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Quando escritores falam de sexo – e isso não é ficção
Pelo mundo / 15/02/2012

Desta vez a lista do Flavorwire (em inglês) é picante: cartas de amor com conteúdo sexual, na maior parte dos casos explícito, assinadas por escritores famosos. Leitura muito divertida. James Joyce (foto), insuperável, faz até Charles Bukowski parecer um coroinha. * O crítico acadêmico João Cezar de Castro Rocha publicou na última edição do Prosa & Verso um artigo alentador e de leitura obrigatória. Ainda bem que a fauna e a flora da universidade são diversificadas a ponto de incluir visões lúcidas, autocríticas e generosas como esta: Dada a pluralidade da produção atual, é impossível decretar a morte da crítica ou o impasse definitivo da literatura, simplesmente porque há muito tempo não mais existe uma única forma de poesia, prosa ou crítica — aspecto que desautoriza juízos totalizadores. A tarefa atual da crítica é realizar uma arqueologia das formas do presente, a fim de descrever os movimentos novos esboçados na prosa, na poesia, no ensaio e na interlocução crescente com os meios audiovisuais e digitais. O único modo de fazê-lo é dedicar-se à leitura atenta da produção contemporânea, em lugar de proferir sentenças magistrais, com base na hermenêutica mediúnica dos profissionais do obituário alheio. Trata-se de evitar a vocação fóssil…

‘Outras cores’, de Pamuk: literatura é remédio
Resenha / 05/11/2010

Atrás da beleza dos livros de Nabokov há sempre algo de sinistro (ele usou essa palavra num dos seus títulos), um cheiro de tirania. Se a atemporalidade da beleza é uma ilusão, isto é em si um reflexo da vida e da época de Nabokov. Sendo assim, por que fui afetado por essa beleza, escrita, como é, nos termos de um pacto faustiano com a crueldade e o mal? (…) Para compreender melhor o que chamo de crueldade de Nabokov, examinemos o trecho [de “Lolita”] no qual Humbert visita o barbeiro na cidade de Kasbeam – só para passar o tempo, pouco antes de Lolita o deixar (de modo tão cruel, mas com toda a razão). Trata-se de um velho barbeiro de província, com o dom da tagarelice, e enquanto faz a barba de Humbert fala com volubilidade sobre o filho jogador de beisebol. Limpa os óculos no avental por cima de Humbert e deixa a tesoura de lado para ler recortes de jornal sobre o filho. Nabokov dá vida ao barbeiro em poucas frases miraculosas. (…) Mas no fim Nabokov joga sua última e mais chocante cartada. Humbert presta tão pouca atenção ao barbeiro que só no último instante…