Clique para visitar a página do escritor.
John Banville: “O mar”
Primeira mão / 13/04/2007

O escritor e crítico literário irlandês John Banville, 61 anos, é quase um desconhecido do público brasileiro. O que não chega a ser surpresa: ele também não goza lá de grande fama entre os leitores anglófonos. Considerado um autor “difícil” por sua prosa poeticamente trabalhada e pelo ritmo lento de suas narrativas, Banville nunca teve vendas além de uns poucos milhares de exemplares – tiragem de ficcionista brasileiro – até ganhar o Booker Prize de 2005, e com ele uma avalanche de manchetes, por este “O mar” (Nova Fronteira, tradução de Maria Helena Rouanet, 224 páginas, R$ 29,90). O romance é narrado de forma não linear por um crítico de arte de meia-idade que, tentando se recuperar da morte da mulher, retorna à cidadezinha praiana onde passava férias na infância e mergulha num mar de memórias dolorosas. A maior parte da crítica internacional saudou o livro como a obra-prima de Banville, e os elogios, embora eu ainda esteja no início da leitura, me parecem fundados. Do autor eu só tinha lido o interessante “O livro das provas”, lançado aqui pela Record em 2002. “O mar” promete mais. A beleza hipnótica de sua prosa, conservada pela tradução, brilha no trecho abaixo,…

Rumo a Tralfamador
Posts / 13/04/2007

“Onde estou?”, disse Billy Pilgrim. “Preso numa outra bolha de âmbar, Sr. Pilgrim. Estamos onde temos que estar exatamente agora – a trezentos milhões de milhas da Terra, em direção a uma curva de tempo que nos levará a Tralfamador em questão de horas, em vez de séculos.” “Como – como eu cheguei aqui?” “Só um outro terráqueo poderia lhe explicar isso. Os terráqueos são os grandes explicadores, explicam por que este evento é estruturado da forma que é, dizem como outros eventos podem ser obtidos ou evitados. Eu, que sou um tralfamadoriano, vejo o tempo como um todo, da mesma forma que você veria um trecho das Montanhas Rochosas. Todo o tempo é todo o tempo. Não muda. Não se presta a alertas ou explicações. Simplesmente é. Observe-o momento a momento e descobrirá que nós todos somos, como eu disse antes, insetos no âmbar.” “Para mim, você soa como se não acreditasse no livre-arbítrio”, disse Billy Pilgrim. Comecei a reler Slaughterhouse-Five ontem à noite (“Matadouro 5” no Brasil; a L&PM tem uma edição de bolso baratinha, com boa tradução de Cássia Zanon). Dei boas risadas, feliz – e um pouco surpreso – de constatar que o livro não envelheceu…