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Flip 2012: o caso do gaúcho gauche
Vida literária / 09/07/2012

Será que a cena do poeta gaúcho Fabricio Carpinejar recitando entre berros, sussurros e gargalhadas de vilão de filme B o poema “Confidência do itabirano”, de Carlos Drummond de Andrade, enquanto caminhava entre as cadeiras no auditório da Tenda dos Autores, ficará na história como o momento mais explosivo e transgressor da Flip 2012, um evento de resto bem comportado e até morno (leia o balanço do blog vizinho Veja Meus Livros)? Ou será lembrada, a tal cena, apenas como um momento constrangedor, equivocado, desrespeitoso com o homenageado? Não é fácil escolher uma resposta. A favor da primeira existe o argumento de que só pode fazer bem à arte, inimiga do saber institucionalizado, o tratamento dessacralizante dispensado a um poeta tão consagrado que já virou estátua – e uma réplica da que mora na orla do Rio de Janeiro podia ser encontrada durante a Flip em frente à casa alugada pela Companhia das Letras em Paraty, sem dúvida a atração mais fotografada de todo o evento. O princípio modernista da iconoclastia justificaria assim a performance histriônica do gaúcho gauche, tão mais necessária quanto mais respeitosas e até solenes tiverem sido – como foram – as demais leituras de poemas drummondianos…