Nada melhor para combater o baixo astral de uma acusação de plágio do que publicar um belo texto na “New Yorker”. Ian McEwan sabe disso. A revista adianta um trecho do próximo romance do autor inglês, On Chesil Beach, a ser publicado em junho – aqui. Recomendo efusivamente. A descrição da tensa lua-de-mel de Edward e Florence, ambos virgens, numa década de 60 que ainda não tinha dito com todas as letras a que viera, é puro McEwan na mescla de paisagens interiores e ambientação histórica. E o sexo, com todos os seus conflitos, é quase tão bom – embora bem menos gratificante – quanto o da inesquecível cena da transa na biblioteca em “Reparação”.
65 Comentários
Uêba! Novo Ian McEwan… Mas vou ter que esperar a tradução! Seja como for, gostei já do título 🙂
Um motivo pra ficar vivo até junho…
Ah, que maravilha. E também em junho sai o novo Don DeLillo, Falling Man.
Pode dormir tranqüilo, Saint Clair. Tem pouco a perder em não me conhecer. Sem falsa modéstia, não tenho muito a ensinar a voce, como a ninguém desse blog. No sentido literário, o Sérgio tem muito mais a dizer que eu. O que escrevo nem seria considerado por vocês como literatura e, talvez, estejam com a razão, porque sou mais um contador de histórias (o que para mim já está legal). Além do mais, meu trabalho seria execrado pela maioria dos pensadores de arte como Bloom, Kundera, Antônio Cândido, que afirmam não haver grande literatura com moral. “A literatura é um lugar interdito a toda moral” disse o Milan. Os enredadores perderam, fomos arrasados, emburguesados, mediocrizados, e o golpe final foi dado pelo pessoal do nouveau roman. Meus conselhos nesta área seria a perdição para qualquer um que desejasse se tornar um escritor de prestígio. O único conselho que posso dar a vocês foi o que dei na outra nota, mais nada, porque, pode crer, me ajudou demais na carreira, e na vida. Por isso, achei importante dar o meu depoimento, caso sirva a alguém. Mas, deixe-me parar com este papo. Mais um pouco e alguém vai dizer (com toda razão): ele deve achar que está dizendo algo muito importante ou já disse muito para quem tem pouco a dizer. Foi um prazer conversar com vocês.
Ok, Rodrigo. Só não se mate.
Eu acho que está faltando Sherazades na literatura, Rodrigo.
Só não estou muito certo de ter compreendido como seria uma literatura com moral. É algo parecido com o que fez o C. S. Lewis? Ou tem a ver com os gospel novels da Anne Rice? (Bem, só me ocorreram esses dois exemplos).
Saint-Clair, você faz mestrado na Uerj, né?
Tem muita mala neste aeroporto.
Quer saber o que é literatura com moral, Saint-Clair? Leia Nathaniel Hawtorne (aliás, espanta-me saber que ainda não leu).
Você pode até não concordar com as conclusões morais de Hawtorne (como fez Borges), mas nunca negar-lhe qualidade literária.
Agora, o que eu percebo é que os freqüentadores deste espaço têm uma visão bastante idealizada (portanto moralista, classificadora e nada crítica) do que seja literatura.
Essa mulher não é uma só, aquela que faz seu tipo. Essa mulher são todas, algumas até bem vagabundinhas e talvez por isso muito interessantes. Ah, sim, nem todas falam inglês, ao contrário do que este blog subliminarmente anda ensinando.
Não seja ridículo, Jarypslon. O Todoprosa não é policarpesco nem quaresmeiro, mas, para ficar nas notas recentes, em que língua escrevem Lúcio Cardoso, Rodrigo Lacerda, Rubens Figueiredo, Juan Carlos Onetti, Orhan Pamuk, Isaac Bábel, Jonathan Littell, Franz Kafka, Roberto Calasso e – subliminarmente, mas disso você deve entender à beça – Machado de Assis? Da próxima vez, que tal pensar um pouco antes de escrever?
Bem, do Hawthorne só li “A casa das sete torres”. Pode ser que se tivesse lido “A letra escarlate” entendesse melhor essa questão de moral… Seja como for, literariamente é um grande autor. Acho que estava distraído quando da leitura, mas não reparei em nenhuma questão moral mais sobressaída não… Enfim: li há alguns anos e moral (sobretudo a cristã) nunca foi meu forte…
Aquém de todas as discussões literárias e intelectualóides aqui presentes, comento o texto de McEwan.
Gostoso de ler, mesmo sendo em inglês, e sem maiores problemas. É válida a publicação do trecho, para deixar com água na boca os leitores mais ávidos e os fãs costumeiros. Não é nad aque me faça aguardar por seu lançamento, mas é uma literatura de grande qualidade.
Por que ridículo, Rodrigues? Não é pelo fato de você, vez ou outra, até por falta de opção, mencionar um autor turco (afinal, um Nobel), um uruguaio (descoberta tardia de um Onetti) e, pasmem, Kafka e Bábel (puxa, eles não descansariam em paz se continuassem tão esquecidos…), que devo deixar de notar que seus links remetem obsessivamente para a New Yorker, o Guardian, o NewYork Times?
Mas você tem contraprovas poderosas: Machado de Assis (o que escapa às suas lentes, homem? Mente quem diz que foi o Bloom quem recomendou) e agora, quem diria, Lúcio Cardoso (viu primeiro o filme do Saraceni mas antes ouviu a música do Jobim, né sabidão?): não, defato você não tem limites quando quer impressonar.
Ora, Rodrigues, se eu pensasse antes de escrever, definitivamente não escreveria para você. Agora, se você lesse antes de escrever, leria ao menos o que escreve e veria que, se Machado de Assis (who’s?) continua prestigiado em seu blog, o cara sem o qual ninguém consegue viver é mesmo o McEwan.
Estatísticas, dirás. Aceito o contraditório, mas, como leitor (ainda q
… aida que passageiro, não aceito ser chamado de ridículo.
Talvez pelo Ivan Lessa, mas nunca por você.
Lamento, Jarylson, mas seu chilique é ridículo. Deixe-me ver se entendi: você não fala inglês e tem raiva de quem fala, acertei? Calma, rapaz. Se for tarde para aprender, não faltam blogs monoglotas nesse vasto mundão da net. Boa sorte na procura.
Essa conversa de sexo literário me deixa mais nervosa que a pobre da Florence na (ai que coisa antiga) noite de núpcias, sério. Depois do prêmio “O pior sexo da ficção” – http://www.telegraph.co.uk/arts/main.jhtml?xml=/arts/2006/11/30/basex30.xml – do ano tenho até dormido mal. Como a pobre da Florence quero fugir mas acabo é me entregando, ou melhor, entregando meu (pobre?) texto à crítica. Quem quiser que se aventure, segue trecho: http://www.noga.blog.br/ducha.pdf
Respeito suas afinidades eletivas de anglófilo midbrown, mister Rodrigues. Agora, achar que quem não fala inglês é monoglota é uma forma bizarra de pentecostalismo anglo-britânico. Se é que você me entende.
Não, claro que não entende. Você “fala” inglês mas não debate em bom português e já vi que gosta de despachar quem não concorda contigo, não importa se monoglotas ou não. Quanto a mim: ego sum qui sum. Omnia mea mecum porto. E você camaradinha? That´s all.
Não sou anglófilo não, Jaryrson. Nem anglófobo. Quanto ao bizarro ‘midbrown’, quem sabe? É uma nova cor, certo? Leve seu latim de frases feitas pela sombra.
ih, que chatice, pelo que entendi, a coisa pegou de uma tal maneira que caimos na moderação de comentários, é isso? que discussão mais aplainadora essa, quanto mais a gente sabe melhor… sorte de quem navega sem limitações… e esse negócio de bairrismo cultural num mundo plugado como o nosso só se for de brincadeira. sério.
Nada disso, Noga. Não tem moderação (ainda?). E nem a coisa “pegou”. O nível médio da conversa aqui é dos mais amenos e civilizados. Seu comentário passou pela moderação porque isso ocorre com todos os que trazem links. É uma proteção contra spams e outras picaretagens. No mais, estou de acordo com você. Um abraço.
CQD. Xeque mate, corazón. Eu com minhas frases feitas e tu com as tuas desfeitas. Mau para um aspirante a cyberorelhista.
E com isto meu despeço desse teu purgatório, baby, com votos para q
…para que um dia também consigas.
Sobre Menard: será que não andas a ser o de McEwan, reescrevendo Reparação?
Beleza, Jary. Conseguiu seus 15 minutos. Agora me deixa trabalhar em paz, ok? Esse blablablá ressentido não costuma ter futuro aqui no blog, felizmente. Vamos em frente.
Beleza, Rodrigão. Obrigado pelos seus 15 minutos. Espero que você os recupere adiante, de um de seus baba-ovos. Trabalhe em paz, mas vê se descansa um pouco, tá, filhinho?, porque, devidamente apertado, você espana.
Por último (mesmo): leve menos a sério tudo isso, mas, por favor, não chame mais um leitor de ridículo, só porque discorda de você. É feio. Já falei: só o Ivan Lessa conquistou esse direito, mas com muito talento.
Repetindo: deixe de ser ridículo, Jary. Cara bobo. Ivan, meu dileto amigo, tem razão como sempre.
Aos outros leitores, peço desculpas por um bate-boca tão idiota, que não interessa a ninguém. Eu sei que dar trela para isso é cair na armadilha, mas às vezes é difícil. Enfim, desculpem.
Que falta de traquejo, moreno! E que orgulho bobo. Custa pedir desculpas pela má educação?
Pô, que polêmica mais ridícula. Tem link para site em inglês, e tem para site em português e espanhol também.
Chato só é ver que o Sérgio caiu no mais velho truque dos polemistas da Web. Que eu prefiro chamar de “Worm”, só porque é inglês …
Definitivamente, o nível aqui é muito fraco. Agora sou eu que não me perdôo por ter vindo parar nesse buraco. Worm é outra coisa, Hárpia, e você, pela sua própria natureza, deveria saber disso. Voei.
Pra dar uma levantada, (depois da revoada) quero dizer ao Saint-Clair que, graças a uma dica dele aqui nesse blog, conheci e procurei a Elvira Vigna. Pelo que agradeço.
Que cara mala esse ai… fala sério, tem gente que gosta de encher o saco mesmo… fala sério… não gostou, não entra, não concorda, sai fora… vai ferrar a casa do c*…
Oi Noga. Espero que tenha gostado da Elvira. Eu gosto muito, acho-a excelente. Uma escritora carioca produzindo prosa diferente de tudo a que estamos acostumados. Depois conta o que achou, ok? Abraços!
Quanto à discussão entre o Sérgio e o Mr. J. (vou abreviar, porque o nome é complexo) : gostei dele, que apareceu assim de repente. Ele pode ser radical e malvado, mas é inteligente e consegue escrever uma frase subordinada direitinho. O problema, acho eu, é que ele devia direcionar o seu talento para o Lado Branco da Força… Se bem que os mocinhos em geral são chatos, bom mesmo são os vilões. “Melhor reinar no Inferno do que servir no Céu” etc & tal.
Eu meio que vesti a carapuça quando ele falou “dos baba-ovos” do Sérgio: não que eu me considere baba ovo dele, mas porque eu gosto bastante do Todo Prosa e o Todo Prosa é o Sérgio Rodrigues. Deu pra entender? Enfim… acho que fui tentar explicar e me enrolei mais. Suis-je un lâche cul? (Em francês fica mais bonitinho, mas eu acho que a resposta é “não”).
Confesso que fiquei preocupado: vai que o Sérgio se irrita e faz como outros colunistas daqui, que não permitem comentários (exemplo: o Mario Sérgio Conti, que nem mais faz parte do time do No Mínimo). Espero que não, porque vai ser muito chato ter de procurar outro site pra visitar frequentemente.
Saint-Clair,
Entendo o que você diz a respeito do senhor J (que nome, alcunha, pseudônimo… sei lá que merda é essa). Em geral acho legal ir na contra-mão das coisas, ser subversivo, altentico e de opiniões forte, posições bem marcadas e demarcadas. Algo do tipo “cheguei e conteci”, entende? Eu, particularmento sou assim, gosto de defender meus pontos de vista com bons argumentos, adoro uma boa conversa com quem tem a opinião diferente da minha. principalmente porque o mundo seria muito chato se todo mundo tivesse as mesmas posturas e gostos (Srá mesmo?). Porém acho errado e feio você chegar na casa de alguém e falar desaforos para o dono dela e sair numa boa, principalmente se você não vai com a cara do seu anfitrião e menos ainda com a de seus outros visitantes. Assim: Não gosto do Dan “Códigos” Brawn… nem por isso sai entrando em blogs e comunidades (orkut) que o idolatram como “semideus” apenas para dizer que não gosto e que ele é um lixo (não sou dono da verdade)… gosta e lê quem quer, o problema é seu, não meu…
não sou expert em literatura, reconheço e admito isso, sou humilde o suficiente para me colocar no lugar de reles leitor, principalmente porque ler é uma prazer, não uma obrigação. ~Também não posso ser expert nas letras, sou bacharel em design, oriundo da antiga área das ci~encias exatas, meu forte são os números e a linguagem visual, não escrita. Há aqui no TodoProsa inúmeros comentaristas excelentes, já aprendi e conhecí muita coisa passando por aqui, inclusive em comentários seus Sait-Clair. O Sérgio e seu blog estão sempre acrescentando muito ao meu prazer em ler, trazendo autores e obras que eu não conhecia (como disse, sou bom nos números e em projetos gráficos, não sou estudioso em literatura). Acho só uma falta de respeito eses intelectulóides que chegam arrotando seus “conteúdos” para todo lado sem respeitar quem está aqui por prazer. Não gosta do Sérgio, problema dela, manda um e-mail, dá um telefonema, marca uma conversa de bar e arrota suas mágoas lá meu velho “J”. Gente como eu, que tem na leitura apenas um prazer e uma diversão, não est´ne um pouco interessada na sua pseudo intelectualidade.
Respeite o espaço do Sérgio e o nosso. Seja um ser humano mais civilizado e comportadinho, nem todos estão dispostos a ter gente como você por aqui. Opiniões discordantes são sempre bem vindas, mas no nível da civilidade. Acredito que Sérgio Rodrigues e todos os comentaristas do blog agradecem, e muito. Abraços
Desculpem os erros de digitação… acontecem…
Saint-Clair, Ghost e demais interessados: a internet é cheia dessas tentativas de auto-afirmação às custas dos outros, não convém dar muita corda. Mas, como o caso do Jarylbsen parece ter sido meio emblemático, até por ser raríssimo por aqui, acho que vale tocar em alguns pontos.
A tolerância do Saint-Clair é admirável, considerando que o sujeito insultou os comentaristas do blog e, em última análise, os leitores em geral. Já a leitura que S-C faz da consistência intelectual do cara me parece mais duvidosa. McEwan, um dos grandes escritores vivos, é uma aposta errada minha? Talvez seja, mas carece dizer por quê. Por quê? Ah, deve ser porque é inglês… Espuma. Diante da prova de que autores de muitas línguas e nacionalidades passaram por aqui nas últimas três semanas, o que destruía seu argumento inicial, a crítica mudou imediatamente para o fato de serem autores conhecidos – como se em algum momento eu tivesse prometido um blog dedicado aos obscuros. Desonestidade. E o que dizer da tentativa de esnobada que se esborrachou no erro cômico de ‘midbrown’? Bem feito.
Talvez não seja mau sujeito, o Jaryllion, mas apenas vítima (como eu, mea culpa, também fui neste caso) do belicismo vazio que a internet induz. O fato é que, no fim das contas, não sobra nada, nenhuma matéria digna de debate: egotrip pura. O que, confesso, para mim é quase insuportável. Nauseante mesmo. Porque é algo que permeia a web, envenenando-a, e que eu sempre evitei no Todoprosa. Quando acredito ter cometido qualquer firula ou referência que seja apenas exibicionista, passo a faca sem titubear, para que isso aqui seja só uma celebração do prazer de ler – o espírito é esse mesmo, Ghost. Tento assumir o papel de um leitor com voz, nunca de uma “autoridade”, coisa que de resto não existe quando se fala de fruição literária. Tem funcionado, a julgar pelos números cada vez mais gordos de audiência. Tomara que continue funcionando.
Não, acabar com os comentários no Todoprosa não está nos planos, S-C. Só se um dia (toc-toc-toc) vier a ser minoritária a boa-fé de gente apaixonada por livros e interessada em conversar de verdade sobre eles, com a civilidade que sempre reinou por aqui, em vez de apregoar aos quatro ventos o (suposto, claro, isto é o mundo virtual) tamanho do seu arroto, como parece estar se tornando regra na internet lá fora. Acredito – espero – estarmos bem longe disso.
Abraços a todos.
McEwan sempre rendendo boas discussões. Será esta uma faceta da genialidade?
Sérgio, eu não quis insinuar que o Mr. J está certo ao dizer que você está errado em afirmar a excelência do McEwan. Longe de mim, só se eu estivesse maluco! O cara é um dos grandes, independente de que língua usa pra escrever suas ficções. Pra mim (alô João Marcos!) trata-se de um gênio, sim. Por mais que hoje em dia a gente fique cheio de dedos em usar a expressão “genialidade”.
Engraçado, eu devo ser mesmo muito tolerante: não fiquei particularmente ofendido com as coisas que o Mr. J disse. Até porque não acho que o Todo Prosa puxe a brasa pra sardinha da língua inglesa, pelo contrário! Fazendo um balanço de memória, acho que nestes últimos meses a presença de autores de língua portuguesa e espanhola é maioria absoluta. Se bem que a República das Letras devia ser algo mais vasto do que um feudo linguístico. Minha gratidão para com Marguerite Yourcenar, Anne Tyler, Julio Cortázar e Antonio Tabucchi (só pra citar aleatoriamente) é tão grande quanto para com o velho e querido Machado de Assis. Apesar das óbvias diferenças linguísticas, não me sinto à vontade dividindo-os em categorias tão estanques quanto “americano”, “italiano”, “espanhol” e “francês”. Uma das vantagens da Literatura é a de nos permitir passar por cima dessas fronteiras nacionais, a verdade é essa (pelo menos verdade pra mim). Há autores nacionais bons e ruins, como há estrangeiros bons e ruins. Mas na minha estante, eles convivem todos numa boa.
McEwan é realmente um esplendoroso escritor, e gosto da diversidade de autores que atravessam esse blog. Os únicos autores inexpressivos que vi passarem por aqui foram Martin Amis e Norman Mailer; e ainda assim imagino que passaram mais pelas notícias ao redor deles do que qualquer outra coisa. Mas é como disse outro dia, e reafirmo, não creio que qualquer pessoa que assine com pseudônimo deve ser levada a sério. Seja Jaryllion, Gallimard, Zéca Caixão, Tuti-Frutti… O pseudônimo permite que as pessoas falem até aquilo que não acreditam, ofendam impunemente, e possam até se fazer passar por outras apenas para aplacar o tédio. Num espaço de discussão de idéias não me sinto a vontade de debater qualquer coisa com alguém que não assuma sequer seu próprio nome. Mas essa é minha opinião. Por exemplo, no meu blog, não permito comentários porque a maior parte das pessoas que se expressavam usavam pseudônimos para falarem mal e denegrirem o espaço. Seria maravilhoso um mundo onde alguém falasse algo que fosse desagradável e ainda assim assinasse aquilo que fala. As pessoas que dizem o que pensam merecem respeito a partir do momento que não assumem essa postura arrogante e pouco saudável de se esconderem por trás de um nome que não existe.
Sérgio Rodrigues:
Passei por aqui só pra ver como estavam as coisas e postar minhas sinceras desculpas. Ia dizer (aliás, digo) que não sou nenhum espírito zombeteiro do cyberespaço, lamentar que minha intervenção tenha sido tão desastrada e desastrosa, dizer que respeito o seu trabalho e, até por obrigação de ser humano que mereça o nome, respeito você… enfim. Ia me penitenciar, não porque um súbito espírito natalino baixou em mim (arreda!), mas porque, descobri depois, ao ver o tipo de reação que despertei (não só as suas), que minha entrada foi deselegante, sim.
Bom, espero que aceite minhas desculpas, você e seus leitores, mas não foi minha intenção ofender, mas apenas botar palha no fogo fátuo.
Bem, veja, Sérgio Rodrigues, como disse, eu ia apenas passar aqui para me desculpar. Acho que jáo fiz, talvez não convenientemente, mas o céu pode esperar. Porém, as coisas que li aqui, nesta volta (que deverá sera última), obrigam-me a tentar colocar alguns pingos nos is. Deixa ver se consigo:
1- Embora tenha sido – já o disse e repito como uma forma de penitência – desastrado em minha entrada neste blog, não fiz críticas pessoais. Quando disse que os freqüentadores desse espaço têm uma visão idealizada de literatura e por isso são classificadores, moralistas e nada críticos, não disse que fulano é, sicrano também e que beltrano não éxceção. Disse isso sem alvo, não com a idéia de provocar a todos, o que é humanamente impossível (além de ocioso), mas apenas a quem vestissea carapuça. E provocar não para atiçar baixos instintos, mas para iniciar, pensei, uma discussão proveitosa. Mas errei na prosa e errei no verso.
2 – A crítica não foi pessoal. Nem ao leitorado do blog, como já disse, nem ao bloguista. Se disse e digo (não há porque me desculpar de uma opinião não insultuosa) que o blog do Sérgio Rodrigues ensina subliminarmente que a literatura fala inglês, não estou dizendo que Sérgio Rodrigues é um subliminarista inveterado e que coloca esse seu desvio a favor da hegemonia anglo-americana nas letras. Para começar, não sou multiculturalista nem muito menos paranóico, mas a questão não é essa. É que acredito que a obra é um processo que não raro se descola totalmente de seu autor. Este blog, bem ou mal, é uma obra, coletiva, além do mais, por mais que tenha dono. Mas compreendo que você não tenha feito essa distinção, Sérgio. Poucos fazem sem se violentar.
3 – Tudo bem, você se sentiu atingido pessoalmente, Sérgio. E foi uma mãe ainda lambendo suas crias quando partiu para a defesa de cada indivíduo que compõe a totalidade de seus leitores. E então partiu para uma ofensa pessoal, Sérgio. E então você me chamou de ridículo. Veja bem, você não tentou me fazer ver que a minha opinião era ridícula e me dissuadir conforme sua capacidade e desejo nesse sentido. Não, você, sem me conhecer, fez de uma vida uma palavra.
4 – Na mesma resposta, tivemos ainda “que tal pensar um pouco antes de escrever?”
5 – Não convém continuar rolando a barra: o que se seguiu foram amabilidades de parte a parte (inclusive o midbrown, que espera melhor entendimento). E as da minha parte, agora sim, dirigidas ao indivíduo Sérgio Rodrigues. Pelo que peço perdão. Mas se é para por os pingos nos is, vai este: não foi eu quem particularizou.
5 – Este meu confiteor não anula o que, depois de breve passada por este blog (repito, espero não precisar voltar a fazê-lo), acabei pensando de sua freqüência (melhor assim?): “que merda é essa (referência ao meu pseudônimo)”, “desonestidade”, “o c…”, “tentativas de afirmação às custas dos outros”, “arrota suas mágoas”, “gente como você aqui” são palavras e expressões que não usei.
6 – Sobre “gente como você aqui” e algo como essas pessoas que vêm na casda dos outros…, há mais um equívoco aqui e não é meu: isto é um blog, não um grupo de discussão para o qual se impõe o uso de uma senha (nem vou dizer que o carnê do PC está quitado).
Postos os pingos (ficam alguns, mas não sejamos assim tão ortográficos), duas palavras para o Saint-Clair: você entendeu o espírito geral da intervenção, vendo a referência à preponderância da literatura em inglês neste blog apenas como um penduricalho, agora vejo que equivocado (vocês dizem e eu acredito, sou um bom sujeito como suspeita o Sérgio, só não aceito desaforo). Quanto ao nosso Nathaniel, a muita exposição moral, sim, nos romances do escritor de Salem, mas elas estão difusas. Concentradas, só nos contos, todos eles com conclusões morais, reprovadas pela crítica não pelo seu teor mas pela sua desnecessidade: o leitor que conclua, pelo menos.
Para mostrar que sou de paz, segue este começo inesquecível, numa versão livre de Kafka para a antologia deste blog:
Quando Gregor Samsa acordou naquela manhã, de um terrível pesadelo, viu que havia se transformado em uma pavorosa espécie de inseto.
Renovo meus perdões.
Quanto “à consistência intelectual do cara”: realmente, nunca li, mas que eu saiba, ele não é canônico. E ainda que fosse, se ainda não li, agora vai ficar um pouco mais difícil: agora estou naquela fase ranzinza de só reler, pra não perder tempo (então o que estou fazendo aqui?). No momento, treleio o filósofo romeno Constantin Noika e o Romance da Pedra do Reino, de Suassuna.
O “ele” da mensagem acima é, no caso, o nosso já velho conhecido McEwan.
lá na minha dica para o Saint-Clair: “há”, não “a”, claro
Caro Jary,
Para uma pessoa que escreve como você (pelo pouco que tive a oportunidade de ler no seu blog), sua atitude é absolutamente fora de órbita. Ninguém com a péssima prosa que tão porcamente praticas deveria ser levado à sério. Acho que poderia começar a exercitar os ensinamentos dos livros que tão orgulhosamente diz ‘treler’…
Grande abraço,
Mr. J.: ah, então foi por isso que eu não percebi: nunca li os contos do Hawthorne (estão na minha lista há tempos, mas é difícil achar em sebos), apesar deste gênero ser o meu preferidíssimo. Hawthorne foi homem do seu tempo, impossível não ter sofrido – e refletir em suas obras – algum tipo de influência moral numa época puritana – o que não depõe contra ele, acho eu; torna as coisas até mais interessantes, não acha? Literatura é um jogo de forças, com suas resistências e “cedências” (basta pensar em William Blake ou Walt Whitman). A questão é o quanto se resiste e o quanto se cede.
Não vou responder a você Jatobá.
Mas não quero sua resposta. Eu apenas te ofereci um espelho. Olhe teu próprio rosto; não sofrerás nunca pior argumento contra ti que esse.
Jary, agradeço a mensagem “reparadora”. Saber que você não se sentiu à vontade no papel de chutador de balde internético dá uma certa esperança na humanidade. Pelo que entendi, o que o fez perder o rebolado foi minha frase “não seja ridículo”. Então explico que esta é uma expressão-clichê – dura, como achei que a ocasião pedia, mas obviamente voltada contra um argumento específico e não um modo de ser na vida. “Fez de uma vida uma palavra”, você diz. Ora, isso não faz o menor sentido. Você mesmo observou que não o conheço. Mas se a frase o feriu de fato, embora não fosse essa a intenção, aceite minhas desculpas. E quanto a ‘midbrown’, acho que você quis dizer ‘middlebrow’, sem N. Significa uma pessoa de gostos culturais medianos – nem filistina nem erudita. A palavra costuma ser usada por elitistas juramentados contra quem não entende de ópera e gosta de HQ, por exemplo. De minha parte, nunca uso esse tipo de classificação. No mais, gostaria muito que esse episódio triste fosse esquecido. Abraços e boa sorte.
Espelhinho? O que mais você faria por uma resposta à altura, cara-pálida? Sinto muito, mas você ainda não encontrou o tupinambazão que anda procurando.
Obrigado, Sérgio, pela correção e por aceitar meu pedido de desculpa. Caso encerrado.
Caro Jary, li o seu “Sete Sósias” é é impressionante como alguém pode escrever tão porcamente assim. Se toda sua enorme empáfia fosse trocada por talento ainda assim não daria um escritor. Tem que reler mesmo, muitas vezes, para ver se alguma coisa você consegue tirar de tanto esforço. Boa sorte,
Li duas paginas da “amostra” de McEwan e nao achei nada interessante. Nao acho que mereça que eu invista meus parcos recursos financeiros em um livro.
Os loas sao muitos, e, sinceramente acho que tem muito incenso aqui.
Senhor Jatobá: estou pensando em rever o meu pedido de desculpas aos leitores deste blog. Ainda que meu texto mereça a mais severa das críticas (e merece, e faço questão dela), eu não mereço seu ódio. Quanto ao seu parecer, especificamente: os termos que o senhor emprega já o descredenciam. Descredenciam não só o seu parecer, mas ao senhor também (não importa quantas resenhas educadas – embora singelas, inócuas e anódinas – o senhor tenha publicado). Aliás, num passar de olhos pelos comentários vi que o seu despreparo em externar suas opiniões é bastante solidificado e que o seu ódio não tem alvo. E é bem por causa desse último quesito que não me sinto particularmente insultado pelo senhor (e também, porque não tendo ficado na fase anal, como senhor, nada vejo de mal nos porcos. Mas, vamos lá, ja que o senhor tanto implora, uma vez que não lhe serviu o Tupinambazão (quem não pratica, fatalmente desconhece o humor e a ironia), devo lhe dizer que se o meu texto é porco, é um porco com asas, enquanto seus comentários neste blog, sejam lá o bicho que forem, apenas rastejam.
Por fim: o senhor não leu “Sete Sósias”, como afirmou, simplesmente porque “Sete Sósias” não foi colocado integralmente no blog e dá para perceber claramente, pela última linha, que o texto está incompleto. Mas se lesse direito pelo menos o cabeçalho do blog, veria que do que se trata ali é de cinema e não, necessariamente de literatura. Está lá, claro: sinopses, argumentos e roteiros para curta-metragens que nunca serão feitos. O que o senhor leu, senhor Jatobá, é para ouvir (não obrigatoriamente, claro) e ver, porque o que temos ali é o monólogo de um delegado diante de um suspeito. Ainda que não tenha ficado claro até a parte postada no blog, mentes argutas inferirão que o que está acontecendo ali é uma sessão de tortura. Não vou dizer o que acontece com o nosso suspeito, mas o espectador (vá lá, o leitor também) não é obrigado a resistir. O senhor, como vimos, não resistiu. Mas também não precisava enstregar todo o seu ouro assim, senhor Jatobá.
Completo ou incompleto, Jary, não mudará o fato de que para alguém que escreve como vc escreve sua atitude é inflacionada. A questão mesmo é sua evidente falta de talento para escrita; desejo-lhe sorte, mas infelizmente, para você, alguém não terá talento apenas desejando tê-lo. E é isso. Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Caro Sérgio Rodrigues:
Disse que não voltaria por aqui, mas é claro que precisei voltar depois da agressão barata e desproporcional recebida da parte desse senhor Jatobá. Dei o nosso caso por encerrado por achar que estava de fato encerrado, mas sinto cheiro de jagunçagem no ar. Isso não é uma acusação a você. Sabe como é o voluntarismo dessa gente. De qualquer forma, se você ficou feliz e passou a confiar mais na humanidade ao ver que eu não sou o chutador de balde internético que deixei parecer (pelo que me desculpei e aceitei suas desculpas), desejo a vocêr toda a felicidade do mundo e que sua esperança na humanidade persevere, mas não é por isso que agora vou passar de chutador a balde. Não tem a menor importância o que este ou aquele ache do meu texto ou seja o que for de mim, mas respeito é bom e todos nós gostamos.
Respeito a gente faz por merecer, Jary. Você entra de sola e vai chamando todos de idiotas, inclusive uma pessoa com o Sérgio já foi meu editor aqui mesmo nesses espaço e que estimo bastante, e achei que seria divertido ler seus escritos e entender sua filosofia de vida. Alguém com a empáfia que você tem não poderia nunca escrever como você escreve. Você tem que escrever melhor e pensar melhor, pensar ao menos algo que vá além do lugar-comum, para que entre aqui e ofenda meio mundo com suas bravatas. Só isso. Espero apenas que encontre aquilo que procura em 2007; e se não encontrar, vai tentando…
Olha aqui, Jatobá, não te conheço e não aceito a sua linguagem. Volto a dizer, não importa o que você acha. Você é fraco, não saca o chiste, não segura o mote. É do tipo que finge que não ouviu. Prefere insistir na desqualificação sem argumento, no “você não tem talento”. Nem quero ter talento pra gente como você, que não sabe nem para onde está apontando o dedo. É para o todo? Muito bem, mas então faça o seu comentário sobre o todo. Mas simplesmente dizer “você não tem talento para a escrita” fica ruim para você, quando os nossos textos podem ser cotejados e o que vemos é que você não tem sintaxe própria, não tem ritmo (não segura dois compassos), não tem vocabulário, não tem repertório.
Vê se se enxerga e sai do meu pé. Já falei: não é desta vez que você encontrou o seu tão desejado Tupinambá.
Sai do meu pé, antes que eu ache que tem mais coisa aí, mocinho!
Vinicius e Jarypslon, solicito encarecidamente que, se têm contas a acertar, o façam diretamente por email ou em qualquer fórum que preferirem, sem usar para isso este espaço de comentários. Agradeço a compreensão e desejo aos dois um feliz Natal e um ótimo 2007.
A propósito, Jarypslon, não aceito sua insinuação de que tenho alguma coisa a ver com seu bate-boca com o Vinicius. Você atacou leitores também, lembra? Um deles, maior e vacinado, está revidando. É o jogo. De minha parte o caso foi encerrado, como eu disse, e encerrado permanecerá, mas sua última mensagem para mim dá a entender que talvez você não pense assim. O que lamento muito, com ou sem esperança na humanidade. Renovo o pedido aos dois para que essa troca de gentilezas termine aqui.
Enquanto os cães ladram, a caravana passa.
Boas festas para você também, Sérgio. Olha, caro, já está mais do que na hora de cada um assumir a sua parcela de responsabilidade. Pedi desculpas sim,mas não por ter atacado ninguém, mas por ter sido desastrado e provavelmente injusto em minhas críticas, a saber duas: uma ao blog, outra aos leitores. Você aceitou minhas desculpas. Eu aceitei as suas, colocadas na condicional, sem implicar confissão de erro (“mas se você ficou ofendido, aceite minhas desculpas). Não sou crítico de pedido de desculpas, aceitei e pronto e dei o caso por encerrado. Está encerrado. Se pedi a sua intervenção, foi poerq
foi porque achei que era do seu interesse. Fazê-la. Tanto que fez. Mas não insinuei nada, apenas disse que sentia cheiro de jagunçagem no ar e deixei claro que não o estava acusando, eis que esta poderia ser de algum voluntarioso de plantão. Ficou claro depois que era. O fato de o rapaz ter sido seu ex-pupilo não me leva a achar que ele é mais do que um voluntário.
Agora, não é porque dei a mão à palmatória que estou disposto a ser a palmatória desse blog.
Que, aliás, cansou. Boa sorte pra você também.
Abs, Jary. E felicidades.
Pra você também, Vinícius. Feliz 2007 e para todos deste blog.
Pra você também, Mr. J. Com muitas e divertidas leituras 🙂
Vamos passar esse episódio… há dois posts acima deste… que tal começarmos a enriquecê-los um pouco mais? Boas festas amigos leitores de gostos tão distintos quanto uma maçã é de uma melancia.