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Caixa-preta
A palavra é... / 07/08/2007

A caixa-preta são duas – uma para gravar conversas na cabine de comando, a outra para registrar dados técnicos do vôo – e não é preta, mas laranja-cheguei. Em certo sentido, é o avesso da mitológica caixa que Zeus confiou a Pandora, aquela que jamais deveria ser aberta porque continha todos os desastres do mundo: depois do desastre é que se abre a caixa-preta. Mas a velha fixação da humanidade em receptáculos lacrados e cheios de segredos ajuda a explicar o sucesso da palavra na linguagem comum. A tese mais aceita sobre a origem de “caixa-preta” (palavra composta, com hífen) aponta para um equipamento usado na Segunda Guerra Mundial pela Royal Air Force, a força aérea britânica. Não era um gravador, mas um radar que, nos bombardeiros, permitia “ver através das nuvens ou no escuro”. Como outros itens eletrônicos na aviação da época, era acondicionado numa caixa preta. Ao batizá-lo, porém, o jargão da RAF parecia destacar sobretudo a aura de mistério e respeito que cercava uma tecnologia obscura até para quem a usava. Com esse sentido, black-box estreou na língua inglesa por volta de 1945. O sentido que se tornaria o principal – “aparelhagem que grava dados sobre o…