Advertência: esta história é um conto amoral que diz mais sobre os mecanismos do sucesso editorial do que o estudo aprofundado das obras completas de Paulo Coelho. No fim do ano passado, aparentemente julgando prescrito seu crime, o veterano produtor de Hollywood Bob Rehme recordou um episódio pitoresco que vivera em 1969 como executivo da Paramount. Rehme estava encarregado de promover o filme “Bravura indômita” (True grit) – o primeiro, que valeu o Oscar a John Wayne e que não deve ser confundido com a obra dos irmãos Coen que estreia hoje nos cinemas brasileiros. Ocorre que a Paramount havia comprado os direitos do livro homônimo, de autoria de Charles Portis (no qual se baseiam os dois filmes e que está sendo lançado aqui pela Alfaguara), antes mesmo de sua publicação. Apostava num sucesso de vendas, sobre o qual erguera toda a estratégia comercial do filme: “baseado no best-seller” era uma frase fundamental nos cartazes. Mas, embora o livro tivesse colhido boas resenhas, o aguardado sucesso se recusava a vir. E agora? Fácil: aproveitando-se do fato significativo de que uma pequena fração da verba promocional à sua disposição era suficiente para comprar milhares de exemplares de qualquer livro do mundo…