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O pai de Pamuk
Posts / 18/12/2006

Em 2000, dois anos antes de morrer, o pai do escritor turco Orhan Pamuk lhe deu uma mala cheia de escritos que, literato amador, acumulara ao longo da vida. As cenas tensas que se desenrolaram em seguida foram lembradas por Pamuk em seu discurso de agradecimento do Nobel de Literatura, parcialmente publicado no fim de semana pelo “Guardian” – acesso livre, em inglês, aqui. A primeira coisa que me manteve afastado do conteúdo da mala foi o medo de que eu pudesse não gostar do que ia ler. Como meu pai sabia disso, tomara a precaução de fingir que não levava aquilo a sério. Depois de trabalhar como escritor por 25 anos, era doloroso para mim perceber isso. Mas eu não queria ficar irritado com ele por ter fracassado em levar a literatura a sério (…) Meu verdadeiro medo, a coisa crucial que eu não queria saber ou descobrir, era que ele pudesse ser um bom escritor. É impressionante a semelhança entre a experiência pungente relatada por Pamuk e aquela que inspirou ao inglês Hanif Kureishi seu livro “No colo do pai” – comentado aqui embaixo, na nota de 6/12.