Genial, genioso e muito mais recluso do que Rubem Fonseca jamais sonhou ser, o contista curitibano Dalton Trevisan é o vencedor do 24º Prêmio Camões 2012, o mais importante da literatura de língua portuguesa. O vencedor do Camões – que também já premiou os brasileiros João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar e o próprio Rubem Fonseca, entre outros – recebe 100 mil euros, em torno de R$ 260 mil. Presidido pelo crítico brasileiro Silviano Santiago, o júri tomou a decisão por unanimidade. O anúncio foi feito hoje de manhã em Lisboa por Francisco José Viegas, secretário de Cultura de Portugal. Leia aqui a reportagem do jornal português “Público”. O júri justificou assim a escolha: “Dalton Trevisan significa uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra. Tanto nas suas incessantes experimentações com a língua portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma, quanto na sua dedicação ao fazer literário sem concessões às distrações da vida pessoal e social”. Dalton, que completa 87 anos no mês que vem, manteve em toda a sua carreira impressionante fidelidade a um estilo de prosa de crescente minimalismo e temática inconfundível, marcada em doses iguais por erotismo à flor da pele, provincianismo e uma espécie aguda…
Expandindo a experiência iniciada aqui esta semana, em busca do que por enquanto é pouco mais que uma miragem – uma literatura forte no Twitter – lanço o Concurso Todoprosa de Microcontos para Twitter. Por trás do nome que as iniciais maiúsculas ajudam a tornar (ironicamente, combinado?) pomposo, uma brincadeira simples: estimular a produção de micronarrativas em formato de tweet, com 140 toques no máximo, mas que consigam atingir alguma densidade literária. A tarefa é mais difícil do que parece à primeira vista. Para começar, esse papo de twitteratura já rola por aí há algum tempo, o suficiente para que até a conservadora Academia Brasileira de Letras, pulando alegremente no bonde digital, organizasse este ano seu concurso, vencido por esta historinha de Bibiana Da Pieve: Toda terça ia ao dentista e voltava ensolarada. Contaram ao marido sem a menor anestesia. Foi achada numa quarta, sumariamente anoitecida. Daí decorre que a maior dificuldade do microcontista-tuiteiro é que, sinal dos tempos, seu formato mal nasceu e já está superexplorado. Não faltam microcontos por aí, como se pode conferir na profusão de links reunidos nesta página. Some-se a isso a vasta produção de aforismos no Twitter – que também são uma forma de…