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Tabucchi ausente, presente

08/07/2011

Ignacio de Loyola Brandão e Contardo Calligaris declararam solidariedade ao escritor italiano Antonio Tabucchi, que deveria ter sido a principal atração da mesa de hoje às 17h15, mas cancelou sua participação em protesto contra a posição do Supremo Tribunal Federal – e do governo brasileiro – no caso Cesare Battisti. O psicanalista e cronista Calligaris, italiano como Tabucchi, fez questão de dizer que sua situação é diferente, por viver no Brasil: “Dizer não ao convite da Flip seria apenas dizer não à Flip. Se eu morasse na Itália, provavelmente tomaria a mesma posição que Tabucchi, fico completamente solidário e acho bom ter tido essa oportunidade (de dizer isso)”, discursou.

Ignacio de Loyola Brandão apoiou o parceiro de mesa, lembrando que Tabucchi foi o tradutor de “Zero”, romance que, por ter sido proibido pela censura nos anos 1970, tornou-se seu título mais famoso. “Quero dizer que sou amigo de Antonio Tabucchi desde 1973, quando foi entregue a ele a tradução de ‘Zero’ e começou uma amizade que se solidificou ao longo dos tempos. Eu faria a mesma coisa que ele fez, não poderia ter outra atitude. E a tradução de ‘Zero’ para o italiano foi a mais perfeita de todas”.

Pouco mais do que isso tiveram em comum os dois escritores convidados – Calligaris, como substituto de Tabucchi, que na programação original deveria bater um papo com Brandão. Este divertiu a plateia com anedotas e tiradas como esta: “Escrevi com muita raiva do Woody Allen outro dia, por causa de ‘Meia-noite em Paris’: o filho da mãe fez o filme que eu queria fazer!”

Calligaris teve seu melhor momento quando o mediador Cadão Volpato lhe perguntou se existe hoje um apetite maior pela realidade (em oposição à ficção). “Não faz diferença. Tudo é ficção. Como terapeuta, eu sei que aquilo que as pessoas contam como sua história é só a ficção que elas conseguiram negociar melhor consigo mesmas e com os outros. Tenho ouvido muito que na internet todo mundo mente. E fora da internet, não mente? Os encontros amorosos são bailes de máscaras, ninguém tira a máscara nunca, embora às vezes ela caia”.

2 Comentários

  • Gatusso 08/07/2011em20:56

    Minha solidaridade con os famosos escritores, que mostram quanto inteligentes são, e com o povo italiano. É imesa a vergonha que a grande maioría dos brasileiros sentimos por o governo do molusco ter acolhido o besta criminoso battisti.