A convicção de que o romance tem um centro faz sentir que um detalhe supostamente irrelevante pode ser substancial e que o significado de tudo que está na superfície pode ser bem diferente. Romances são narrativas abertas a sentimentos de culpa, paranoia e ansiedade. A sensação de profundidade que nos dá a leitura de um romance, a ilusão de que o livro nos faz mergulhar num universo tridimensional, vem da presenca do centro, seja ela real ou imaginária. O que basicamente separa um romance de um poema épico, ou de uma tradicional narrativa de aventura, é a ideia do centro. Romances apresentam personagens bem mais complexos que os de poemas épicos; focalizam pessoas comuns e exploram todos os aspectos da vida diária. Mas devem essas qualidades e esses poderes à presenca de um centro em algum lugar ao fundo da cena e ao fato de lermos com essa esperança. Como os romances revelam detalhes triviais da vida e nossas pequenas fantasias, hábitos diários e objetos familiares, o leitor lê com curiosidade – a rigor, com assombro –, sabendo que tudo aponta para um sentido mais profundo, para um propósito em algum lugar ao fundo da cena. Cada característica da paisagem…