— Mire veja: a senhora por demais não espera. Assunto pouco do meu querer. Informação que pergunto: passasse por aqui, deve de, um homem alto; sorridente, cidadoso? A senhora visse; visto? Homem como se alongado no entender das coisas, com ares de senhoroagem? A pois, a senhora diga: tendo ou não vendo, aonde foi? Para essas bandas ele mais que por onde veio; desconfio. A senhora tolere o meu perguntar; de susto, assusto. Careço de amarrar uma conversa, começada mais ele. Eu em só falava, ele demais ouvindo. Haveramente careço de encontrar esse um, dona. A senhora veja: dou perigo de vida matada, minha ou dele, se não emendar meu contado. Deus me tenha! Explico. A ele dei de narrar, eu em mim tudo dizendo, por mor de ele anotar, rabisco tisco, num caderninho, o risco da minha fala. Aí pois, empolguei. E tive uma decisão: por gosto do meu bem contar, e fisgar no buque-buque do enredo, achei por melhor esconder, lá dele, o principal da matéria. Apego fiz, no meu bom desfecho de trama; e omiti sabendomente. Resulta o quê? As coisas são como que foram. E digo: Quer mais? Aqui está. A deixa, que eu vinha esperando…
O escritor americano de ficção científica John Scalzi diz que “O apanhador no campo de centeio”, de J.D. Salinger, é seu livro superestimado de eleição. Chama o narrador, Holden Caulfield, de insufferable twit – acho que “paspalhão insuportável” é uma tradução decente. E daí? Bom, para saber se Scalzi tem alguma dose de razão eu teria que reler o livro de Salinger, que muito apreciei uns vinte anos atrás, mas confesso que poucas coisas estão mais distantes de minhas prioridades no momento. O que me interessa aqui é só pegar carona na idéia. Qual seria o livro mais superestimado da literatura brasileira, caros leitores?
Quem se lembra da nota sobre o estranho caso JT Leroy, publicada aqui em junho, a propósito do julgamento da ação de fraude movida por uma produtora de cinema – que comprara os direitos sobre a obra do “autor” – contra a verdadeira escritora por trás do personagem, chamada Laura Albert? Só para não deixar pontas soltas: Albert foi condenada ontem a pagar US$ 350 mil à parte queixosa – mais aqui, em inglês, mediante cadastro gratuito.