A lenda da blogosfera literária nacional Lúcio Nareba está em liberdade desde o último indulto de Cosme e Damião, tendo cumprido, conforme a lei, um vigésimo da pena a que foi condenado pelo assassinato da editora Bia Escarpin (ao lado, no flagrante de Gilmar Fraga). A imprensa tradicional não deu destaque à libertação, mas os fãs têm sido fiéis ao velho mito e se cotizam para pagar os dois engradados diários de cerveja em que o fundador do radical narebismo se embebe, além dos cigarros que fuma sem parar pelos ouvidos e do Blackberry lilás em que cutuca nanocontos de três palavras o dia inteiro, produzindo um a cada quinze ou dezoito horas. E de repente isso já não basta. O homem Lúcio sente que alguma coisa nele, profunda e visceral, foi transformada pela cadeia. Começa a lhe parecer pouco desfrutar da glória de sempre, ainda que imensa, em seu próprio círculo literário. Nareba quer crescer como artista, ganhar o mundo. No começo fica meio confuso, mas, num esforço final notável, seus neurônios desenham a ideia mágica: Frankfurt 2013! É urgente que o traduzam para o alemão! Ora, ter uma ideia dessas deveria bastar por si só. Lúcio Nareba em…
O excesso de notícias gerado pela Flip fez com que tivesse menos destaque do que merece o anúncio, feito pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, do novo programa de apoio à tradução de autores brasileiros da Biblioteca Nacional. O mercado – editores, escritores e agentes – recebeu a novidade com empolgação. Ambicioso a ponto de prever investimentos até 2020, e lançado a tempo de ter impacto na Feira de Frankfurt em 2013, quando o Brasil será pela segunda vez o país homenageado, o consenso é que o presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, conseguiu costurar um programa próximo do que o mercado sempre reivindicou – e que a esta altura muitos já nem esperavam, desanimados com a crise política que cercou o ministério da Cultura nos últimos meses. O fato que é nunca houve uma ferramenta tão robusta de divulgação de nossa quase secreta literatura no exterior. Em outubro do ano passado, comentando a participação da Argentina como país homenageado no megaevento alemão, eu disse aqui neste espaço que, com todos os percalços e críticas feitas à festança armada pelos vizinhos, tínhamos muito a aprender com eles. Essa impressão se baseava sobretudo no quanto eles tinham investido na concessão…