A americana Lionel Shriver, autora de “Precisamos falar sobre o Kevin”, e a brasileira Patrícia Melo, autora de “O ladrão de cadáveres”, protagonizaram uma mesa simpática. Chamada “De frente pro crime”, a segunda conferência da quinta-feira foi recheada de declarações de cortesia mútua e surpreendentemente suave, tão focada em temas afeitos a certos clichês de feminilidade, como casamento e maternidade, quanto na crueza da violência que ambas tematizam em suas obras. O que se deve em parte ao cavalherismo explícito da mediação do jornalista e escritor Arnaldo Bloch e, pelo lado da surpresa, não pode ser considerado exatamente um defeito. No entanto, foi preciso chegar à parte final da mesa, quando a plateia envia suas perguntas, para que se desse o momento mais revelador da conversa. Perguntada sobre a já repisada questão de fazer uma literatura que nunca conseguiu se libertar da influência excessiva de Rubem Fonseca (com o que concordo em grande parte, a ponto de achar que, considerando-se apenas os livros lançados nos últimos dez anos, a decadência do mestre a tornou um Rubem melhor que Rubem), Patrícia Melo fez um pequeno discurso em tom de desabafo: “Infelizmente, a crítica literária no Brasil ainda é muito simplista, muito…