Trata-se, sem dúvida alguma, da descoberta mais idiota e inútil que já fiz em minhas estantes. Resolvi compartilhá-la com os leitores por dois motivos: primeiro, me intriga que, sendo óbvio, o padrão tenha me escapado em tantos anos de convivência com livros; segundo, nunca se sabe que sentido ou proveito alguém poderá tirar de detalhes como esse. Mas depois não digam que eu não avisei:
Na imensa maioria dos meus livros, os nomes de autor e obra aparecem escritos na lombada de cima para baixo, isto é, descendo. Isso parece ser uma regra das editoras, com poucas exceções.
Acontece que duas das exceções são notáveis pelo perfil e pela constância: nos livros da Companhia das Letras e da Alfaguara, os nomes vêm sempre de baixo para cima!
(Sim, há certos volumes mais grossinhos em que os nomes aparecem na horizontal, mas são estatisticamente desprezíveis.)
E com licença, que agora eu vou contar os azulejos da cozinha.
34 Comentários
Um livreiro daqui de Porto Alegre sempre organiza os livros na estante de forma a que o título e o nome do autor “suba”, de baixo para cima. Diz ele que facilita a leitura por parte de quem está parado em frente às lombadas, que consegue ler sem dar aquela clássica inclinadinha de cabeça.
Se funciona, não sei, mas talvez o padrão das duas editoras que você citou seja pautado por alguma ideia semelhante, Sérgio.
Eu tenho anedotas sobre isso. Vamos definir os dois tipos de lombadas:
– Lombada-vertical: o nome do autor “sobe” se o livro está na vertical. Só que, se vocë coloca o livro em cima da mesa, com a capa para cima, na horizontal, o nome do autor fica de ponta-cabeça. Essa lombada, portanto, privilegia a leitura quando o livro está na vertical — segundo estudos de design, é mais fácil ler coisas quando se tem que virar a cabeça ligeiramente para a esquerda do que para a direita [conhecimento anedótico].
– Lombada-horizontal: o nome do autor “desce”, o que dificulta a leitura se o livro é colocado na prateleira de cabeça para cima. Por outro lado, se o livro é deixado na horizontal, o nome do autor fica de cabeça para cima. Esse tipo de lombada, portanto, provilegia a leitura quando o livro está na horizontal.
Mais conhecimento anedótico: a maioria dos livros impressos na Inglaterra são do tipo lombada-horizontal e os na França, lombada-vertical. Os livros brasileiros, então, têm a tendência de seguir a convenção dos anglo-saxões.
Esse é o T.O.C. mais intelectual de que já tive notícias.
Me dói pressentir que esse post terá mais comentários e maior audiência do que o post sobre o Dom Quixote.
Que os deuses da literatura façam com que eu esteja errado!
Tá fazendo ideias pra livros novos? rs
Parabéns pelo blog, aliás. Já faz uns tempos que leio e recomendo para amigos, mas acho que nunca havia comentado.
Abraço.
Eu sempre achei que o “correto” seria ter os títulos e nomes de autores escritos no sentido que vai de baixo para cima.
Sei lá, consigo ler facilmente os nomes assim… ao contrário não.
Este é um problema antigo, que nos obriga, quando xeretamos as estantes das livrarias, a ficar balançando a cabeça como alguém que assistisse a uma partida de vôlei sentado junto à rede.
Numa rápida olhada à estante, verifiquei que muitas outras editoras, vivas ou passadas, também adotam o “de baixo pra cima”: Brasiliense, Grifo, Martins, Francisco Alves, Papirus, Ática, Rio Gráfica, ArteNova, Saraiva, Aguilar, Best-Seller, Bloch, Lisa, a Ediouro dos bons tempos, e por aí vai.
Seria ótimo, nem que fosse para prevenir a labirintite, que os editores adotassem um padrão. Mas duvido muito que isso aconteça.
Rafael, bobagem também é cultura…rs
Verdade, Sérgio. Acabei de conferir meu exemplar de “Homem Comum”, do Philip Roth, e de fato o nome do autor está de baixo pra cima na lombada.
Já em dois livros da coleção de bolso da L&PM (Notas do Subsolo e As Virgens Suicidas), por exemplo, os nomes estão de cima pra baixo.
Interessante! Quem será que determina esses padrões nas editoras?
” E com licença que agora eu vou contar os azulejos da cozinha”!
Ahahaha! Me diz depois quantos azulejos encontrastes?
Eu tinha um azulejo na cozinha levemente diferente dos outros… me incomodava tanto. uma reforma resolveu meu problema.
Off topic (and offside):
Alguém tem um adversário sobrando pra emprestar ao Cruzeiro?
Aliás, SR, pode pôr o cavanhaque de molho porque dia 10 vocês se encontram com a Raposa de novo; só não sei onde vai ser o abate : )
Um abraço celestial.
Será no Minairão…
hahaha Sérgio, muito bom esse teu post. Principalmente o final.
Natalia, obrigado por acrescentar algum fundamento a essa bobagem. Gostei das informações.
Rafael: já passou o Quixote. Mas não entendi o espanto. Estranho seria se não passasse.
Thiago: uma briga entre o campeão mineiro e o campeão carioca (é só continuar assim, Emerson!) promete ser interessante. Mas segura sua onda, meu caro, que até agora o Cruzeiro não pegou adversário de verdade.
A todos os interessados: 438 azulejos e meio. Abraços.
Acabo de ler e claro que corri para ver minha estante. Tem um ” Sertões” da Abril que sobe, mas só ele não serve para estabelcer padrão. O que me assustou, na verdade, foi ver como a “Companhia” monopoliza minha estante, em todos os segmentos…
E por falar em segmento, segue outro tópico de pouco interesse e nenhuma função:
Como vocês organizam suas estantes ???
Autor, assunto, ordem alfabética ???
SR, olhe que o Emerson foi para o Botafogo saindo do Cruzeiro (como os demais ‘ipatinguenses’ e a exemplo do Ney Franco). Isso (apesar de já ter acontecido também ao Flamengo) é o bastante para vocês terem pelo Cruzeiro algo próximo do amor : ) Quanto ao resultado você tem razão, mas reconheça que somos favoritos.
Pedro David, eu não só não faço organização alguma como, acredite, guardo os livros deitados…
Um abração a todos.
Ufa, que alguém também tem esse TOC como eu. Essa falta de padrão me irrita muito na hora de rearrumar as estantes. E eu prefiro que os nomes subam, a exemplo do que faz a Companhia das Letras. Já tentei organizar tudo dessa maneira, deixando os outros livros de cabeça pra baixo – mas o TOC é tão grande que sabê-los virados me incomodou muito mais.
Já tive essa dificuldade ao arrumar a minha estante também. Rss! Essas editoras podiam chegar a um acordo. Muitos livros, se colocados em ordem ficam de cabeça para baixo. É mesmo uma questão interessante…rss!
Abraço,
W.M.Carvalho (BH)
Putz, eu sempre encasquetei com isso. Sério. Nunca achei uma resposta. E parece que não vou achar.
O assunto não me parece ocioso, já que a discrepância entre uma editora e outra me obriga a pôr certos livros em pé e outros de ponta-cabeça (tem hífen?) na estante – problema com que me deparei recentemente, quando mudei de casa e tive de organizar tudo, elegendo um critério: o dos títulos que “sobem” nas lombadas, que aquieta o meu TOC e me parece ser o método que mais facilita a leitura.
Mas, se for verdade, o quanto dito pela Natália acima resolve toda a questão. O problema é mesmo a falta de uniformização do critério livro-vertical ou livro-horizontal.
A curiosidade me levou aos CDs. 99% das gravadoras adotam o nome “descendo”. Um ou outro alternativo não percebeu que há um padrão.
Acho que a leitura de cima para baixo é melhor. Não somos árabes, hehehe.
G
o
s
t
a
r
i
a
que fosse escrito assim. Muito mais fácil de ler e sem torcicolo!
As normas de editoração da ABNT determinam que a lombada seja escrita de cima para baixo, segundo consta no A Construção do Livro, Emanoel Araújo, Nova Fronteira, o ano não me lembro.
A falta de uniformização talvez deva-se desconhecimento dos designers de livros dessa norma e ao achismo de cada um.
Caminhando da esquerda para a direita lendo, de cima para baixo, as lombadas dos livros nas estantes repetiremos o mesmo movimento que fazemos ao ler qualquer texto.
Existe, sim, uma normatização para o sentido do texto na lombada, a ABNT NBR 12225.
Segundo ela, o nome deve vir escrito do alto para o pé da lombada.
tudo bem, sergio? li há algum tempo no livro “pensar com tipos” que a leitura de cima para baixo é predominante nos EUA…
bom domingo!
Menino, como eu nunca reparei isto? Descobri que prefiro de cima para baixo. Aqui estão todos arrumados assim, mesmo aqueles que nitidamente estão ao contrário…
E se você me oferecer uma revista para folhear, eu começo do final. Será que é grave? Quer ajuda nos azulejos?
Caros, sou designer de capas de livros e a explicação que tive a respeito disso, há alguns anos, é a de que quando escrevemos na direção de cima para baixo, o nome do livro e do autor não ficam ao contrário quando colocamos algum livro “deitado” em alguma mesa por exemplo. Mas dependendo da editora faço o contrário também… Risos
não sei porque a cia das letras faz diferente. mas o é fato que minha companhia quer imitar é a cia das letras.
Lá pelos anos 1970, eu notei na biblioteca que frequentava, que os livros brasileiros eram escritos de baixo para cima e os importados, basicamente americanos, eram de cima para baixo. De lá para cá acho que americanizamos isso também.
Sempre achei mais fácil ler de baixo para cima, força menos o pescoço, como muitos já notaram. Quanto a ficar de cabeça para baixo quando se deita o livro, aí já estamos lendo a capa e não precisamos ler a lombada. Acho que a lombada só serve para se ler quando o livro estiver em pé na estante, não é?
Pena que a normatização prega o contrário.
acontece ta,bem na leitura que inconsientemente fazemos do canto superior esquerdo pra direita.. e descendo… por isso a posição correta seria desceno texto… ou algue aqui le livro do final da pagina pra cima?
DE BAIXO PARA CIMA
– De baixo para cima é a forma como a assinatura de uma agência de publicidade entra em anúnicios…
– Este padrão também é encontrado na arquitetura, nas plantas baixas…
– Há 2 anos fiz uma curso para me reciclar e o professor citou que, no que tange a leitura de textos verticais, “de baixo para cima” é uma regra…
– Particularmente acho mais confortável, porém, estamos falando de livros, lombadas e…
DE CIMA PARA BAIXO
– … foi a forma como uma editora corrigiu a primeira capa que fiz, dizendo apenas que este era o “padrão da editora”…
– Não me parecendo um leitura confortável, tentei achar uma lógica nisso. E, realmente, a única resposta que encontrei foi que: lombadas escritas de cima para baixo permitem melhor leitura da mesma quando o livro é colocado deitado. Caso contrário, o texto fica de cabeça pra baixo.
Um abraço.
Caros amigos…
Sou Designer e a explicação para o fato é mais simples do que parece…
Somos ocidentais concordam?
Nossos cérebros estão condicionados a ler tudo
da esquerda para a direita e de cima para baixo.
Isso já é automático para nossas mentes ocidentais…
Não é por acaso que é um padrão…
Já faz parte de nossos genes, compreender melhor a leitura dessa forma.
Abraço
Rubens Nobre