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Que cena! A morte de Baleia em ‘Vidas secas’
Destaque , Que cena! / 15/06/2012

O nono capítulo de “Vidas secas” (1938), de Graciliano Ramos, em que o narrador descreve a morte da cachorra Baleia, é provavelmente o mais lido e lembrado em toda a obra do escritor alagoano. O crítico Álvaro Lins afirmou que ele “se acha revestido de uma humanidade talvez maior que a dos seres humanos”, querendo dizer que o romancista – avaliado por ele em seus livros anteriores como sarcástico e revoltado demais, e que enfim se permitira em “Vidas secas” ser “mais humano, sentimental e compreensivo” – pode ter sido mais pródigo nessas qualidades ao falar da vira-lata doente do que ao retratar o vaqueiro Fabiano, sua mulher, sinha Vitória, e seus dois filhos. Se entendermos “humano” como sinônimo de “sentimental”, como Lins parece fazer, não há dúvida de que a morte de Baleia se destaca entre os quadros quase autônomos que compõem “Vidas secas”. O que não é difícil de explicar quando se leva em conta que Graciliano mergulha na psicologia de personagens que a seca e as condições sociais do Nordeste brasileiro situam numa espécie de humanidade rebaixada, faixa crepuscular entre a condição de bicho e a de gente. A relativa humanização da cachorra tem como contraponto a…