Você já ouviu falar de The clock, o filme (ou vídeo-instalação?) de Christian Marclay que faz uma colagem em ordem cronológica, com 24 horas de duração, de cenas de filmes em que aparecem relógios? Uma boa apresentação é esta crítica da escritora Zadie Smith para “The New York Review of Books”, que, além de ridiculamente bem escrita, é de uma empolgação inédita no jornalismo cultural dos últimos 30 ou 40 anos: ela diz que The clock é “sublime, talvez o melhor filme que você já viu”. O pessoal do blog de livros do “Guardian” também deve ter se apaixonado, porque está pedindo ajuda aos leitores para repetir o esquema no mundo das letras, com retalhos literários no lugar dos cinematográficos. Será que alguém com tempo à beça de sobra se habilita?
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“As feiras de livro estão mais para feira do que para livro, e para os que têm medo do mundo digital, dos livros eletrônicos, eu sugiro: assustem-se primeiro com os grandes eventos, como os que acontecem aqui [em Londres] e em Frankfurt. Preocupem-se se ainda haverá boa literatura com tanta competição e sem o necessário tempo para se escrever, ler e editar.” Falando só por mim, claro, esse alerta do editor Luiz Schwarcz no blog da Companhia das Letras atingiu seu objetivo de assustar.
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“Revolucionários cantando loas ao progresso tecnológico são mais ou menos como arcebispos recomendando o adultério. Esses cultores do experimentalismo cultural deixaram de levar em conta o fato de que nenhum sistema social na história foi mais inovador e dinâmico do que o capitalismo, sendo a confiança crédula no progresso uma crença fundamental das mesmas classes médias que eles procuravam escandalizar.” Terry Eagleton resenha no “Sunday Times” o livro 100 artists’ manifestos, coletânea de manifestos modernistas organizada por Alex Danchev.
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Quem quiser participar do concurso de ensaios da revista “Serrote”, com prêmios de até R$ 5 mil, tem até o dia 30 de julho para se inscrever. O tempo não é longo, mas ajuda saber que não é preciso – aliás, é praticamente proibido – encher o texto de notas de rodapé. Literatura é um dos temas, ao lado de fotografia, artes visuais, cinema e música.
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Uma arte tão fundamental quanto misteriosa: a romancista Claire Messud tece algumas considerações (em inglês) sobre a importância de nomear personagens de ficção. E se Capitu se chamasse Margarete?
4 Comentários
Se chamaria Marga.
Hehe. Nome quase cortazariano.
Eis que as hienas de outrora, com medo das hienas de agora, começam a dar “conselhos” morais sobre a “degeneração dos costumes”. Refiro-me ao comentário do dono da Cia das Letras. Feiras são lugares onde coisas são negociadas e vendidas, assim como Editoras.
Sergio, obrigada pelas dicas de leitura, são excelentes…pior é que corro o risco me perder nelas e o trabalho que (não)é bom, ficar de lado! Em tempo, estou lendo Freedom que vc. resenhou há algum tempo, estou gostando.
Espero continuar atrapalhando seu trabalho, Regina! Um abraço.