O modismo da juventude foi muito conveniente para jovens como eu, que fizeram dele seu ganha-pão, mas acho que está na hora da crítica adotar algum parâmetro mais significativo. O escritor inglês Evelyn Waugh escreveu essa frase em 1932, quando, beirando os 30 e já em seu terceiro livro, via-se como um ex-enfant terrible das letras britânicas. Poderia estar falando do Brasil dos últimos anos. Muita gente na literatura nacional – e nos arredores, sobretudo nos arredores – andou ocupada recentemente com o velho mito do jovem gênio, também conhecido, em sua encarnação 2.0, como escritor-blogueiro. Na falta de um mercado leitor significativo para a ficção escrita no país, criou-se uma espécie de bolha de marketing em que, uns por ingenuidade, outros por esperteza, parte da imprensa e da crítica empenhou-se em vender aos leitores uma mistura maluca de continente e conteúdo. De repente, dois únicos critérios pareciam nortear a busca de relevância literária: a idade (pouca) e a virtualidade (enorme). Bastava ler com olhos livres para perceber que, como é natural, raros daqueles nomes justificavam o burburinho. Não se revoga por decreto a severidade da relação ancestral entre quantidade e qualidade na arte. Acontece que olhos livres são mercadoria…