Quem gosta de estar em dia com o pulso das discussões literárias deve ir correndo comprar “O livro de Praga” (Companhia das Letras, R$ 37,50), a aguardada contribuição de Sérgio Sant’Anna à coleção Amores Expressos. Ali aos sussurros, acolá aos gritos, a polêmica vem dominando a semana nos meios letrados brasileiros: o livro é muito bom, muito ruim ou mais ou menos? Por enquanto, fica o registro do zunzum em torno de um dos escritores brasileiros mais respeitados por seus pares. Comecei a leitura ontem à noite e, como ainda estou no terceiro de sete episódios – quase contos autônomos, quase capítulos de um romance – a hora é de guardar silêncio. * Uma tradução para o inglês do conto “Sargento Garcia”, de Caio Fernando Abreu, aparece no número de junho da revista eletrônica Words Without Borders, bíblia americana do que se poderia chamar de world literature. O tema da edição é ficção gay. * No post anterior, sobre a maioridade dos blogs literários, faltou mencionar um jeito de, num clique só, ter uma vista panorâmica do que rola em parte significativa dessa província virtual: o capítulo Literatura do site agregador as últimas. É verdade que, contrariando seu nome, ele…
Advertência: esta história é um conto amoral que diz mais sobre os mecanismos do sucesso editorial do que o estudo aprofundado das obras completas de Paulo Coelho. No fim do ano passado, aparentemente julgando prescrito seu crime, o veterano produtor de Hollywood Bob Rehme recordou um episódio pitoresco que vivera em 1969 como executivo da Paramount. Rehme estava encarregado de promover o filme “Bravura indômita” (True grit) – o primeiro, que valeu o Oscar a John Wayne e que não deve ser confundido com a obra dos irmãos Coen que estreia hoje nos cinemas brasileiros. Ocorre que a Paramount havia comprado os direitos do livro homônimo, de autoria de Charles Portis (no qual se baseiam os dois filmes e que está sendo lançado aqui pela Alfaguara), antes mesmo de sua publicação. Apostava num sucesso de vendas, sobre o qual erguera toda a estratégia comercial do filme: “baseado no best-seller” era uma frase fundamental nos cartazes. Mas, embora o livro tivesse colhido boas resenhas, o aguardado sucesso se recusava a vir. E agora? Fácil: aproveitando-se do fato significativo de que uma pequena fração da verba promocional à sua disposição era suficiente para comprar milhares de exemplares de qualquer livro do mundo…