Os consensos artísticos do futuro (do presente?) vão surgir (estão surgindo?) na rede, da rede, isso parece certo. Outro dia me perguntaram numa palestra o que acontece na era digital com o velho sistema de validação literária, que há tempos vinha se baseando na academia e nos estratos mais rarefeitos da imprensa de papel. Quem vai separar o joio do trigo no presente, no futuro? Parece evidente que, cada vez mais, quem vai dizer o que fica e o que merece ser lido é a rede – a mesma rede que eleva a uma potência inédita o número de candidatos a essa glória fugidia. É claro que isso não exclui por completo os atores tradicionais: universidade e imprensa também fazem parte da rede. Mas inclui outros personagens, “autoridades” que não dependem de títulos ou da chancela de um grande grupo de comunicação para se estabelecer – basta que tenham números consideráveis de seguidores. Pode-se ver nisso uma bem-vinda democratização ou o beijo da morte do pensamento crítico. Eu mesmo oscilo entre os dois pontos de vista. Mas o crítico e editor James Panero escolhe resolutamente a segunda opção neste artigo para “The New Criterion” (em inglês, acesso gratuito), no qual…