Por Raissa Pascoal Exilados de suas terras natais por ditadores, o haitiano Dany Laferrière e a cubana Zoé Valdés foram buscar na literatura o veículo para dizer que a liberdade – negada em seus países e adquirida no exterior – é impagável. Liberdade não só na escrita – agora sem censura –, mas também nos temas utilizados, que chegam a politizar até o sexo, tratado como provocação histórica, no caso de Laferrière, e de força identitária, para Zoé. “Escrevi para dizer aos ditadores: ‘Pode ficar no seu palácio em Porto Príncipe, mas você nunca vai ter a liberdade de um jovem numa cidade aberta”, disse. O encontro dos dois aconteceu na mesa O Avesso da Pátria, mediada pela jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho. Há 30 anos, Laferrière escreveu o livro Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar, publicado agora no Brasil pela Editora 34. No romance, o escritor utiliza cenas de atos sexuais para denunciar o racismo – ele mostra que uma branca se permite entregar-se a um negro dentro de quatro paredes, mas em público jamais tomaria um café com ele. “Não existe cena de sexo no romance sem que haja um duelo de identidades cara a…