Responda depressa: você preferiria ganhar o prêmio Pulitzer de romance, que dá prestígio e um cheque de dez mil dólares, ou uma vaguinha no “clube de leitura” que mais fabrica best-sellers em todo o mundo? Este dilema o americano Cormac McCarthy não precisou enfrentar. Ficou com os dois. Merece ambos, mas não é preciso muito cinismo para encarar essa historinha como um retrato das mudanças que vêm sendo operadas por nosso tempo nas máquinas de fabricar celebridades literárias. O autor de “Meridiano sangrento” (Nova Fronteira, esgotado) e “Onde os velhos não têm vez” (Alfaguara, 2006) faturou ontem o prêmio Pulitzer de romance por The road, uma sombria história conduzida por um pai e um filho que vão para a estrada num cenário pós-apocalíptico – a edição brasileira do livro está prometida pela Alfaguara para julho deste ano. O Pulitzer é um prêmio “sério” e tradicional, criado em 1917. Deve ter na carreira de McCarthy, um autor recluso e de apelo popular limitado pela extrema violência de suas histórias, um impacto desprezível. Prestígio não lhe faltava. Revolução mesmo é a que vem sendo provocada pela surpreendente inclusão de The road no Oprah’s Book Club, o “clube de leitura” da apresentadora de…