Pouco perguntam sobre literatura ao israelense Amós Oz, 72 anos, embora ele seja um baita escritor. Oz costuma falar muito mais de política, o que é compreensível. Desde 1967, quando começou a se pronunciar publicamente a favor da criação do Estado palestino, ele vem sendo a face progressista mais constante de Israel, alguém com quem o diálogo é possível mesmo nos momentos de maior recrudescimento do conflito israelense-palestino. Seu mais recente feito político foi presentear com um exemplar autografado de seu livro de memórias o líder palestino Marwhan Barghouti, preso em Israel sob acusação de terrorismo. Isso reavivou um velho hábito da direita israelense: enviar-lhe cartas com ameaças de morte. Apesar de crítico da política israelense, Oz é um intransigente defensor do Estado de Israel, alguém que, filho de imigrantes sionistas oriundos da Europa oriental, viveu a história de sua criação como parte da infância e morou por décadas – inclusive depois de casado – num kibbutz. E que, quando saiu de lá, se mudou para uma casa no deserto de Negev. Oz está no Brasil para duas palestras sobre o tema “Literatura e guerra: perspectivas israelenses”, num dos eventos comemorativos do aniversário de 25 anos da Companhia das Letras,…