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Por que não gostei do ‘Verão’ de Coetzee
Resenha / 07/07/2010

Acabo de confirmar no Google minha impressão inicial de que “Verão” (Companhia das Letras, tradução de José Rubens Siqueira, 280 páginas, R$ 44,50), o mais recente romance do escritor sul-africano J.M. Coetzee, foi um sucesso praticamente unânime de crítica, primeiro no exterior e depois no Brasil. Não faltou sequer o qualificativo de obra-prima para esse estranho livro de memórias ficcionais, o terceiro da trilogia “Cenas da vida na província” (após “Infância” e “Juventude”). Dedicado ao início da maturidade do autor, nele um biógrafo chamado Vincent conduz entrevistas com pessoas que conheceram o “falecido” escritor sul-africano John Coetzee – quatro mulheres e um homem que, de modo geral e discordâncias pontuais à parte, montam um painel desolador do sujeito, retratado como frio, retraído, fisicamente desagradável, socialmente covarde e sexualmente patético. Terreno movediço, como se vê. O que é verdade, o que é ficção? E isso importa? Acho boa a premissa do livro, e o pós-modernismo ululante que poderia afastar certo tipo de leitor não me incomoda – pelo contrário, tendo a ser tolerante com jogos de espelho, fundos falsos, narradores pouco confiáveis e as camadas de ironia que se depositam nesses ambientes. O problema, como sempre, é que premissas só contam…