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Sobe o QI literário da imprensa brasileira

04/02/2013

Eis que de repente (de repente, será?) sobe o quociente de inteligência literária da imprensa brasileira.

A coluna do escritor gaúcho Michel Laub (de “Diário da queda”) na “Folha de S.Paulo”, sobre temas culturais e comportamentais variados, não é notícia nova, mas um texto refinado e anticlichê como este “Existe amor no FB” parece demonstrar que ele vai acertando cada vez mais a mão.

Como tem acertado de saída, em sua aparente determinação de agarrar pelos chifres os temas literários diante de um público de massa, o também gaúcho Daniel Galera (de “Barba ensopada de sangue”) na coluna que estreou na última segunda-feira no Segundo Caderno do jornal “O Globo”. O texto de hoje trata do polêmico – especialmente no Brasil – uso de marcas registradas em textos de ficção.

O quadro ganha novo reforço a partir do mês que vem, quando estreia no jornal curitibano “Rascunho” a coluna do crítico carioca João Cezar de Castro Rocha (de “Crítica literária: em busca do tempo perdido” e “Exercícios críticos: leituras do contemporâneo”).

Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Castro Rocha é um acadêmico que não teme – pelo contrário, busca – o front da imprensa e que tem se destacado pelo olhar lúcido sobre a produção literária contemporânea, além de uma saudável autocrítica sobre os limites de sua atividade.

Retirado da breve entrevista em que sua coluna foi anunciada no “Rascunho”, o trecho abaixo ilustra esses dois pontos:

Há de fato uma crise da crítica? Ou seria dos críticos?

A questão é delicada e, por isso mesmo, deve ser tratada com sutileza. O próprio da crítica, desde Immanuel Kant, é viver em crise! O crítico (der Kritiker) sempre principia pelo estabelecimento dos seus próprios limites para o conhecimento de um objeto determinado. Nem sempre estamos prontos para ler o romance que começamos, a tela que contemplamos, o filme a que assistimos. O bom da tarefa do crítico é que ele deve sempre renovar seu repertório, questionando seus pressupostos. Infelizmente, isso acontece pouco com os críticos que são professores universitários, pois muito rapidamente nos encastelamos em nossos pequenos nichos de poder institucional e hermenêutico. (Veja que também me incluo no time, para o bem ou para o mal.) Em sentido kantiano, uma análise que não produza crise não é suficientemente crítica. Não é tarefa do crítico, por exemplo, afirmar, como se fosse uma pitonisa amargurada: “o romance brasileiro contemporâneo é precário”; “a crítica nada vale”. Nesse caso, o crítico transfere o problema exclusivamente para o objeto, em lugar de perguntar-se se ele está preparado para ler o que se escreve hoje em dia. Talvez não esteja; talvez ele ainda viva na nostalgia dos dourados anos de sua juventude e acredite que o melhor já passou… Já é hora de aceitar o desafio de ser contemporâneo do nosso próprio tempo: é o que buscarei com os artigos da coluna.

5 Comentários

  • Elisa Atsumi Mori 05/02/2013em14:23

    Gostei muito das indicações e dos comentários sobre os novos colunistas; já conhecia as colunas do Michel Laub e do Galera. Não vou perder a estreia do prof. Castro Rocha. A autorreflexão é necessária e sempre bem-vinda, tanto da parte dos escritores, quanto dos próprios leitores. A mídia já tem a dela, com o ótimo Observatório da Imprensa. Muito obrigada.

  • Rosängela Maria 05/02/2013em17:16

    Gente, a d o r e i ler isto aqui. Sabe quando a gente se ajeita na cadeira,chega os olhos para bem pertinho e quase baba( interrogação). Pois é, esta postagem me causou isto. Taí uma coisita que adoraria ter escrito para explicar minhas conclusões neste tempo. Mas o Sérgio faz muito bem, como só ele mesmo. Vou ler e reler. A aqui tem pepitas. Uau!

  • Rosängela Maria 05/02/2013em17:20

    Permita-me!

    O problema da crítica é que se você não falar o que “todos” já estão falando, você tá por fora. Amo as crises que as críticas ousadas deixam. Mas ao mesmo tempo, odeio o silêncio que paira…

  • Rosângela Maria 16/02/2013em00:18

    Reler aqui o ” odeio o silêncio”, me deixou pensativa: Como pode uma discípula de Jesus odiar alguma coisa? Palavra muito forte, que brotou aqui, mas que quero arrancar e já arranco. Faz de conta que não escrevi “odeio”. Colocaria em seu lugar:”fico pasma com”. Sim, isso é importante para mim.

  • Giuliano Torres 07/05/2013em15:54

    É fundamental tantas opiniões e pensamentos!
    Parabéns pelo trabalho desenvolvido!
    Quero aproveitar também sugerir um movimento voltado para desenvolver o estimulo da população pela literatura, buscando parcerias com empresas, orgãos de mídia e comunicação, escolas e onde houver interesse.
    Desde já agradeço a atenção.
    Obs.: Envio também uma sugestão para leitura:
    O Planeta está em crise.
    Todos os conceitos criados pelo homem desde outrora e propagados pela globalização necessitam de uma séria reforma com urgência.
    Se a humanidade continuar seguindo a mesma trajetória todo o planeta entrará em colapso.
    Missão Curuca surge em forma de conto resgatando lendas do folclore brasileiro. Alertando e convidando sutilmente todos os leitores para uma mudança na convivência entre o homem e seu habitat principalmente na proteção das matas e florestas neste primeiro volume.
    Despertando assim o resgate da moral e dos bons princípios, na importância da família como berço da educação, no respeito a amizade e principalmente descortinando para uma nova era a “ Era do Humanismo”!.

    EM BREVE!

    “Em breve, Lançamento” Missão Curuca – Nos encantos da floresta

    http://www.editorabarauna.com.br/giuliano-torres/