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Harry Potter ‘de graça’: a nova mágica da Amazon
Mercado , Pelo mundo / 11/05/2012

A partir do dia 19 de junho será possível baixar no Kindle todos os sete livros da série Harry Potter, o arrasa-quarteirão de J.K. Rowling, em cinco línguas (inglês, espanhol, francês, alemão e italiano), sem que o cartão de crédito do usuário seja debitado em um único centavo. Os títulos são a mais nova aquisição da “biblioteca” do Kindle, que permite pegar emprestado até um título por mês. Mais detalhes, em inglês, aqui. Ora, qualquer um que tenha cinco minutos de familiaridade com um leitor eletrônico sabe que a diferença entre o empréstimo e a compra pode ser meramente teórica no intangível universo digital – mesmo porque a Amazon anuncia que “não há data de devolução” para os livros da biblioteca do Kindle. Onde, então, estará a pegadinha? A pegadinha, se é que se pode chamar assim, é o amadurecimento de um conceito que já estava embutido no projeto Kindle desde o início: o do dono do aparelho como membro de um clube. A “biblioteca” não é exatamente gratuita no fim das contas: só têm acesso a seus (por enquanto) 145 mil títulos – e a benefícios como entrega rápida de livros físicos sem taxa extra e um acervo de…

O baú de David Foster Wallace e outros links
Pelo mundo / 13/04/2012

Três anos e meio após a sua morte, David Foster Wallace (foto) se consolida como o Raul Seixas da literatura americana: os últimos achados em seu baú são um cartão postal que ele escreveu para Don DeLillo e algumas cenas ainda inéditas de The Pale King, romance inacabado publicado postumamente. * Da mesma geração de DFW e, para todos os efeitos, tão sério quanto ele no modo de encarar a literatura, Jonathan Franzen se distingue pela absoluta ausência de autoironia. Após mais uma entrevista em que martelou seus temas preferidos – a necessidade que o ser humano tem de ler histórias literárias “complexas” como as que ele escreve e a incapacidade escrevê-las quando se tem conta no Twitter ou no Facebook – abriu a porta para que Tim Parks levantasse dúvidas interessantes sobre a tal “necessidade humana de histórias” e lhe dirigisse outras perguntas incômodas neste artigo (em inglês) no blog da “New York Review of Books”: Naturalmente, é conveniente para um romancista pensar que, pela própria natureza de seu trabalho, está do lado do bem, provendo uma demanda urgente e geral. (…) Mas qual é a natureza dessa demanda? O que aconteceria se ela não fosse atendida? (…) E…

‘Como vendi 1 milhão de e-books em cinco meses!’
Pelo mundo / 24/06/2011

A história do escritor independente – isto é, sem editora – John Locke, publicada esta semana pelo “Los Angeles Times” (em inglês, acesso gratuito), é um interessante caso de sucesso no mundo dos e-books. Um mundo que, se no Brasil ainda cabe numa xícara, nos EUA já desenha uma paisagem de contornos vastos e cada vez menos nebulosos. Vale a pena conhecer o caso porque, mais cedo ou mais tarde, suas lições poderão ser aplicadas aqui. As duas questões fundamentais levantadas pela história são: Quanto pode ou deve custar um e-book? E que percentual desse valor deve caber ao autor, que no mercado editorial convencional leva em torno de 10%? Com uma série de thrillers de mistério, Locke acaba de entrar para o clube dos escritores independentes com mais de um milhão de downloads na livraria virtual Amazon. Isso significa que mais de um milhão de proprietários do leitor eletrônico Kindle, que pertence à Amazon, compraram seus livros. Pagaram por cada um deles o preço quase simbólico de 0,99 cents – cerca de R$ 1,60. Ah, mas assim é fácil vender tanto? Não, não é. A maior parte dos escritores autopublicados não vende nem mil livros. Além de seus prováveis…

Como diria Juarez Soares: Kindle é Kindle, iPad é iPad
Pelo mundo / 27/10/2010

Um interessante artigo de Lance Ulanov na PCMag.com, intitulado “Kindle x iPad: uma falsa escolha”, informa que os últimos números de venda dos dois aparelhos já permitem afirmar que o pessoal estava errado ao saudar o lançamento da Apple como “exterminador de Kindle”: ambos vão muito bem, obrigado. Ulanov, que tem os dois, considera isso apenas natural: Faço coisas muito diferentes com eles. Me pedir que escolha um é como me pedir que escolha entre meu carro e minha HDTV. O fato de tanto o carro quanto a TV serem capazes de tocar música não quer dizer que eu deva começar a tentar dirigir minha HDTV, ou me sentar diante do carro à espera do próximo episódio de ‘Mad Men’. Seria obviamente uma escolha absurda, tão falsa quanto a de optar entre o Kindle e o iPad, e quanto antes pararmos de pedir às pessoas que a façam, melhor. O argumento central do artigo é que o iPad, maravilha tecnológica sob tantos aspectos, leva uma surra da engenhoca da Amazon num quesito crucial: como leitor de livro, ou leitor-leitor de livro-livro, como talvez devêssemos dizer. É o mesmo ponto de vista que eu defendi aqui em janeiro, assim que o…

Lucia Riff sobre o ‘affair’ Wylie: agente não é editor

O mercado editorial americano foi sacudido na semana passada por um terremoto que promete se desdobrar em novos abalos no futuro próximo, à medida que as placas tectônicas se ajustarem num ambiente de negócios que o revolucionário livro digital, até ano passado pouco mais que uma curiosidade e uma promessa, começa finalmente a redesenhar na marra. No epicentro do fenômeno está o agente literário Andrew Wylie, de Nova York, um peso pesado que representa autores como Philip Roth e Martin Amis e, entre as obras de escritores mortos, as de Vladimir Nabokov e Jorge Luis Borges. Wylie anunciou a criação de um selo próprio, o Odyssey, para lançar versões digitais de títulos que, presos a editoras tradicionais por contratos de edição em papel, não tinham a seu juízo – por terem sido contratados antes de 2000, quando o e-book não existia no horizonte – seus direitos digitais cedidos a ninguém. Só que as grandes editoras pensam diferente. A Random House divulgou uma nota violenta declarando que não fechará nenhum novo contrato com a Wylie Agency “enquanto essa situação não for resolvida”. O que, tudo indica, só ocorrerá nos tribunais (mais sobre o caso aqui e aqui, em inglês). A Odyssey…