Desta vez o prêmio Jabuti exagerou: a zebra que representou a vitória do estreante Oscar Nakasato na categoria romance, com “Nihonjin” (Benvirá), nem chegou a se impor como o que poderia ser – uma aposta corajosa e estimulante num autor novo, não apenas distante da glória oficial, mas praticamente desconhecido. Essa leitura otimista do resultado anunciado ontem em São Paulo foi imediatamente comprometida pelo fato de que Nakasato venceu graças à traquinagem de um único jurado – identificado por enquanto como “jurado C” – que o cumulou de notas 10 ao mesmo tempo que dedicava aos demais concorrentes uma chuva de notas entre zero (!) e 1,5. Algo semelhante ao que fez nos anos 1980 uma jurada do desfile das escolas de samba do Rio, decretando a vitória da Mocidade Independente. O nome disso é manipulação de resultado. A má fé explícita do “jurado C” – cuja identidade, de acordo com o regulamento, só pode ser revelada após a entrega das estatuetas, dia 28 de novembro – avacalha de vez um prêmio que vem se avacalhando nos últimos anos, emaranhado em escolhas discutíveis, regulamento trapalhão e uma incontrolável metástase de categorias (hoje são 29, com três prêmios para cada uma)…