Por Raissa Pascoal A poesia abriu o domingo frio e chuvoso em Paraty, onde termina hoje a 10ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Mediada pelo jornalista João Paulo Cuenca, um dos 20 jovens autores do país selecionados entre os melhores da revista Granta, a mesa Vidas em Versos reuniu a escocesa Jackie Kay e o brasileiro Fabrício Carpinejar. Apesar de divertir o – agora já reduzido – público da tenda dos autores, a conversa não teve frescor literário. Entre leituras de textos seus, os autores falaram dos ecos entre sua vida e obra, contando histórias e piadas. Para explicar sua relação com o uso da voz, por exemplo, Carpinejar fingiu orgasmo para defender o recurso, que seria utilizado pelas mulheres para sinalizar prazer. “É uma pedagogia da sensibilidade.” O poeta gaúcho caiu no tema orgástico depois de Jackie Kay contar como presta atenção à voz e ao jeito de falar das pessoas. “Gosto de saber como as pessoas falam, sua sintaxe, a ordem das palavras. Uma vez que eu ouço a voz de um personagem, consigo criá-lo”, afirmou a escocesa. Carpinejar então disse que é filho do ouvido, porque cresceu com muito ruído em uma casa só de…
Por Maria Carolina Maia A política voltou ao palco principal da Flip na noite desta sexta-feira, na mesa Literatura e liberdade, que reuniu os poetas árabes Amin Maalouf (do livro O Mundo em Desajuste, publicado pela Difel) e Adonis (que acaba de ter um primeiro livro, a seleta Poemas, lançado no Brasil pela Companhia das Letras). De gerações diferentes, Adonis, 82, e Maalouf, 63, falaram da situação dos países que passam pela chamada Primavera Árabe e da relação entre árabes e americanos. Para os dois poetas, embora em menor grau para o otimista Maalouf, o governo de Barack Obama foi uma decepção. “Obama é uma máscara negra sobre um rosto branco”, disse Adonis, pseudônimo de Ali Ahmad Said Esber. Sobre a chamada Primavera Árabe, o poeta sírio hoje radicado em Paris foi taxativo. “É apenas a troca de um fascismo militar por um fascismo religioso”, disse, sem esperanças de renovação. Segundo Adonis, para haver uma revolução de fato nos países árabes é preciso laicizar a sociedade e libertar as mulheres do jugo do Islã. “Não podemos defender nenhum regime árabe”, afirmou Adonis. “Precisamos nos perguntar o que vamos fazer depois que esse movimento acabar. Se a mulher não tiver liberdade,…