Curioso pela migração de gênero e público, comecei a ler “Morte súbita”, o primeiro “romance adulto” de J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter. Pouco mais de meia hora depois tinha parado de ler “Morte súbita”, o primeiro “romance adulto” de J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter. A leitura teve morte súbita – e vale registrar que eu tinha optado pelo original, The casual vacancy, o que inocenta do crime a tradução brasileira recém-lançada pela Nova Fronteira – por doses cavalares de academicismo e clichê na trama e na linguagem. Não, claro que isto não é uma resenha. Só quem lê uma obra inteira, e com ponderação, pode se atrever a resenhá-la. Mas é um toque: a vida é curta para tanto livro, e “Barba ensopada de sangue” está aí mesmo. * Todos sabemos que juízos estéticos baseados em ideias como “belo” e “sublime” pertencem ao passado. Mas o que significa a predominância contemporânea de categorias como “fofo” e “interessante”? O recém-lançado livro Our aesthetic categories (Nossas categorias estéticas), da poeta e crítica literária Sianne Ngai, acha que significa muito. Resenha da Slate, em inglês, aqui. * A entrevista dada à “Folha de S. Paulo” pelo crítico Rodrigo Gurgel,…
Desta vez a lista do Flavorwire (em inglês) é picante: cartas de amor com conteúdo sexual, na maior parte dos casos explícito, assinadas por escritores famosos. Leitura muito divertida. James Joyce (foto), insuperável, faz até Charles Bukowski parecer um coroinha. * O crítico acadêmico João Cezar de Castro Rocha publicou na última edição do Prosa & Verso um artigo alentador e de leitura obrigatória. Ainda bem que a fauna e a flora da universidade são diversificadas a ponto de incluir visões lúcidas, autocríticas e generosas como esta: Dada a pluralidade da produção atual, é impossível decretar a morte da crítica ou o impasse definitivo da literatura, simplesmente porque há muito tempo não mais existe uma única forma de poesia, prosa ou crítica — aspecto que desautoriza juízos totalizadores. A tarefa atual da crítica é realizar uma arqueologia das formas do presente, a fim de descrever os movimentos novos esboçados na prosa, na poesia, no ensaio e na interlocução crescente com os meios audiovisuais e digitais. O único modo de fazê-lo é dedicar-se à leitura atenta da produção contemporânea, em lugar de proferir sentenças magistrais, com base na hermenêutica mediúnica dos profissionais do obituário alheio. Trata-se de evitar a vocação fóssil…
Selexyz é o nome da livraria das fotos acima, diante da qual um lugar-comum como “templo dos livros” ganha uma inesperada força expressiva. Foi montada no interior de uma antiga igreja dominicana em Maastricht, na Holanda, e vem em primeiro lugar entre as 20 livrarias mais belas do mundo, segundo uma das mais inspiradoras listas que o Flavorwire já compilou. O Brasil também comparece (com a Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo). * Se essa lista fosse um documentário, poderia ter a narração em off de Jonathan Franzen, que acaba de recitar (aqui, em inglês) no festival Hay de Cartagena, na Colômbia, a maior defesa dos livros impressos ouvida nos últimos tempos. De forma um tanto surpreendente, o autor de “Liberdade” não se referiu ao aroma inebriante da tinta no papel ou algum outro clichê do gênero. Atacou justamente aquilo que os entusiastas do meio digital mais exaltam: a aura de impermanência – ou seja, a plasticidade, a permeabilidade, a interatividade, o compartilhamento, a coautoria – do texto lido na tela. “Talvez ninguém ligue para livros impressos daqui a cinquenta anos, mas eu ligo”, disse Franzen, um dos autores confirmados na próxima Festa Literária Internacional de…
O “novo projeto” de J.K. Rowling não é mais um livro protagonizado por Harry Potter, diz a versão oficial, mas isso não impede a autora de continuar fazendo mágica. Venha o que vier, uma coisa parece certa: será mais uma aula sobre como usar os recursos do mundo digital para manter vivo e vendável um mundo ficcional. Num momento em que tanto se fala de “literatura expandida”, convém prestar atenção. O site pottermore.com, que entrou no ar na semana passada, consiste por enquanto apenas de uma página ilustrada por duas corujas, em que se vê a assinatura da autora sob um aviso: “Em breve”. Isso foi o suficiente para deflagrar um surto de histeria (notícia aqui de VEJA.com) entre os milhões de fãs de Harry Potter. Seria um jogo online? Uma enciclopédia sobre o “mundo potteriano”? Apenas uma ferramenta de promoção do último filme da série, “Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2”, que estreia mês que vem? Os boatos de que se trataria de um novo livro foram desmentidos por um porta-voz da autora, mas persistem – o que é compreensível, se for levado em conta que Rowling já admitiu dar prosseguimento à série e que…