Curioso pela migração de gênero e público, comecei a ler “Morte súbita”, o primeiro “romance adulto” de J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter. Pouco mais de meia hora depois tinha parado de ler “Morte súbita”, o primeiro “romance adulto” de J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter. A leitura teve morte súbita – e vale registrar que eu tinha optado pelo original, The casual vacancy, o que inocenta do crime a tradução brasileira recém-lançada pela Nova Fronteira – por doses cavalares de academicismo e clichê na trama e na linguagem. Não, claro que isto não é uma resenha. Só quem lê uma obra inteira, e com ponderação, pode se atrever a resenhá-la. Mas é um toque: a vida é curta para tanto livro, e “Barba ensopada de sangue” está aí mesmo. * Todos sabemos que juízos estéticos baseados em ideias como “belo” e “sublime” pertencem ao passado. Mas o que significa a predominância contemporânea de categorias como “fofo” e “interessante”? O recém-lançado livro Our aesthetic categories (Nossas categorias estéticas), da poeta e crítica literária Sianne Ngai, acha que significa muito. Resenha da Slate, em inglês, aqui. * A entrevista dada à “Folha de S. Paulo” pelo crítico Rodrigo Gurgel,…
J.K. Rowling anunciou que está escrevendo um novo romance – e que desta vez é um livro adulto! Só isso. Nem tema, nem data aproximada de lançamento, nada. J.K. Rowling está escrevendo um livro, é adulto, ponto. Tão desmesurado é o poder da mãe de Harry Potter, há não mais de 15 anos uma pobretona aspirante às letras, que todos se agitam: o “Guardian” aposta num romance policial, livreiros soltam fogos, editores afiam as unhas – ela informou julgar natural que a “nova fase” de sua carreira ocorra noutras casas editoriais, o que evidentemente não deixou felizes suas parceiras de HP Bloomsbury no Reino Unido, Scholastic nos EUA, Rocco no Brasil e dezenas de outras pelo mundo. Como se sabe, a varinha mágica de Rowling foi turbinada pelo bônus de vender mais de 450 milhões de exemplares dos livros do bruxo adolescente de óculos, 11 milhões só nas primeiras 24 horas do lançamento americano de “Deathly hallows” (Relíquias da morte), o último da série, em 2007. Mas conseguirá sua mágica migrar com igual força para outro mundo, outra visão de mundo – ou o que quer que ela queira dizer com esse papo de literatura “adulta”, policial ou não? Não…
O “novo projeto” de J.K. Rowling não é mais um livro protagonizado por Harry Potter, diz a versão oficial, mas isso não impede a autora de continuar fazendo mágica. Venha o que vier, uma coisa parece certa: será mais uma aula sobre como usar os recursos do mundo digital para manter vivo e vendável um mundo ficcional. Num momento em que tanto se fala de “literatura expandida”, convém prestar atenção. O site pottermore.com, que entrou no ar na semana passada, consiste por enquanto apenas de uma página ilustrada por duas corujas, em que se vê a assinatura da autora sob um aviso: “Em breve”. Isso foi o suficiente para deflagrar um surto de histeria (notícia aqui de VEJA.com) entre os milhões de fãs de Harry Potter. Seria um jogo online? Uma enciclopédia sobre o “mundo potteriano”? Apenas uma ferramenta de promoção do último filme da série, “Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2”, que estreia mês que vem? Os boatos de que se trataria de um novo livro foram desmentidos por um porta-voz da autora, mas persistem – o que é compreensível, se for levado em conta que Rowling já admitiu dar prosseguimento à série e que…
Saladinha de segunda, para poupar aos leitores do Todoprosa a tarefa de revirar a ganga bruta da web literária atrás de pequenas pepitas de informação: J.K. Rowling admitiu à apresentadora americana de TV Oprah Winfrey – em entrevista que foi ao ar sexta-feira – que pode voltar a escrever um livro da série Harry Potter, que já vendeu 400 milhões de cópias. “Não estou dizendo que não o farei”, disse. Quando o nível da conta bancária começar a baixar, por que não? Falando em dinheiro, um estranho exercício de jornalismo econômico-literário: no “Babelia”, uma reportagem ouve editores espanhois e conclui que, nestes tempos de crise econômica (não aqui, certo?), caem as vendas de clássicos enquanto sobem as de romances policiais. Um azarão atropelou por fora e já aparece em segundo lugar na lista de favoritos ao Nobel de Literatura da casa de apostas inglesa Ladbrokes: o romancista Ngugi wa Thiong’o começou pagando 75 por 1 e está em 5 por 1. Continua atrás do sueco Tomas Tranströmer (4/1), mas por muito pouco. A importância do fator “quem?”, assim, multiplica-se. Thiong’o tem títulos traduzidos para o português pelas Edições 70, de Portugal, mas não no Brasil. Com desempenho menos fulgurante, o…