão contando o romance no Twitter.
A primeira já está postada por @sd8_souzasoares, e é de Marc Bloch: ‘Papai, então me explica para que serve a história?’
Que sirva, ao menos, para angariar alguns novos leitores para os livros do historiador Marc Bloch e os demais autores que lembraremos durante a twitterização do SD8.
O projeto está organizado neste site.
Obrigado, a todos [em especial ao Sérgio por ter levantado o tema] pelo estimulante debate!
Abs.
11/04/2009 – 22:42 Enviado por: Rafael Rodrigues
Fecho com o Rafael bem aqui nesse comment.
Não é revolucionário. É só uma variante de milhares de outras ferramentas idênticas. E o que há de tão novo assim se não fosse a cara de outras coisas?
Nada…
E se resume a uma só coisa em duas frentes: Os que gostam e querem os outros acreditando nisso e os que não gostam e querem fazer os que gostam parecerem idiotas com isso.
Nada contra, só não acho que seja a última coca-cola do deserto do Saarah.
“e os que não gostam e querem fazer os que gostam parecerem idiotas com isso.”
eu não desejo isso. eu só quero que escritores de fatos, e não um bando de jegues, assumam o barco e botem para quebrar. é isso que falta hoje em dia: escritores bons. existem muitas ferramentas de publicação, mas escritores bons utilizando todas essas possibilidades, não existem.
Mr. Writer, valeu pelo rápoio. Fico também com o isaac. Se em algum momento dei a impressão de ser um dos que “não gostam e querem fazer os que gostam parecerem idiotas com isso.”, perdão. Não foi essa a intenção. O Twitter é até legal, mas não tem essa importância toda que muitos dão a ele, só isso. O Twitter é tipo aqueles vídeos do YouTube que todo mundo repassa: você carrega, assiste, ri um pouco e depois vai fazer suas obrigações. Nada mais que isso.
Acho o Twitter uma ferramenta… e que por isso: pode ser usado tanto para infantilidades, como que para boas e interessantes finalidades.
e não seria isso o mundo virtual? banalidades X finalidades.
Twitter? O que é isso?
Twitter é o seguinte, mano: é aquele negócio que a gente coloca na charanga para o som do batidão ficar mais manero. Belê?
É nóis.
Deixa eu ver se entendi. Depois dos primeiros anos usando servidores de blogs que tinham um número limitado de caracteres para cada postagem, a tecnologia se desenvolveu ao ponto de termos uma porção de ferramentas que permite a postagem de extensões ilimitadas de texto.
E a gurizada se deu conta, com isso, de que o que tinha para dizer não era muito – e a nova onda agora é uma ferramenta com um limite ridículo que caracteres (que provavelmente é até demais para a relevância do que a maioria posta).
Em que momento isso virou “evolução”?
Mais ou menos isso, Hefestus, mas pense que o Twitter anseia pelo celular, a plataforma mobile é a que mais cresceu e crescerá nos próximos anos, e, aí, tem a limitação de tamanho de tela.
pronto, eis o futuro: gente fazendo e lendo literatura no celular ou em aparelhos móveis.
já quero estar morto quando esse dia chegar.
Se morasse no Japão, Isaac, filho de Abraão?, terias que ter partido dessa para a melhor em 2006. Acho curioso o paradoxo: todos aqui lêem blogs em tela, mas poucos aceitam que um livro de papel também possa virar ebook. Pensarei sobre este Paradoxo de Epiménides, tão importante, durante o flamengo x botafogo do próximo domingo…