Clique para visitar a página do escritor.
República das Letras, sim. Mas isso inclui o Google?
Pelo mundo / 23/03/2011

Depois da decisão do juiz americano que refreou o apetite de digitalização universal do Google, ontem, vale a pena recuperar o trecho mais aplaudido da palestra que o historiador Robert Darnton fez na Flip do ano passado: Em primeiro lugar, devo dizer que admiro o Google, que fez coisas maravilhosas, e não quero soar como um D. Quixote. A digitalização do conhecimento é uma grande oportunidade e um grande risco. O Google já digitalizou cerca de 2 milhões de livros que estão em domínio publico. Não cobra pelo acesso e ganha discretamente com publicidade, mas isso não me incomoda. O que me preocupa é a comercialização do nosso patrimônio cultural. Na Biblioteca de Harvard temos 14 milhões de livros. O Google nos procurou e propôs digitalizar tudo sem custo para nós, mas em troca eles nos cobrariam pela leitura em formato digital. Isso é inaceitável. Estão criando o maior monopólio já visto, um monopólio de informação. Não acho correto comercializar uma biblioteca que foi formada ao longo de séculos e deixar isso na mão de uma empresa que precisa gerar lucro para seus acionistas. A República das Letras, com seu acesso universal ao conhecimento, ideal do seculo 18, tem uma…

O Darnton analógico e o Darnton digital
Vida literária / 06/08/2010

A ideia de dividir a participação do historiador Robert Darnton na Flip em duas – nas mesas “O livro: capítulo 1”, ontem à noite, e “O livro: capítulo 2”, hoje de manhã – parecia boa, não só como forma de organizar a grande massa de informação trazida pelo convidado mas também como espelho de uma linha histórica que a presente revolução tecnológica quebra inevitavelmente em pré e pós: a primeira conversa foi dedicada à história do velho códex, o livro de papel, e a segunda voltada para os desafios impostos pela cultura digital. Bem, funcionou exatamente assim. O único problema é que os espectadores podem ter saído com a impressão de que o tempo do livro de papel era uma chatice e que toda a diversão vai começar agora, tal foi a disparidade de temperatura entre a primeira mesa, uma conversa de ares acadêmicos mediada pela historiadora Lilia Schwarcz, e a segunda, uma entrevista conduzida pela jornalista Cristiane Costa. Diretor da Biblioteca de Harvard e pesquisador especializado no Iluminismo francês, Darnton teve ontem à noite a companhia de outro historiador dedicado à investigação da leitura, Peter Burke. Não por acaso, os dois estavam loucos por fazer pontes entre o passado…