A correspondência entre J.M. Coetzee e Paul Auster, que começou em 2008 e que os teria transformado em “grandes amigos”, será lançada em maio sob o título Here and now (Aqui e agora) pela editora Faber. * Não sou um grande fã de cartas de escritores, embora reconheça o valor de algumas correspondências, mas adorei essa que Honoré de Balzac escreveu em 1840 para sua noiva, a condessa polonesa Hanska, no meio de uma de suas famosas crises financeiras: Cheguei ao fim da minha resignação. Penso deixar a França e levar meus ossos ao Brasil numa empresa louca, e que escolho por causa da sua loucura. Não quero mais suportar a existência que levo; basta de trabalhos inúteis. Vou queimar todas as minhas cartas, todos os meus papéis (…). Darei procuração a alguém, deixá-lo-ei explorar minhas obras e irei buscar a fortuna que me falta: ou voltarei rico ou ninguém poderá saber o fim que eu tiver levado. É este um projeto excessivamente fixo, que será posto em execução este inverno, com tenacidade, sem remissão. O projeto não foi posto em execução, nem naquele inverno nem nunca. Foi só por meio de seus personagens, como lembra Paulo Rónai no delicioso…