Por Raissa Pascoal Exilados de suas terras natais por ditadores, o haitiano Dany Laferrière e a cubana Zoé Valdés foram buscar na literatura o veículo para dizer que a liberdade – negada em seus países e adquirida no exterior – é impagável. Liberdade não só na escrita – agora sem censura –, mas também nos temas utilizados, que chegam a politizar até o sexo, tratado como provocação histórica, no caso de Laferrière, e de força identitária, para Zoé. “Escrevi para dizer aos ditadores: ‘Pode ficar no seu palácio em Porto Príncipe, mas você nunca vai ter a liberdade de um jovem numa cidade aberta”, disse. O encontro dos dois aconteceu na mesa O Avesso da Pátria, mediada pela jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho. Há 30 anos, Laferrière escreveu o livro Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar, publicado agora no Brasil pela Editora 34. No romance, o escritor utiliza cenas de atos sexuais para denunciar o racismo – ele mostra que uma branca se permite entregar-se a um negro dentro de quatro paredes, mas em público jamais tomaria um café com ele. “Não existe cena de sexo no romance sem que haja um duelo de identidades cara a…
Todas as boas mesas se parecem; as ruins são ruins cada uma à sua maneira. A paródia da frase de abertura de “Ana Karenina”, de Leon Tolstoi – citação mais batida da Flip 2012 – deixa pendente a tarefa de entender por que não funcionou a mesa “Em família”, que reuniu hoje à tarde Zuenir Ventura, João Anzanello Carrascoza e Dulce Maria Cardoso, com mediação do crítico João Cézar de Castro Rocha. Este não conseguiu se desincumbir da tarefa, certamente ingrata, de dar liga a um trio heterogêneo demais. Até Zuenir, jornalista consagrado que está estreando no romance com “Sagrada família”, ressentiu-se do pouco tempo propiciado pelo recurso – de falência atestada há anos – de dividir o palco entre três autores. Com a simpatia e o carisma de sempre, encaixou algumas boas tiradas – “família unida, sim; reunida, jamais!” – mas deixou a impressão de que faltou tempo para dar seu recado. Menos conhecidos do público, Carrascoza e Dulce tiveram problemas maiores. Prestigiado pela crítica, o contista que está lançando “Aquela água toda” tentou uma autodefinição: “Tematizo a vida miúda, o cotidiano, o contrário deste momento aqui. A vida não é feita de Flips”. A festejada autora portuguesa acaba…
O fato de ambos serem escritores profundamente “literários” que recentemente incursionaram pelo gênero do romance de espionagem foi apenas um dos muitos pontos de contato entre o inglês Ian McEwan e a americana Jennifer Egan na mesa que se encerrou agora há pouco. O escritor e jornalista Arthur Dapieve, mediador de uma conversa fluida e variada à qual não faltaram elogios mútuos, talvez tenha arriscado um pouco ao chamar os convidados de “dois dos maiores escritores de língua inglesa da atualidade”. Se este é um título que McEwan carrega com enorme tranquilidade, Egan, mesmo com o talento que desfilou com clareza quase obscena no excelente “A visita cruel do tempo”, premiado com o Pulitzer, ainda parece precisar de mais estrada para confirmar o superlativo. O romance que Ian McEwan está lançando em primeira mão na Flip, “Serena”, é uma história de espionagem que, como todas do gênero, tem reviravoltas surpreendentes – inclusive uma, a mais decisiva, relativa à identidade do narrador, que o leitor descobre na última linha. Depois de, surpreendentemente, entregar essa surpresa de bandeja no palco da Flip logo no início da conversa, o escritor disse esperar ver surgir no Brasil, “agora que o país está virando uma…
Por Raissa Pascoal A mesa Cidade e Democracia abriu o quarto dia da Flip com uma discussão longa, com pontos interessantes, mas que perdeu em dinâmica e conteúdo pela falta de habilidade do mediador Guilherme Wisnik na condução da discussão entre o escritor indiano Suketu Mehta e o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta. A partir do livro Bombaim: Cidade Máxima, de Mehta, lançado no país pela Companhia das Letras em 2011, a conversa abordou pontos como o nascimento das grandes metrópoles, suas transformações e as semelhanças entre as favelas do Rio de Janeiro e de Bombaim, hoje chamada de Mumbai. Apesar de promissores, alguns tópicos deixaram de ser desenvolvidos a contento, e o mediador, que poderia incitar os autores a falar, não o fez. Durante uma hora e 20 minutos, tempo que durou a mesa, Wisnik só lançou três perguntas aos convidados. Em lugar de promover um debate, ele deu espaço para que Mehta e DaMatta falassem longamente e sem destino – a conversa não tinha um norte. Parte do tempo também foi destinado à apresentação de músicas sobre grandes metrópoles, como a canção This is Bombay, My Love, da Bollywood da década de 1950, e New York, New York, clássico na voz de Frank Sinatra….
O escritor americano Jonathan Franzen, uma das principais estrelas da Flip 2012, divertiu e intrigou o público em igual medida na mesa encerrada agora há pouco. Com uma mistura peculiar de respostas espirituosas, piadinhas sem graça, longos silêncios aparentemente dedicados à reflexão antes de emitir um simples sim ou não, tudo isso somado a um profundo desajeitamento corporal de nerd de anedota, Franzen conversou com o mediador Angel Gurría-Quintana e respondeu também às perguntas do público. Soou sincero, apesar de parecer caprichar na pose de esquisitão, ao admitir, por exemplo, que vivia com seu amigo David Foster Wallace uma relação extremamente competitiva. Mas deixou claro que nada o empolgou tanto em sua visita ao Brasil quanto o fato de ter observado pássaros. O elogio que fez à região de Paraty por sua riqueza ornitológica foi o momento mais empolgado da noite. Abaixo, uma seleção de suas falas propriamente literárias (as perguntas vão resumidas). Todas as famílias felizes se parecem, como disse Tolstoi? “Tolstoi estava dizendo algo bastante óbvio, que se está tudo certo com uma pessoa, por que você leria sobre elas? Nós exageramos tudo. Para uma pessoa que escreve romances, a vida comum não é interessante o suficiente. Você…
Por Maria Carolina Maia A política voltou ao palco principal da Flip na noite desta sexta-feira, na mesa Literatura e liberdade, que reuniu os poetas árabes Amin Maalouf (do livro O Mundo em Desajuste, publicado pela Difel) e Adonis (que acaba de ter um primeiro livro, a seleta Poemas, lançado no Brasil pela Companhia das Letras). De gerações diferentes, Adonis, 82, e Maalouf, 63, falaram da situação dos países que passam pela chamada Primavera Árabe e da relação entre árabes e americanos. Para os dois poetas, embora em menor grau para o otimista Maalouf, o governo de Barack Obama foi uma decepção. “Obama é uma máscara negra sobre um rosto branco”, disse Adonis, pseudônimo de Ali Ahmad Said Esber. Sobre a chamada Primavera Árabe, o poeta sírio hoje radicado em Paris foi taxativo. “É apenas a troca de um fascismo militar por um fascismo religioso”, disse, sem esperanças de renovação. Segundo Adonis, para haver uma revolução de fato nos países árabes é preciso laicizar a sociedade e libertar as mulheres do jugo do Islã. “Não podemos defender nenhum regime árabe”, afirmou Adonis. “Precisamos nos perguntar o que vamos fazer depois que esse movimento acabar. Se a mulher não tiver liberdade,…
“Os anos Bush foram puro horror.” As declarações políticas do nigeriano-americano Teju Cole, autor do romance “Cidade aberta”, elevaram um pouco a temperatura da mesa “Exílio e flânerie”, que ele dividiu hoje à tarde com a argentina-brasileira Paloma Vidal, autora de “Algum lugar”. Numa conversa de resto morna, baseada no fato de ambos serem desterrados e condenados a uma certa estrangeirice crônica onde quer que estejam, o talentoso Cole – que nasceu nos EUA de pais nigerianos, mudou-se para a Nigéria ainda bebê e só retornou a seu país natal aos 17 anos – foi enfático: “Se você se opunha a Bush, se era contra os planos de guerra, podia ser perseguido nos EUA. Acabava tendo que carregar esse peso secretamente. Eu tive úlcera por causa da invasão do Iraque. A década depois do 11 de setembro foi um grande fracasso para os EUA. Mostrou que, diante de um desafio realmente sério, nós nos comportamos como tolos e descontamos nos outros, em gente que nada tem a ver com isso. Foi uma fase horrível e ainda não terminou por completo”, afirmou. Sobre o desterro, disse Cole: “Há algo que parece natural, decidido talvez no céu, no fato de carne de…
Por Maria Carolina Maia Numa mesa rara na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), um finado autor brasileiro deu lugar a um finado estrangeiro. Shakespeare, que como bem lembrou o mediador Cassiano Elek Machado é um dos maiores, se não o maior escritor de todos os tempos, foi teve sua genialidade reconstruída pelos especialistas Stephen Greenblatt (de Como Shakespeare se tornou Shakespeare e do novo A Virada, ambos publicados no país pela Companhia das Letras) e James Shapiro (1599: Um Ano na Vida de William Shakespeare, lançado pela Planeta, e Quem Escreveu Shakespeare?, da Nossa Cultura). Para ambos, a força de Shakespeare se deve às lacunas que ele criou em suas obras. Homem da virada do século XVI para o XVII, Shakespeare (1564-1616) atuou num período em que o teatro era quase tão artesanal quanto o oficio de seu pai, um homem que fazia luvas no interior da Inglaterra. Trabalhou sobre o palco, como ator, e por trás dele, escrevendo peças quase sempre baseadas em enredos já existentes. O seu segredo, o que o tornava tão especial e popular, era, como chamou Greenblatt, o tipo de “reciclagem”que fazia dos textos dos outros. Ou, mais exatamente, o que ele sacava desses…
Ambos poetas, críticos e professores de literatura com décadas de reflexão sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade, Alcides Villaça e Antonio Carlos Secchin protagonizaram há pouco um dos melhores momentos da Flip 2012, na mesa “Drummond, o poeta moderno”. Cada um partiu da leitura detida e apaixonada de um poema – “O elefante”, no caso de Villaça, e “Áporo”, no de Secchin – para iluminar aspectos da obra do autor homenageado. Curiosamente, os dois poemas pertencem ao livro “A rosa do povo” (1945), da fase politicamente engajada do poeta, o mesmo em que Antonio Cícero foi buscar “A flor e a náusea”, que leu e comentou na conferência de abertura, quarta à noite. Encarregado da mediação da conversa de hoje, o ex-curador da festa Flavio Moura apontou essa coincidência aos dois debatedores, que no entanto não confirmaram a tese de uma suposta centralidade do título na obra drummondiana. Secchin, porém, observou que a costumeira leitura de “A rosa do povo”como um livro simplesmente “político” deixa de levar em conta que Drummond, mesmo tendo se aproximado do Partido Comunista, permaneceu um poeta complexo que cultivava, “ao lado da rosa pública, outras flores íntimas em seu jardim secreto”. Em suas…
Por Raissa Pascoal Era de se esperar que uma mesa intitulada Autoritarismo, Presente e Passado, com mediação do jornalista Zuenir Ventura e a participação do ex-deputado federal Fernando Gabeira e do ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Luiz Eduardo Soares, fosse mais política que literária. E assim foi. Sem decepcionar expectativas, a mesa de Soares e Gabeira passeou pela história política do Brasil, tratando da tradição autoritária brasileira, que, para o político do PV, chega até o governo atual de Dilma Rousseff. VEJA Meus Livros: Jonathan Franzen é uma gracinha “A relação da presidente Dilma com o Congresso Nacional é um pouco de distância. Não porque o despreze, mas porque os marqueteiros disseram que era importante afastar a sua imagem da imagem dos congressistas. Hoje, você não vê projetos do governo ou a presidente chamando congressistas para convencê-los de uma ideia. O Congresso passou a ser carimbador e, nesse sentido, a relação é autoritária. Ela não fala com o Congresso nem com os partidos, mas direto com a população a partir de uma técnica marqueteira”, disse Gabeira. Ainda falando de autoritarismo, Soares e Gabeira apresentaram seus comentários sobre a Comissão da Verdade, instalada pela presidente no início do…
Na mesa “Ficção e história”, no fim da tarde de hoje, na Tenda dos Autores, o espanhol Javier Cercas e o colombiano Juan Gabriel Vásquez, dois escritores com muito em comum, travaram uma conversa cordial em que sobressaiu uma determinação de concórdia, evidentemente fundada numa camaradagem já estabelecida (“na Austrália, aquela vez, dissemos que…”, mandou Cercas a certa altura). Ainda assim, foi curioso observar como, sob a superfície, algumas tensões estéticas acabaram por transparecer entre dois cultores do romance histórico. Vásquez, um sucesso de crítica desde sua estreia, com o romance “Os informantes”, é autor ainda de “História secreta de Costaguana” (ambos lançados no Brasil pela L&PM), e ganhou ano passado o prêmio Alfaguara com o ainda inédito por aqui El ruido de las cosas ao caer. Uma das vozes emergentes mais destacadas da literatura contemporânea em espanhol, afirmou, concordando com Milan Kundera, que “a única razão para escrever um romance é dizer algo que só um romance pode dizer. O romance como gênero não reproduz o mundo, deve recriar o mundo. O romancista pode distorcer os fatos conhecidos para chegar a uma outra verdade, uma verdade metafórica”, disse, lembrando que em “História secreta de Costaguana”, que recria a história…
Livros que falam de livros foram o tema da conversa entre o espanhol Enrique Vila-Matas e o chileno Alejandro Zambra, no meio da tarde de hoje, na mesa “Apenas literatura”. Isso tornou simpática, ainda que pouco surpreendente, a conversa entre dois autores que de resto têm diferenças significativas – inclusive de maturidade e prestígio, com Vila-Matas, nascido em 1948, representando o papel de autor solidamente estabelecido e Zambra, que é de 1975, o de jovem revelação. Vila-Matas, que está lançando pela Cosac Naify, sua editora habitual, o romance “Ar de Dylan”, provocou risos discretos ao dizer que a cena inicial do livro, embora poucos acreditem, foi inspirada numa história real ocorrida com ele. “Eu estava quieto na minha casa e recebi um convite para uma conferência na Suíça. Era uma conferência sobre o fracasso. Isso me surpreendeu bastante. Contei para alguns amigos, e todos ficaram com pena de mim. A verdade é que nunca fui ao congresso, porque tinha outro compromisso”, afirmou. Mas o episódio serviu de pontapé inicial para mais um romance metalinguístico, lúdico e irônico do autor de “O mal de Montano”. Zambra começou por fazer um esforço tocante para ler em português – “língua que desconheço amplamente”,…
Por Maria Carolina Maia A nova literatura brasileira, que aliás ganha uma edição especial da revista literária Granta nesta quinta-feira, marcou a primeira mesa da 10ª Flip. A nova literatura brasileira e a morte. O goiano André de Leones, o gaúcho Altair Martins e o mineiro Carlos de Brito e Mello se runiram no palco principal da festa em Paraty para falar da presença da finitude em seus livros. “Em A Passagem Tensa dos Corpos, eu parti da ideia de que, quando uma morte acontece, se inicia uma narrativa”, disse Brito e Mello, o último a falar e, apesar do carisma geral, um dos mais interessantes da mesa, que foi mediada pelo professor de literatura João Cezar de Castro Rocha. “Quando escrevia, eu lembrei da minha experiência de criança na casa dos meus avós em Visconde do Rio Branco, interior de Minas Gerais, onde a família se reunia aos fins de semana, especialmente na cozinha. Nessa cidade, os óbitos eram comunicados por um carro de som, na rua. Quando o carro anunciava um nome, todos na cozinha começavam a contar coisas da vida da pessoa, que então virava um personagem.” Brito e Mello, que teve o romance A Passagem Tensa…
O poeta Antonio Cícero foi responsável pelos melhores momentos da mesa de abertura da Flip, a primeira das três previstas para homenagear Carlos Drummond de Andrade, encerrada agora há pouco. Ao fazer um inspirado exercício de close reading, isto é, de leitura detida, verso a verso, do poema “A flor e a náusea”, terminou por se aproximar mais – e ao público – do poeta mineiro do que o crítico Silviano Santiago conseguiu, com sua explanação de ambição totalizante, que ele mesmo se apressou a reconhecer como tarefa “inglória”, de uma obra extensa e multifacetada demais para tanto. A noite começou com uma breve crônica de Luis Fernando Verissimo, escalado para saudar a décima edição da Flip – festival ao qual, certa vez, escreveu que aceitaria vir “até para trocar uma lâmpada”, como lembrou o curador Miguel Conde ao apresentá-lo. O cronista tratou de divertir o público com sua verve, lembrando que em 2008, ao entrevistar, nervoso, o dramaturgo inglês Tom Stoppard no palco da Tenda dos Autores, confundiu-se a chamou o evento de “Clip”. “O público não entendeu, mas o C era de celebração”, brincou. Afirmando ter sido convidado para apresentar na Flip um “panorama da obra” de Drummond,…
O homenageado – demorou – é Carlos Drummond de Andrade, mas a décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que começa hoje à noite, promete ser dominada por outro tímido famoso: o escritor catalão Enrique Vila-Matas, que está no Brasil lançando seu novo romance, “Ar de Dylan”, topou na última hora dobrar seu tempo de exposição no evento para suprir a lacuna deixada pela desistência do francês J.M.G. Le Clézio. Além de dividir a mesa das 15h de quinta-feira com o chileno Alejandro Zambra, como estava previsto, Vila-Matas fará uma conferência no horário mais nobre de todos – 19h30 de sábado –, que havia sido reservado para o prêmio Nobel de 2008. Sob o título “Música para malogrados”, consta que falará sobre alguns dos temas que revisita obsessivamente em seus romances, entre eles o potencial redentor do fracasso e a recusa do ato de escrever como gesto artístico maior. “O momento em que a literatura se reduz a um produto de mercado é também o momento de sua irrevogável extinção. Este, afirma Enrique Vila-Matas, é o momento que vivemos hoje”, diz o programa da Flip. É ironicamente apropriado, bem ao gosto de Vila-Matas, que seu imprevisto protagonismo tenha sido…
Não somos exatamente da mesma geração: a Festa Literária Internacional de Paraty está completando dez anos e o Todoprosa acaba de fazer seis. Antes de criar o blog, porém, participei ativamente da Flip 2004 como mediador de duas mesas – a dos contistas brasileiros Sérgio Sant’Anna e Luiz Vilela e a dos romancistas anglófonos Jeffrey Eugenides, americano, e Jonathan Coe, inglês. Feitas as contas, só estive ausente em duas edições do principal evento literário brasileiro, ambas na pré-história do blog, em 2003 e 2005. Mesmo em 2009, quando peguei leve na cobertura jornalística por estar em Paraty com outras prioridades – falar de meu romance “Elza, a garota” na Tenda dos Autores como autor convidado era a primeira delas –, a Flip rendeu posts no Todoprosa. Suas histórias se confundem com regularidade suficiente para que seja possível montar uma retrospectiva desses dez anos de evento – assumidamente pessoal, ou seja, parcial no melhor dos sentidos – só com o que foi publicado aqui. No começo era o mito O fato de não ter estado na primeira Flip não me impediu de captar com precisão sobrenatural o que aconteceu por lá em 2003 neste post de 2010. Muito pelo contrário, acredito…